segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PRESA E PREDADOR


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noite escura
olhar tristonho
a coruja passa

o voo é leve
o vento é fresco
camundongo passa

noite escura
o vento é fresco
o galho seco

a moça assusta
olhar tristonho
a vassoura passa

a coruja passa
a vassoura passa
o gato passa
atrás do camundongo



POETA CALEIDOSCÓPICO


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o interessante do poeta é ser camaleão
é ser moleque matreiro, é ser um ancião
o poeta
pode estar vivo e recém-chegado
o poeta
pode ser mesmo um desencarnado
o poeta
pode ser rio, montanha, primavera
descrever um palácio ou uma cratera
o poeta
pode ser feliz em seus versos sonhadores
e chorar enquanto escreve seus amores

o interessante do poeta é sua inexatidão
alheio à crença ou à religião
é uma colcha de retalhos
um mosaico em frangalhos
é paz e rebelião

o interessante do poeta talvez não seja o que escreve
o que sente, o que prescreve
o interessante do poeta
é produzir o que se sente
espalhar semente do que se pode ser
estranha luz que clareia as entranhas
que celebra e sente as dores humanas
e nos revela a beleza e a magia de viver. 



domingo, 25 de novembro de 2012

O PORTADOR DA LUZ


Le Génie du Mal (Guillaume Geefs) 1843

“et habemus firmiorem propheticum sermonem cui bene facitis adtendentes quasi lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies inlucescat et lucifer oriatur in cordibus vestris”— 2 Pedro 1:19

Naquela noite houve um clarão no céu. Uma luz alva e clara explodiu no firmamento dissipando as trevas que se condensavam quase absolutas. Nas pequenas aldeias e nas grandes cidades uns poucos puderam contemplar a beleza que se irradiou como se o dia tivesse ressurgido subitamente. Alguns despertaram atônitos frente aquele estranho fenômeno. Havia uma certeza. Os deuses falavam. Não importava se Anu em seu denso bosque de cedros, se Itemu nas negras terras de Quinit, Indra ou Iaveh. O fato é que algo sobrenatural acontecia.

Desde aquela época os homens já povoavam a terra e buscavam sobrevivência de cada dia enfrentando a fome, o frio, as doenças e a morte. Desde tempos imemoriais clamavam por um lugar de paz, prosperidade e eterna bem aventurança. Aquele poderia ser o sinal esperado. Anciões e anciãs buscavam interpretar o sinal brilhante nos céus. Havia os que traçavam mapas e faziam prognósticos com sangue ou lendo as entranhas das vítimas sacrificadas. As afirmações eram contraditórias e alguns passaram a profetizar e anunciar o final dos tempos. Os deuses revoltavam-se com a fragilidade e maldade humana. 

Mas houve um rei chamado Motan, estudioso do mundo antigo e dos vaticínios que percorriam os campos e as montanhas, que atreveu-se conhecer mais do que se propagava. Foi despertado na alta madrugada para apreciar o sol que brilhava em plena noite. Olhou maravilhado para aquela luz cristalina qual um diamante. Tal qual apareceu ela se extinguiu como se nada houvesse perturbado a noite. Aquela estrela, contudo, havia se precipitado de algum canto do universo e em algum lugar havia se alojado. Refugiou-se em sua preciosa sala de tesouros. Ali estava todo o seu poder. Centenas de batalhas reuniram naquele compartimento instrumentos que roubara dos deuses. Ali estavam o tridente de Poseidon, o cinturão de Afrodite, o capacete de Hades, o arco e as flechas douradas de Apolo, o arco e as flechas prateadas de Ártemis, a lança Gungnir de Odin, o colar de Freya, entre uma dezena de outras armas. Sentia, entretanto, que em seu arsenal algo estava para ser conquistado. 

Logo os sábios lhe informaram de histórias que estavam sendo relatadas por um ermitão que vivia em uma distante montanha no reino de Acshar. Foi assim que Motan e um grupo de homens rumaram para o distante e desconhecido lugar para além dos desertos. A viagem traduzia-se pelos perigos e imprecisão do que poderia acontecer. Duhghar, o mais velho e conhecedor das línguas, viu apenas uma nuvem nebulosa e negra quando sondou o destino através de gravetos estranhamento grafados. Somente ele sabia ler o Ogham. Temeu por todos, mas o rei determinou que saíssem ao amanhecer.

Longa foi a viagem. Carregadores morreram picados por escorpiões, serpentes e aranhas. Outros com uma febre que os consumiu de forma apavorante. Os dias se fecharam negros e chuvas torrenciais buscavam desmotivá-los a continuarem a busca. Com a terra úmida e as rochas escorregadias, dois dos homens foram atraídos para um abismo enquanto atravessavam uma estreita estrada. O coche foi abandonado após o cavalo ter enlouquecido. Começara a salivar, depois se tornou inquieto, atacando algo invisível.

Aos poucos faltou a comida e a água desapareceu. Das chuvas brilhou o sol em temperaturas inenarráveis. Exaustos e certos de que iriam parecer alojaram-se em uma gruta ocultando-se daquela luz destruidora. Entre delírios sentiram mãos que lavavam suas faces, lhes saciavam a sede e davam de comer.  Oito homens de avançada idade os acolheram. Estavam na gruta do ermitão. Sorriram pacientes quando Motan anunciou-se rei e repleto de poderes que suas armas lhe conferiam.

- Estamos certos de seu poder, mas por pouco a simples luz nãos os consumiu, tornando-os simplesmente pó..., comentou um deles.

- Leve-me ao homem que sabe o segredo dessa luz! Eu a vi resplandecer na madrugada!, ordenou Motan altivo e seguro de sua missão.

- Antes disso deverá mostrar-se digno. Se aceitar as regras da ordem, poderemos levá-lo até ele, esclareceu um homem com características de um sírio.

Entre a cobiça e a indignação, Motan e seu séquito – ou o que restou dele – submeteram-se a vários trabalhos como buscar água, coletar frutos, caçar pequenos animais para o sustento coletivo, confeccionar jarros de barro e túnicas de lã. Semanas ou até meses transcorreram. A revolta e arrogância aos poucos deram espaço para certa mansidão e cultivo do silêncio. 

A madrugada estava fria quando um dos monges despertou Motan para falar com o ermitão. Estava alumiado por uma fraca fogueira e parecia concentrado em si mesmo. Tentou apresentar-se, mas foi interrompido.

- Motan é seu nome. Rei de Grofon. Ladrão dos deuses. O homem mais poderoso sobre a terra.

O rei sorriu orgulhoso e aproximou-se sentando reverente em um banco esculpido na pedra.

- Aqui está para saber da luz. Vou contar-lhe a história de um anjo. Um anjo chamado Lúcifer. Lúcifer é o mais sábio, belo e poderoso. Um querubim, na verdade. Dizem que foi esculpido pelas próprias mãos do Criador a partir do fogo primevo que deu origem ao mundo. O primeiro filho de Deus. Relata-se que possui doze asas, o que significa que pode caminhar pelas doze dimensões do Universo. Este não é o único mundo, há muitos outros, paralelos a este. Portanto não acredite que qualquer divindade tenha criado este mundo como único e exclusivo. Há onze outros. Há canais que os unem. Haverá o tempo em que será possível transitar por toda essa criação. No centro deles é que o que chamamos de Empíreo, onde os deuses habitam.

Motan estava estupefato. Seria então o mais poderoso do mundo? Como dominar todas essas dimensões?

Lendo seus pensamentos o ermitão sorriu, quase em uma gargalhada. Ajeitou-se na pedra e estendeu as mãos para aquecer-se ao fogo. Motan tentou ver-lhe o rosto, mas não conseguiu em razão das sombras e do capuço.

- Há planetas desabitados e outros em que multidões o povoam das mais diferentes maneiras. Mas domine primeiro a si mesmo antes de buscar o universo ou apenas levará destruição e desordem contigo. Lúcifer, como disse, é a mais sábia e bela criatura já criada. É o Portador da Luz. Percebendo-lhe a sabedoria e vendo-o como igual a si mesmo, o enviou através dos canais que como disse, unem os mundos. Assim foi exilado para o que se chamou sheol, o mundo dos mortos, ou se preferir o mundo dos homens. Deixou a luz onde vivia para ser um anjo caído entre nós.

- E que conhecimento é esse, sábio ermitão, que ele foi encarregado de nos ensinar?, questionou Motan assombrado.

- Ocorre que seu exílio não foi amigável quanto parece. Ele indignou-se ao ver os homens mortais, dominados pela doença e com ciclos de existência tão curtos, assim como as árvores, o verme ou o elefante. Sua revolta o fez desafiar seu próprio Criador para que fosse entregue a imortalidade.


“Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”- Gênesis 2:17

- Ousando dar o fruto do conhecimento aos homens, Lúcifer destronava os poderes celestiais. “Se provardes do fruto do conhecimento vos tornarão deuses”, disse o Criador aos primeiros homens. E assim como Prometeu roubando o fogo dos deuses, Lúcifer buscava brilhar a luz do conhecimento sobre os homens. O conhecimento é desafiador, transformador e leva o homem a conquistas que não podem ser concebidas.

- Foi então que o Criador determinou que Miguel o expulsasse definitivamente para as trevas em que orbitam os universos. Você o viu resplandecer neste planeta. Isso ocorre em ciclos, sua aparição trás novos conhecimentos ao homem.

O ermitão chamou dois outros monges para que o auxiliassem, somente então Motan percebeu que era cego.

- Como posso acessar esse conhecimento?, indagou o rei apreensivo com a despedida do ancião.

- Para conhecê-lo terá que viver muitas eras. A ignorância tentará sempre fazer submergir a luz do conhecimento, em especial pelo temor ao Criador. O medo do exílio. O medo das trevas. O medo do sheol. De nada resolverão suas armas combatendo deuses e monstros ou dominando os elementos, combata a ignorância. Deixe sua luz brilhar. Você é o mais belo e sábio filho do Criador. Se provardes do fruto do conhecimento morrerás para as trevas de si mesmo.



sábado, 24 de novembro de 2012

SOMOS


http://celteros.tumblr.com/post/21484373259

enquanto admiramos o calor do sol na praia
ele queima e castiga multidões com fome e sede

enquanto nos banhamos na fria e cristalina cachoeira
rebentações assolam populações e afogam cidades

enquanto  celebramos o nascimento
outros choram a despedida

o mundo se constrói de luzes e sombras
dores e prazeres
somos isso.


SEQUESTRADOR DE MIM

http://greendestroyed.tumblr.com/post/33629474194

tantas vezes criamos cárceres para nós mesmos
o silêncio imobilizador
a omissão decidida
a prorrogação da realização de sonhos
a desistência de valores
encapuzados para o mundo e para nós mesmos
caminhos com comandos acionados
por vozes de tantos
por registros milenares
por medos incomensuráveis
por preconceitos incompreensíveis
pela ignorância do que somos

tantas vezes criamos cárceres para nós mesmos
aprisionamos a vida
amarguramos desejos
adiamos felicidades
que por sua natureza passageira se dilui sem ser tocada

as horas passam sôfregas e ilusórias
finda a tarde
finda o dia
findam os aprazíveis ciclos da vida

resta o cárcere da tumba
o silêncio imobilizador
a omissão decidida
a prorrogação da realização de sonhos
a desistência de valores
encapuzados para o mundo e para nós mesmos

tantas vezes criamos cárceres
para nós e para os outros


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

PASSOS VACILANTES


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estranho meu vagar sonolento
vago enquanto penso
entre devaneios poéticos
danço em meus passos lentos
olho a rua e o zanzar dos carros
ruídos roucos que pouco ouço
atento às nuvens e aos pássaros
passam alto num voo em v
de vitória, de viagem, de vastidão
de um céu azul que mal percebo
sei do sol por sua claridade inconfundível
mas ele não me importa
importam-me meus passos vacilantes
não vejo flores, apenas muros cinzentos
nuvens alvas e cintilantes
gente distraída que passa confusa
desatenta, introspectiva e muda
estranho meu vagar sem pressa
todos rumam para o mesmo lugar
por isso nada me estressa
faz-se preciso beber aos goles lentos 
sem se apressar...


terça-feira, 20 de novembro de 2012

TÃO TOLO QUANTO A RIMA


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sonhos de avelã
doce beijo de romã
embaixo do flamboyant
flores vermelhas sem perfume
sem perfume aquele beijo
doçura inodora
ardume que efervesce o sangue
me faz tolo qual siri no mangue
andando de um lado a outro
sem sentido e absorto
vago meio vivo e meio morto
buscando aquela romã
pra desfalecer no seu corpo
com cheiro de hortelã


VERMELHO


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gotas ígneas escorreram de meus olhos
embraseados pelo calor contundente
das lágrimas corrosivas em doce mirolho
faces em rusgas estradas cavadas pelo tempo
sonhos de Pégaso em flamejante semente
bolas de sabão como sonhos reluzentes
frágeis pensamentos que se diluem ao vento
beijo estranho que estalam nos lábios
mornos e sensuais de seu louco movimento

ali na esquina vi um gato preto
luzes rubras de um carro apressado
um beijo, entre as sombras, apaixonado
e a lua ígnea pulsando solitária

vermelha a rosa do jardim
inodora e matreira
dançando tola com o vento
que eleva em carmesim poeira

meus olhos vermelhos
inchados
um cisco ou poeira?  

Uma lágrima que se perdeu desconsolada
buscando inutilmente ser amada
num impulso suicida se lança ao solo
mas como em calefação
mal toca o chão
e se levanta 
ascendendo aos céus
prece ou decepção?

mais uma vez abandonada
entre nuvens rarefeita
se cansa pesada
com sereno se assemelha
em gotas na rosa vermelha



sábado, 17 de novembro de 2012

PUERIL


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penso, olhando as nuvens, modeladas em flocos de algodão doce
figuras que digladiam ferozes e seres pacíficos que fazem pose
o vento as arrasta, aquém dos desejos delas, as tinge plúmbeas,
douradas, alaranjadas, vermelhas e lilases ou negras como tumbas
o fundo azul também oscila é safira, turquesa ou turmalina
se oculta entre elas ou se cobre de renda em breu eterno
brinco com as imagens, as cores e as texturas, desmancho figuras,
as faço renascer, há um poder criador em mim modelando os céus,
vejo neles o que desejar, posso a tudo manipular,
de terríveis procelas  a uma exibição mágica de eletricidade
de gongos e zabumbas, a deuses resmungões e iracundos,
entre as nuvens leves, fluidas, alvas, qual turíbulo em incensos pelos céus
suaves e sutis, gordas e pesadas, se arrastam elas – as nuvens – pelo chão
do firmamento, modelado há tanto tempo, por mãos que não querem se mostrar;
além desses céus, outros céus, talvez sem nuvens,
são as nuvens as detentoras da vida?
talvez em outro planeta, outro tolo como eu, desenha nuvens e deuses,
brinca de escultor e ri de sua própria puerilidade.


SEMENTE

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silêncio calmo e a tarde quente
remexo a terra úmida e negra
do vaso e nele deixo a semente
a semente está repleta de sonhos
há sonhos, há expectativas, há desejos
nela deponho gotas de futuro
num doce beijo de esperança
o sol arde reluzente e impiedoso
leve e maternal acaricia a semente
poderá crescer, florescer, dar frutos
seu broto poderá durar apenas uns minutos
quem sabe o que lhe é reservado?
posso zelar terno e compassivo
mas se este não for o seu destino
qualquer brisa a condena...


A GARÇA

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cristalino o rio passa
passa fazendo graça
em sua brisa ritmada e fria
areia branca em passos cintila
e os peixes brotam entusiasmados
a samambaia balouça leve
e como brisa segue a bailar
breve vem a cachoeira
em estampido se lança
convidando-me a contradança
para nela me lançar
águas frias
frias águas de meu rio
lama cinza, areia branca
a garça olha o peixe distraído

passa a graça e eu olho a garça


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

E para quem não conhece, fica a dica: Geraldo Santana



http://www.tribunademinas.com.br/cultura/biografia-de-geraldo-santana-e-lancada-hoje-1.1064071


Dias de hoje: construção de novos saberes através de novas metodologias


http://companheirodavida.blogspot.com.br/2012/01/acredita-que-os-gatos-tem-um-poder-o.html

“A aprendizagem da aranha não é para a mosca”
Henri Michaux

Um dos grandes desafios ao se buscar unir as duas pontas do processo, gerando o circuito ensinar e aprender, além das diferenças individuais, de maturidade e expectativa, níveis diversificados na formação geral e motivação bastante particulares, está o próprio processo de recuperação da aprendizagem. Indiscutível que hoje nossos alunos possuem um perfil muito diferente daqueles com os quais nos deparamos no passado, portanto inútil se faz o saudosismo. Mas no meu tempo! Pensar na formação do aluno nos dias atuais, seja na educação acadêmica ou profissional, faz-se pensar de forma implícita a recuperação. Exclamações exasperadas como “nossos alunos sabem cada vez menos”, “chegam cada vez menos preparados”, ou ainda expressões mais contundentes como “não sabem nada” muitas vezes recheiam o intervalo da sala dos professores, nas reuniões de Conselho de Classe e outros momentos em que mais de um docente se encontram reunidos em conversa informal. O desabafo desponta.

Inegável que diante do avanço tecnológico e a expansão da educação, através de diferentes mecanismos para democratização do ensino, algumas pessoas antes excluídas do processo, passaram a ocupar os bancos escolares. A necessidade e a exigência cada vez maior de escolaridade também forçou muitas pessoas a retornarem e a buscarem seus certificados e diplomas. As turmas, assim se heterogeneizaram, de maneira que podemos encontrar sentados lado a lado, em um mesmo módulo e curso, alunos de dezesseis e cinquenta e oito anos. Esse novo perfil, naturalmente obriga o docente a rever metodologias e mecanismos de monitoramento da aprendizagem.

A inserção de metodologias ativas deu uma importante abertura ao docente permitindo estabelecer discussões e convocar todos os alunos a uma posição operante, cooperativa e colaborativa, compartilhando e socializando informações. Brainstorming, Brainswritting, Scamper, PNI (positivo, negativo, interessante), Mindstorming, além de uma releitura dos debates, seminários e visitas técnicas monitoradas geram um momento de construção de saberes, valorizando conhecimentos acumulados de cada aluno. Esses mecanismos impulsionam a contextualização e naturalmente “prendem a atenção” do aluno, pois ele próprio vai esculpindo ou tecendo os conceitos, princípios e bases que constituirão o alicerce de seu aprendizado. Vezes muitas as Danças Circulares Sagradas, Seis Chapéus, Mapas Mentais e Método do arco vão ressignificando o processo de ensinar e aprender. Um outro ângulo no processo que extrapola os rigores da aula expositiva e dialogada. 

A Resolução n.º 02, de 30/01/2012, expõe o currículo em uma perspectiva dinâmica, conforme reproduzimos:
“O currículo é conceituado como a proposta de ação educativa constituída pela seleção de conhecimentos construídos pela sociedade, expressando-se por práticas escolares que se desdobram em torno de conhecimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades e condições cognitivas e sócio-afetivas.”
Tais meios de explorar os temas estudados também valorizam abordar um mesmo assunto sob vários olhares, favorecendo o processo de recuperação, sem recorrer-se às tradicionais provas ou a criação do famoso cenário onde “hoje é recuperação” ou “semana de recuperação”. A recuperação é o tempo todo, adentrando trilhas e descobrindo caminhos férteis de serem explorados. Se o aluno deixa de ser curioso no processo de aprendizagem, ele pouco aprende.

Teorias importantes como a das “Inteligências Múltiplas” mostra-nos uma nova forma de ver a aprendizagem e nos despertar algumas outras preocupações. Avanços da neurociência e neurolinguística também fornecem relevantes subsídios para o educador de hoje.

Há tempos se fala em gerar problematização que crie interesse no aluno, a fomentação de projetos interdisciplinares que lhe permitam romper o cerco cimentado e compartimentalizado dos Componentes Curriculares, pressupostos de uma concepção newtoniana-cartesiana, e enxergar o mundo como um belíssimo crochê, uma renda de bilros, repleto de conhecimentos consolidados pelo tempo e outros a serem questionados e outros ainda a serem descobertos, mantidos ocultos no véu da ignorância. Aguardando mãos hábeis que lhes dê luz. O professor, como tecelão de inteligências, com a agulha especial de sua sensibilidade vai produzindo os trançados para que o mais belo artesanato se materialize.

De alguma maneira ainda lidamos com o aluno reféns da etimologia da palavra. Do grego “sem luz”. Esse conceito parece abastecer e imantar algumas ideias sobre o ato de ensinar. Similar a ideia do aluno tabula rasa, de John Locke. O termo, contudo, vem do latim – alumnus – e significa “discípulo”, derivando do verbo alére, ou seja, “fazer crescer, nutrir, desenvolver, sustentar, fortalecer”. O aluno-discípulo nos propicia uma visão maior do que se tivéssemos diante de nós um ser sem luz.

O processo de ensinar e aprender, tendo muito claro que a recuperação da aprendizagem está intrínseca, nos direciona a colocar o Plano de Trabalho Docente, Plano Pedagógico ou Plano de Aula, não importa o nome que se dê, a um lugar de destaque e se faz merecedor de cuidadosa elaboração. Alguns vínculos devem ser estabelecidos. Naturalmente esse Plano ou Projeto estreita-se com o Projeto Político Pedagógico da Escola, com as orientações contidas no Plano de Curso – caso haja -, e apoia-se em diferentes legislações como a Resolução n.º 02, de 30/01/2012  que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, e uma consistente análise de indicadores e perfil da turma. Informações e dados preciosos para que o docente se aproxime do grande trabalho que busca realizar e sua reflexão sobre os caminhos mais propícios para que tenha êxito.

Obviamente, a educação não tem receitas. Inclusive, é sempre interessante pensar, que uma mesma receita de bolos, distribuída aleatoriamente, também produzirá bolos distintos. Há variáveis como o clima, a temperatura do forno, o tempo em que foi batido, a inserção dos ingredientes, além das características pessoais levando alguns a rechearem, outros não e surgem aqui diferentes recheios e coberturas. É preciso respeitar-se as características e especificidades, daí o estudo sugerido do perfil, indicadores e avaliação diagnóstica.
Um vídeo que deve ser visto e analisado pelos educadores é “Vida de Maria”, facilmente encontrado no Youtube. Recomenda-se sua reflexão. Atingimos um momento ímpar da história da educação. Mergulhados em muitas teorias de ensino e de aprendizagem, friccionados por diferentes filosofias educacionais, o docente hoje encontra – mais do que nunca – o desafio da sala de aula. Interesses diversos se movimentam no âmago da sala de aula. Alunos desejos de aprender. Alunos em busca de um diploma ou certificado. Alunos absortos e alheios ao seu próprio futuro. 

Enquanto isso a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seu inciso III, artigo 13, nos conclama a zelarmos pela aprendizagem dos alunos. Reforço que para que se alcance nosso objetivo enquanto educadores repensar práticas se faz sine qua non, permitindo releituras de metodologias e sistemas de avaliação até então adotados.

Há uma pequena estória que pode ilustrar muito bem esta situação. Certa vez um rapaz, recém casado, foi pescar com amigos e conseguiu fisgar um grande peixe. Orgulhoso dirigiu-se para casa e solicitou a esposa que o fizesse assado, ansioso em ver seu troféu exposto na mesa de refeições. No momento de saborear o peixe decepcionou-se ao ver que a esposa havia cortado a cabeça e a cauda, reduzindo-o consideravelmente e lançando fora partes que gostaria de comer. Ao ser questionada a esposa respondeu que aprendera a fazer o peixe com sua mãe e não sabia as razões de se cortar a cabeça e a cauda. Indignado o moço procurou a sogra que lhe explicou também desconhecer o motivo, pois aprendera com sua mãe. O rapaz e a moça foram então até a casa da avó a fim de esclarecer tal enigma. A senhora sorriu e disse: “É que quando me casei, tínhamos apenas uma assadeira muito pequena e como o peixe não cabia inteiro eu cortava a cabeça e a cauda”.

Em nossas práticas escolares muitas vezes o fato se repete. Não existe uma prévia intenção de causar danos, nem de se realizar um trabalho sem profundidade, o que existe é a repetição de conceitos, ideias e paradigmas em que insistimos cultuar, muitas vezes sem saber por quê, despreocupados de como ocorre a aprendizagem, como se estruturam nossos pensamentos, o que fazemos com a informação que recebemos enquanto olhamos ao professor que expõe sua aula.

Assim urge um trabalho sistematizado que de um lado se identifiquem causas e por outro aponte caminhos, viáveis e exequíveis, para a prática cotidiana do ensinar e aprender.

Quando tratamos do ensinar e do aprender, ambos não se encontram, necessariamente interligados. O docente adentra a sala, muitas vezes com a aula a seu entender muito bem elaborada, explica, fala, comenta, argumenta, expõe, insiste e chega à sala dos professores altamente realizado pela brilhante aula ministrada. Tal entusiasmo se dilui drasticamente após uma prova escrita, por exemplo. Ele estava tão ansioso na busca do ensinar que se esqueceu do laço com o aprender. E o laço se alarga ainda mais quando pensamos do processo de recuperação.

Nosso processo de ensinar, nada mais é do que um contínuo processo de aprendizagem. O educador de hoje está modelando um novo processo educacional. Está revendo formas, descobrindo cores, recuperando valores, talhando uma maneira inusitada de ensinar amparado pelas novas bases dos mecanismos de se aprender. 

Podemos citar como extremamente atual uma das sábias frases de Confúcio ”o que eu ouço, eu esqueço; o que eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu aprendo”. Talvez as duas pontas que estejamos tentando unir, com tantas dificuldades, estejamos segurando em nossas mãos.

Acesse:


NAMMU


http://mitographos.blogspot.com.br/2011/05/nammu.html

Os pedriscos do asfalto saltitaram em ruído de estilhaços quando os pneus passaram céleres. A estrada solitária seguia longa, mergulhada na escuridão densa da noite. Já não era possível distinguir a bela paisagem que a região ostentava. Seguimos em frente, aparentemente sem rumo, dada a ausência de sinalização. Sabíamos a direção e nosso objetivo: chegar a pequena casa de Fernando Volgo, nosso amigo, distanciados logo após a conclusão da faculdade. Estudamos juntos. Ele era da turma de Engenharia Civil e nós, que agora lotávamos o carro, havíamos estudado Arquitetura, Ciências Sociais, Economia e Jornalismo. Desde o falecimento dos pais passara a cuidar dos negócios da família e se isolara naquele ambiente bucólico, que em alguns momentos interpretamos como hostil. No carro estava eu, Denis, acompanhado por Giulia, Paolo e Emerson. Houve um inicial arrependimento pelo horário em que saímos de casa, tendo agora que vagar naquele betume eterno. Céu sem lua e sem estrelas. Silêncio de um mausoléu nos circundando.

Chegamos à casa na madrugada alta. Emerson correu abrir a pesada porteira que dava acesso a uma estradinha mal cuidada e assombrada por árvores gigantescas e imóveis, parecendo estranhar a presença daquela forma de vida por ali. Apenas o ronco do motor. Mais nada. Nem latido de cachorro o que seria comum nessas paragens isoladas. Por fim, vislumbramos luzes em uma casa. A construção antiga, colonial, destacava-se pelo bom gosto e ainda se projetava majestosa cercada por jardins repletos de arbustos e estátuas identificáveis pela silhueta de sombras. Fernando nos recebeu eufórico, com brados e saudações intermináveis ferindo a quietude do local. Dois quartos haviam sido reservados, modestamente decorados, mas confortáveis e limpos, com um suave odor de alfazema.

 Acordamos tarde, despertados pelo apetitoso odor de pão feito em casa. Flutuamos até a cozinha onde fomos apresentados a Dona Margarida, já idosa e que acompanhava a família desde que Fernando era bebê de colo. Entre risos e conversas simultâneas, buscávamos atualizar todas as informações possíveis. 

- Não seria interessante ter um cão pelo menos nesse lugar tão afastado?, questionou Giulia, um pouco incomodada pela floresta que nos engolia.

- Tínhamos e o encontramos morto, totalmente esfacelado, certamente por algum animal selvagem. Era um pastor alemão. Nós o chamávamos de Noel. Agora preciso de um outro,- esclareceu Fernando ainda chocado.

Divagamos sobre como era perigoso viver ali, mas Fernando sempre tinha resposta para tudo e nos convenceu apontando que há perigo em todos os lugares. A cidade hoje não é menos perigosa, alertou.
Durante o dia ocupamo-nos em reconhecer o lugar, visitar o pomar saboreando algumas jabuticabas e goiabas, tomar sol e rir muito, matando a saudade dos velhos tempos de faculdade. O dia voou como um gavião. 

Havíamos acabado de deitar quando ouvimos um grande alvoroço na pocilga. À princípio ficamos paralisados pelo susto e pelo medo, em seguida Fernando, Emerson, Paolo e eu, munidos de lanternas arriscamo-nos a correr até o chavascal. À medida que nos aproximávamos os sons se calavam, retornando ao silêncio costumeiro. A cena era aterradora. Vários cachaços mortos. O sangue nutria a lama. Olhamos embasbacados e sem haver o que se fazer retornamos a casa, mudos e pensativos, temendo tecer comentários. De qualquer forma, havia um grande animal por ali.

Armado, Fernando nos convidou para monitorar a área, deveria haver vestígios da fera. Pegadas, manchas de sangue, pelos ou qualquer outras pista que pudesse nos levar a ela. Dona Margarida rogou que não adentrássemos a mata. Era perigoso. O animal parecia ser feroz, pois em pouco tempo assolava o que encontrava pela frente. Mediante a insistência de Fernando, calou-se compassiva, embora ansiosa e preocupada, ajoelhando-se junto a uma escultura de madeira, desgastada, representando São Bento

Logo na entrada da floresta Giulia reclamou das urtigas que a fustigavam impiedosamente. Rimos muito. Paolo escorregou o lodo e por pouco não desceu precipício abaixo. Emerson ao apoiar-se em um galho agarrou uma taturana, produzindo violenta dor e inchaço na mão. A mata era agressiva. Não haviam pegadas ou qualquer sinal de que um grande animal houvesse passado por ali. Vez ou outra macacos prego e maritacas faziam-se notar, com seus sons inequívocos, ou um tatu passava ágil por entre as folhas secas armazenadas pelo chão úmido. Sentamo-nos na tentativa de entender o animal que atacava  a propriedade. Um lobo? Uma onça? Que animal de grande porte teria força suficiente para esquartejar um pastor alemão e três cachaços?

Retornamos sentindo certa impotência, desalentados e cabisbaixos. Dona Margarida se benzeu dezenas de vezes, saudando grande parte do hagiológio. Sentamo-nos à mesa, já no meio da tarde, onde farta refeição nos foi servida, reavivando-nos. 

Os dias se passaram sem que outras ocorrências fossem anotadas. Satisfeito o animal poderia ter ido embora. Mas ele nos sondava atento. Na realidade em momento algum se afastara de nós. Estava aprendendo nossos hábitos, conhecendo nossas reações, estudando nosso comportamento. Era inteligente. Pensava, raciocinava, planejava. Os primeiros a se verem frente a frente com ele foi Emerson e Giulia. Distanciaram-se para namorarem sossegados. De entre os arbustos emergiu o estranho ser. Um predador faminto. Os pés possuíam cinco dedos, sendo três para frente e dois atrás. Do dedo do meio - da frente- desabrochou uma unha afiada que rasgou Giulia ao meio do pescoço para baixo. Ele farejou e enfiou a mão no interior dela arrancando um feto que se desenvolvia. Filho de Emerson. O moço estava aterrorizado, pensou em avançar sobre aquele monstro, mas uniu todas as suas forças para correr. Procurou não olhar para trás. Mas não foi seguido.

Adentrou a casa alvo e trêmulo. Socorrido, desmaiou. Despertou em choque recolhendo-se a um canto do quarto. Estático e de olhos arregalados. Dona Margarida, aos berros, anunciou que encontrara o corpo. Todos corriam risco agora. Não era possível entender se ele se alimentava de alguma parte dos sacrifícios ou se matava pelo prazer de matar.

Passamos momentos desesperadores procurando evitar que Emerson fugisse, o busca peremptoriamente, até que resolvemos trancá-lo no quarto para sua segurança. 

Diante da situação esmagadora, Dona Margarida decidiu contar coisas que guardava dentro de si. Residia ali desde há muito tempo, com a família Volgo, e sabia que algo ruim habitava as matas. Era costume do velho Volney, pai de Fernando, abandonar uma porca, uma cabrita ou um bezerro na floresta. Esse pacto mudo fazia com que a criatura não se aproximasse. Com sua morte e não sendo mais realizada a oferta, faminto o ser se viu no direito de cobrar o trato. Revelou que o vira algumas vezes. Tinha a pele rugosa, a base de queratina ao que se parece, e coloração oscilante, podendo mimetizar-se, confundindo-se com arbustos, rochedos e troncos. Muito lento no caminhar, atento e  perspicaz. Parecia identificar a presa pelo movimento, embora o olfato fosse apurado. Caminhava arcado, na forma de um orangotango. Sua arma mais potente demonstrava ser a unha do pé, embora fosse capaz de queimar quem o tocasse e esguichar como uma naja cegando o inimigo. O Sr. Volney fez vários desenhos dele. Se encontravam em uma caixa que Dona Margarida apresentou. Havia pedido que nunca revelasse. Embora muito contasse, Dona Margarida parecia ocultar muito mais dentro de si. Apenas comentou que Fernando estaria protegido, mas todos corriam grande perigo.

Fomos nos deitar temerosos. A criatura poderia estar dentro da casa. Esgueirando-se e nos espreitando sem que pudéssemos perceber. E este raciocínio estava correto. Alta madrugada, gritos, móveis sendo derrubados e Emerson destroçado. De súbito decidimos voltar para a cidade, extremamente distante dali. Os pneus do carro estavam rasgados. Ele sabia que tentaríamos fugir e nos fazia reféns. Fernando entregou-me uma arma. Haviam duas apenas. Pediu que atirasse mediante qualquer movimento, por isso deveríamos permanecer juntos, evitando nos ferirmos mutuamente. Não de morou para percebêssemos sua presença. Nos surpreendeu por trás, arrancando a espinha dorsal de Paolo num só golpe. Esbofeteou-me lançando-me de encontro a parede. 

Quando despertei o vi com Dona Margarida entre os braços. Ele a queimava com seus pelos urticantes. Disparei vários tiros e creio que o atingi, pois a deixou agonizante no chão e disparou para a floresta, rompendo o vidro da janela. Vi seu sangue amarelado pingando pelo chão. Fernando havia sido arremessado para trás do sofá e vê-lo foi um grande alívio. 

O dia clareava e estávamos exaustos, mas precisávamos encontrar aquele ser estranho. Resolvemos estudar os manuscritos de Volney, na ânsia de identificarmos a vulnerabilidade do monstro e destruí-lo definitivamente. Dentre as anotações e desenhos estava um prolongado estudo sobre a antiga deusa sumeriana Nammu, uma deusa sem cônjuge, mãe de todas as fontes de vida. As figuras se assemelhavam suscitando que Volney cogitava estar diante da deusa.

Saímos decididos a exterminá-la. A floresta nos engoliu rapidamente, cercando-nos do ruído de grilos e cigarras. Nossos corpos, flagelados por espinheiros, clamavam por descanso. O desejo de vingança, contudo nos dominava. Próximos à cachoeira como que golpeado, Fernando foi lançado abaixo, mergulhando nas águas frias e profundas do rio. Fui arrebatado até uma gruta próxima. Sentindo-me sufocado, como que por um gás tóxico, desmaiei.

Fernando estapeou-me para que eu acordasse. Acordei como de um profundo sono. Estava nu, mas não me importei com isso. Parecia estar aéreo, vazio, sem pensamentos. Havia um estranho silêncio dentro de mim. Apoiei-me para me levantar. Ouvimos, então, um urro gutural. Deixamos a caverna. Seria inútil tentarmos vencer aquele ser. Fernando não comentou por que desistira.

Seguimos à cavalo até a cidade onde comunicamos a carnificina. As investigações prosseguem sem prosperarem. Fernando contou-me que passou a ouvir sons assustadores vindos da mata.

Na gruta, Nammu rugia dando a luz a um ser meio humano e meio fantástico. Estando no período de acasalamento, em seu ciclo de duzentos e trinta e sete anos, encontrara em mim os genes para sua cria. Fernando presenciara a tudo. Era nosso silêncio.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Agenda 2013


Estou participando da Agenda 2013 da Celeiro de Escritores.
Garanta a sua!

www.celeirodeescritores.org



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

LINHA DO TEMPO - por Geraldo Gabriel Bossini

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LINHA DO TEMPO QUE NÃO VOLTA MAIS
 GRANDES CAMINHADAS COM OS AMIGOS
INESQUECÍVEIS  PASSEIOS COM OS AVÓS
SORVETE NA PRAÇA
 VIDA QUE NÃO VOLTA MAIS
SONHOS QUE ESTAVAM VOANDO E  NÃO POUSARAM
 VIDA BOA DE UM TEMPO QUE NÃO VOLTA MAIS
OS GRANDES E DESCONTRAÍDOS CARNAVAIS
 LINHA DO TEMPO QUE ESTÁ INDO E VOLTANDO
AO MESMO TEMPO
SEGUE ADIANTE E NÃO VOLTA MAIS

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CONVERSAS PRA JOGAR FORA

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por vezes escrevo o que nada se diz
a tal conversa pra passar o tempo
o que se fala do outro ao pé do ouvido
o riso engolido pra fingir-se de sarcasmo
aqueles longos discursos aprumados e aplaudidos
que não falam nada tipo vento
mas arrancam tolo entusiasmo
o que se diz de tal poema?
o que ele conta?  o que ele revela?
uma denúncia? uma quimera?
o tal segredo da megera...
pode-se falar muito e não falar nada
uma tal de marmelada
por vezes escrevo o que nada se diz
e há quem o adivinhe, desnude, traduza as entrelinhas
jogo pra gastar o tempo
como quem brinca de amarelinha
por vezes escrevo o que nada se diz
como se faz pro passatempo


QUEIMADURA NO ESTÔMAGO




fotosbossini.blogspot.com

quero arder-me em chamas esotéricas
nauseabundas e urticantes
coçam-me elas deslizantes
queimando numa dança imortal
venenos que me correm nas veias
visões plácidas e etéreas do infernal

vou consumir-te em minhas pupilas
bebendo tua alma em goles secos
e brindo a noite e os morcegos
iluminada ela por ávida fogueira

ah ! ilusões de uma batata doce entre as brasas
sabores cinzentos no estômago vazio
arregalados olhos e saltitante ardência em que me tragas
explode-me em traques de salão dormentes e macios

quero arder-me em chamas apaixonadas
qual fogo que me consuma
além de uma junina festividade
para salvar-te da tormentosa bruma
em contrita humildade
não a batata doce
mas Eurídice qual Orfeu


Livros que li recentemente

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CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Voo da Cotovia

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Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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O Conto Brasileiro Hoje

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