segunda-feira, 22 de novembro de 2010

RITMO NOTURNO

Flor oculta que emerge do canto
Que se enrola no ritmo
Que dança no breu da noite
Como fada encantada
Entre as brumas que emergem do lago
Tão quieto

Som que nasce no Congo
Que dispara em encantos
Lago profundo
Que reflete a lua

Te espero
Numa erupção frenética

Me socorre e me acalenta
Me morde
Me lambe
Me beija
Me domina

Numa rede de aranhas
Com fios de seda
E suor condensado
Num grito aguçado

Som que nasce no Congo
Que dispara em encantos
Lago profundo
Que reflete a lua

Lança-me um beijo
Noturno
Uiva, explode em êxtase
E extravasa

Não existo
Me ergo do pó da vida
Nesse ínfimo instante
Calado, taciturno, distante

Em meio a floresta te vejo
Me acaricia
Me sinta
Me deixa

ÉBANO

Foi estranho
Você olhou e sorriu
Num efervescente ciclone de emoções
Você olhou no meu olhar
Vagou destemido em mim
E entendeu...
Fui algemado por sua pele negra, brilhante, escura...
Condenado a sentir-te onde quer que eu esteja
Misterioso fluido que o coração bombeia...
Minhas pupilas percorrem seu corpo
Despindo cada peça de seu vestuário
Sem nenhum pudor
Sem você perceber...
E mesmo que tudo ocorra só no pensamento
Sinto o tremular de meus músculos...
O suor sedento que
Talvez nunca te toque
Nem sinta o sabor ébano de sua boca
Mas a cada noite
Você se aconchega em meus delírios
Calados, secretos, sombrios.

VELUDO

Minhas mãos tateiam
com a maciez do algodão o seu corpo
o silêncio de um ar sufocado
ouço ...
sons audíveis de encanto
num veludo que escorre num campo de pelúcia
com cheiro de mirra...
trêmulo respirar de um beijo
morno, lânguido
veludo molhado
de luar
que respinga como suor
em seu corpo
que se solta
como vento nas colinas...
eu olho.

INSANO

Sentido sem sentido
Vaga a vida
Em caminhos, curvas e paradas
Chove, venta, queima o sol
No granizo que o céu lança de súbito
Desperto entre lúcido e insano
E penso...penso...
Penso no nada que a vida traga
Que porto é esse ? Que minha pobre caravela encosta ?
Areia que chicoteia
Nuvem que abafa
Sorriso que esconde a lágrima
Que se evapora antes de se desbarrancar pelo meu rosto.
Rosto no espelho
Entre sulcos e manchas que a epiderme guarda...
Vida vaga.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A VESPA

O homem e o beiço
O beiço e a vespa
A vespa e o beijo
O beijo e a dor
A dor e o prazer
O prazer e a vida
A vida e a morte
A morte e o mistério
O mistério e o vazio
O vazio e o nada
O nada e o tudo
O tudo e o espaço
O espaço no buraco
Criado pela vespa.

FIM DA PICADA

A vespa picou o rapaz e seus lábios ficaram grossos, carnudos, sensuais.
Lábios latejantes buscando prazer na dor.
A beleza se transforma.
Que beiço feio, menino !
Põe a faca, põe chá de canela, põe gelo e sal com vinagre !
Foi se engraçar com aquela garota de cinturinha fina, levou !
Da próxima vez aquieta o facho e sossega.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A CLAREIRA

Seguia pela rua de pedra admirando a placidez da noite e o vôo silencioso dos morcegos ao redor das árvores. Silêncio tumular, ferido somente pelo latido distante de um cão aparentemente enorme enjaulado em alguma casa não distante dali. A praça deserta, o vento varrendo as folhas secas. Contam que ali fora um cemitério quando a cidade brotava engolida entre as montanhas.
Respirei fundo para sentir a madrugada. Em breve estaria em casa e a vida retornaria a sua monotonia infernal. A cama, a estante, o criado-mudo com uma foto, as paredes manchadas pelas infiltrações. A vida sem sentido: acordar, ir para o trabalho, engolir sapos, ir para a escola...afinal, precisamos ser alguém na vida. E agora, saindo da escola me dou o direito de solitária vagar um pouco, eu comigo mesma, apenas eu e a noite, sem barzinhos, sem conversa furada, sem correr atrás de meninos bonitos para satisfazer um instante obsoleto de minha vida.
Vida ! Como se eu pudesse chamar isso de vida.
Enfim a casa e o mísero quartinho em que me escondo.
- Sai pra lá, Bóris !
Sempre sou recepcionada pelo estrondoso viralata, anunciando minha chegada a vizinhança.
Não tardou a chuva e o sono.
O relógio rimbombou pelo aposento. Hora do trabalho. Entrar no escritório turbulento, telefones, monitores e o corre-corre atropelado de gente carregada de papéis.
Olavo Zanton é o mais novo funcionário. Zanton como prefere ser chamado. Parece amigável, mas é reservado, quieto, de poucas palavras.
- Você é Zaíra, não é ? Da recepção ?, perguntou-me ele buscando ser gentil.
- Sim, faço o atendimento. Você não é daqui ? – perguntei buscando alongar um pouco o assunto enquanto enchia um copinho com café.
- Devia evitar o café..., disse apontando para o copinho num gesto risonho e discriminador, - é...fui transferido, quis respirar um pouco, sair do sufoco da grande cidade.
- Então você vai gostar daqui, monotonia é o que não falta.
- Você podia me apresentar a cidade, não conheço ninguém e muito menos onde estou.
- E aceitou vir para um lugar que nem conhece ?
- Aventura ! Posso esperar você quando sairmos ? De repente estou aqui por sua causa...e isso não é uma cantada !
- Não !, respondi olhando-o nos olhos.
- Oh ! Você é direta !
- Não, exatamente. Saindo daqui vou para a escola. A gente se vê quando eu sair de lá. Espere-me em frente ao portão. É a única escola, você não terá dificuldades em encontrá-la.
O dia correu rápido e não de morou para que eu avistasse Zanton me aguardando diante do velho portão.
- E então, para onde vamos ?, disse ele olhando os reflexos da lua escondida entre as nuvens.
- Hum, tenho um lugar que gosto, mas talvez não lhe agrade, caso esteja pensando em um barzinho.
- Na verdade, passaria a noite caminhando..., comentou ele em fina sintonia com meus sentimentos.
- Vamos, então...
Levei-o a praça, soturna e isolada, do antigo cemitério.
O cenário era o mesmo: as imensas árvores com suas raízes caminhando sobre a terra, os bancos ocultos na penumbra, o vento cantando entre os galhos. Zanton parecia-me hipnótico. Conversamos por horas a fio, sentados no gelado banco, apartados do mundo. Em pouco tempo sabíamos muitos detalhes de um e de outro. Mas algo nele ainda era enigmático.
Nossa presença no banco cativo tornou-se freqüente. Papos intermináveis e animados se sucediam, até que o assunto voltou-se para religião:
- Em que você acredita ?, disparou ele em determinado momento.
- Hum, não sei. Mas acho que deve existir algo maior, mas não vou dizer que realmente acredito. E você ?
- Acredito em muita coisa...o mundo é cheio de mistérios. Deuses, anjos, espíritos e demônios se esbarram a todo momento.
- Jura ?! Não vai me falar em assombrações, vampiros e lobisomens ! Falando sério, você segue qual religião ?
- Todas e nenhuma.
- Como assim ?
- Os antigos deuses ainda reinam, assim como aqueles vinculados às crenças atuais. E ainda aqueles que ainda vão emergir...
- Mas hoje ninguém acredita mais nisso...
- Muitos sabem que existem, sim, e os cultuam. Osíris, Baal, Ishtar, deuses de todas as civilizações...podem ser conectados.
- Achei que hoje eles só existissem nas aulas de História !
- Os deuses são eternos...
Zanton levou-me a um bosque ali próximo (para quem não conhecia nada dali, ele estava um GPS incrível). A clareira era magnífica, parecia acolher a lua cheia em plenitude. Acendeu uma fogueira. A lenha já estava ali disposta aguardando nossa chegada. Retirou do bolso um saquinho de tecido e aspergiu o pó sobre as chamas quentes e azuladas. Pediu que eu apenas observasse e que, em hipótese alguma, saísse dali. Na clareira estaria segura e protegida.
Ajoelhou-se no centro do círculo formado por imensas árvores. Pareceu tornar-se de cera. Um vento forte agitou as folhagens e passei a ouvir passos estalando galhos secos no breu do bosque. Gradualmente foi se despindo enquanto pronunciava palavras estranhas num tom lamentoso e ritmado. Ouvi um estrondo que me abalou, meu coração começou a pulsar sofregamente e tive vontade de sair em disparada, mas me contive, não iria me aventurar naquela escuridão.
A lua pareceu situar-se exatamente onde estávamos. Tive a nítida impressão de alguém estar parado atrás de mim. Não ousei olhar para trás.
Zanton levantou-se e ergueu os braços clamando por algo. A lua encobriu-se, as chamas da fogueira oscilavam gerando luz e total escuridão. Foi num desses momentos em que sucedendo as trevas, o fogo ergueu-se e vi um homem muito alto, de cabelos longos e esvoaçantes, também nu, diante de meu amigo. Ao lado desse homem havia um lobo de olhos chamejantes. O homem olhou-me entrando pelos meus olhos como lâmina afiadíssima e congelando minha alma. Comecei a tremer intensamente, mas estava paralisada.
Outro vacilar do fogo e Zanton estava só, ajoelhado.
Novamente vieram palavras desconexas e vibrantes, como um agradecimento ou algo assim.
Lentamente levantou-se, vestiu-se e disse-me que podíamos ir. Permaneceu em completo silêncio e disse-me que nada havia a temer.
Estava muito curiosa para interrogá-lo. Após o medo, passei a me interessar profundamente e imaginei poder conectar-me com uma divindade.
Zanton era muito querido por todos, havia uma sedução natural nele. Transmitia confiança e até dependência. Culto, inteligente e “na dele”, sabia ouvir e aconselhar, com a experiência de alguém muito velho, apesar de sua pouca idade. Algumas pessoas do trabalho diziam que era a reencarnação de alguém já evoluído.
Em uma das noites em que ia me buscar para conversarmos pude apresentar um colega de classe, Thiago, um loirinho de olhos bem azuis. Não demorou para que formássemos um trio, sempre juntos, bastando nos aproximarmos para surgir inúmeras brincadeiras descontraídas.
Percebi que havia algo mais entre Zanton e Thiago. À princípio julguei ser ciúme de minha parte, mas aos poucos percebi que não era impressão ou encucação minha.
Zanton contou-me que aquele homem que eu vira na clareira era um vampiro e que ele também era, que ele se alimentava da energia de algumas pessoas. Explicou-me que tinha uma alimentação normal como qualquer pessoa, mas precisava de outros fluidos para manter-se jovem, lépido e eterno.
Achei fascinante, mas não acreditei em uma só palavra. Ele era cheio de brincadeiras.
Naquela noite foram para a clareira apenas ele e Thiago.
Thiago estava apaixonado, mas não era essa a palavra. Estava alucinado, pensava fixamente em Zanton e parecia regredir em todas as outras coisas: na escola, no trabalho, nas metas de vida. Eu que me sentia até então tão sem objetivos, tinha o efeito contrário, sonhava cada vez mais e me sentia incrivelmente feliz.
Conheci um rapaz, cliente do escritório, e combinamos sair. Resolvi dar uma chance a mim mesma. Ser normal, como toda e qualquer garota, embora com o coração apertado, pois deixaria de ver Zanton naquela noite e isso me torturava.
Meu encontro com o cliente foi intenso, sexual, ardente. Sentia-me revitalizada, viva. Thiago comentou que eu estava estranhamente linda. Zanton olhou-me e sorriu dizendo “que é assim que começa”.
Soube que Zanton saía eventualmente com outros rapazes, mas mantive o segredo para não ferir Thiago. Estranhamente comecei a sentir essa necessidade: a de deixar fluir a luxúria. Tinha a impressão de poder sentir o cheiro das pessoas e identificar se seria um bom parceiro ou não.
Curiosamente notei que as pessoas começavam a perceber-me, a conversar mais, a reconhecer meus progressos e minhas vitórias...meu chefe até prometeu que eu subiria de cargo.
- O que está acontecendo comigo ?, indaguei Zanton enquanto me ajeitava entre as raízes de uma grande árvore.
- Algo mais aconteceu naquela noite na clareira...você foi apresentada e aceitou “fazer parte do grupo”.
- Não me lembro de nada disso...apenas fiquei petrificada. Fiquei morrendo de medo.
Zanton levantou-se e colocou o polegar entre as minhas sombrancelhas.
- Feche os olhos e se lembre - ordenou ele.
Imediatamente muitas cenas começaram a pulular diante de mim. Vi o vampiro aproximar-se e olhar-me fixamente. Vi, então, que eu estava nua no centro da clareira deixando-me penetrar por ele, em muitas posições, enquanto o vento chicoteava o fogo. Ele beijava meu pescoço e o prazer era intenso, como nunca havia experimentado.
- Isso é o que você faz com as pessoas agora, comentou ele sorrindo enquanto voltava a se sentar no banco de cimento. Isso é o que faço. Através da energia emanada pelo sexo nos alimentamos, além do sangue. Mas isso não é promiscuidade, nem se preocupe porque você não vai viver pensando “só nisso”. Será sempre um ritual mágico, em que você assume sua eternidade.
- Sangue ?, questionei sem entender.
- Você não beija o pescoço, você bebe o sangue. O sangue vivo e pulsante. É isso que revitaliza...
- Eu não faço isso...protestei indignada.
- Ainda não conscientemente, mas o fará...vaticinou Zanton com segurança.
- O Thiago também ? – perguntei interessada.
- Não, ele é apenas alimento. Você saberá quando deve trazer alguém para o grupo.
- Mas não sei fazer aqueles rituais, não tenho o conhecimento que você tem. Sou apenas alguém que ralo no trabalho durante o dia e faço o Ensino Médio à noite...
-...e caça de madrugada ! Não se preocupe, após mim você conhecerá outro que a instruirá em outras artes...já chegou minha transferência, vou para outra cidade...
- Você não pode deixar-me, deixar o Thiago...
- Os vampiros são solitários, embora vivam momentamente com seu grupo. Em breve você conhecerá o seu...
Já fazia um mês que Zanton havia ido embora quando encontraram Thiago boiando no rio que corta a cidade. Eu, por minha vez, voltei ao meu retiro cotidiano, cortado eventualmente por um momento mais ardente com alguém.
Respirei fundo para sentir a madrugada. Em breve estaria em casa e a vida retornaria a sua monotonia infernal. A cama, a estante, o criado-mudo com uma foto, as paredes manchadas pelas infiltrações. A vida sem sentido: acordar, ir para o trabalho, engolir sapos, ir para a escola...afinal, precisamos ser alguém na vida. E agora, saindo da escola me dou o direito de solitária vagar um pouco, eu comigo mesma, apenas eu e a noite, sem barzinhos, sem as conversas alegres com Zanton, caçando às vezes meninos bonitos para satisfazer um instante obsoleto de minha vida.
Ali estava eu diante da praça do cemitério, mais uma vez solitária e desesperançosa. Foi quando um homem já idoso se aproximou:
- Como está garota ? Zanton disse que iria me encontrar, não disse ? Então vem comigo. Está na hora de você se tornar realmente vampira.

FLAUTA DE PÃ

Sorri o sorriso dos deuses
Dos bem-aventurados, dos iluminados,
Enigmático, santificado e feroz,
Entre odores de crisântemos e adelfas,
Cantarolando nos muros ovais da vida
Olhando o mundo sob os olhos distantes
De Hórus, de Zeus, de Shiva e Baal
Tantos que já passaram por aqui
Os que reinam hoje
Serão contos pagãos do amanhã
Ouço a lépida flauta de Pã ressoar
Nos bosques obscuros  e silentes
Pássaro de Ossayn que sobrevoa o caos
Dentre folhas de cores tantas
E tantos valores
Ressurge inolvidável e pura
A mão nívea que acalenta o canto
Musas distraídas que se divertem
Como iara entre as flores dos aguapés
Deusa alada da fortuna
Nos caminhos fartos de Ishtar
Caminhante da humanidade
Vapores do que se foi
Na metamorfose camaleônica
Do então.

CINZAS AO VENTO

Sou livre como o vento
Percorrendo montanhas, pastagens e acampamentos
Assim vivo e tento
Espalhando sorriso e lamento
Entre bosques e alamedas
Que se contorcem nos limites severos
Das prisões

Vento, ah o vento
Brisa em seu acalento
Viragem
Tufão
Pensamento
Turbilhão de idéias e comportamentos

Vento
Quisera acompanhar-te entre tantos recantos
E tornar a vida um encanto

Silencioso, parco ou barulhento
Vento
Molhado
Num manto de areia
Coberto de folhas

Redemoinho gigante
Eólico
Em puro movimento
És o vento

Quando morrer quero minhas cinzas
Lançadas ao vento
E viajarei por terras que não pude conhecer

Vou provar aromas
Tocar flores e pântanos
Escalar barrancos
Tocar as nuvens
Beijar o cume das montanhas
E mergulhar no mar
Para que numa onda barulhenta
Surja e desapareça
No ciclo infindável da vida.

MEU TEMPO

Tempo
O pó do tempo
O silêncio ruidoso do tempo
Tempo de minha infância
Dos beijos, esporinhas e margaridas no jardim
Dos abacateiros, goiabeiras e roseiras
Das cercas de bambu
Cobertas de amor-agarradinho
Que o tempo levou
Lembranças do tempo
Um tempo que resiste em se diluir no tempo
Tempo este que passará
Emergindo um outro tempo
Ou o mesmo tempo
No tempo em que esse novo tempo se faz
Penso no tempo
Sem ter tempo para tanta coisa
Mas ali está o tempo
Como serpente hipnotizando cada momento
Passado, presente e futuro
Onde está cada um deles no tempo ?
Nas linhas das mãos
No arquétipo dos deuses
Na bola de cristal
No baralho sobre a mesa
No olhar quieto e sarcástico do tempo...

VENTO DO MAR

Eu não vi o mar
Nem pude me encantar com o canto
Tão belo e hipnótico da sereia
No encontro lúgubre das ondas e das rochas
Batuque matreiro na beira do mar
Seu corpo de areia que me assanha
Como aranha sacudindo a teia
No sopro do vento
Que levanta a onda
Do mar
O seu cheiro que se confunde com a maresia
Das rosas vermelhas
Enfeitando a renda das espumas
Você se desnuda
Areia que reluz a lua
Quero ser tua
No horizonte do mar
Onde o sol beija a praia
Lampeja teu corpo
E me faz delirar
Ah! O mar
O mar feiticeiro
Moleque fagueiro
Me deixa sonhar...

MEMÓRIAS

Pobres sinos
Quando o ribombar do bronze
Agia na alma
Tocava os corações
Traduzia em sinais
Seu ressoar metálico

Catedral altiva e bela
De esmagadora beleza
Altiva, inóspita, eterna
Poder sobre deuses e homens

Catedral, poder fortuito,
Denunciando o poder dos deuses sobre tudo
Ou da classe sacerdotal neste mundo
Onde nada é gratuito

Façam tocar os sinos
E despertar as catedrais
Os deuses se silenciaram
Esperando um novo tempo
Esperando outros deuses
Esperando outros homens

O altar da vida é a consciência
Atenta, misericordiosa e cruel
Santa e demoníaca
Traduzida em tantos nomes
Na memória infalível do tempo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

MADRUGADA FRIA

“Beberiquei orvalhos, na cafeteira da madrugada”
“O caçador de ausências”/Mia Couto

            O dia passou rápido e os ruídos sofreram a transmutação do crepúsculo. Deixando-se varrer para dentro das sombras da noite. A lua me fitava altiva, fria com seu descaso corriqueiro de quem apenas desfila na passarela ebúrnea do tempo sem olhar para os expectadores.
            Seguia eu também meu caminho comum, aquela mesma rua, os mesmos botecos já suspendendo as portas, um menino mal trajado pedindo moedas. Meu caminho. Caminho esse que se revelava tão particular a cada instante: quando irritado eu seguia sempre encontrava uma pedra para quase torcer o pé, um nível mais elevado da calçada para tropeçar, um bêbado inconveniente para perturbar. Outras vezes era possível identificar o canto solitário de um sabiá laranjeira entre as poucas árvores que lhe restavam, uma criança fazendo estrepolias aplaudida pela mãe coruja, a alegria de cruzar com tantos olhares e belezas diversas. Outras tantas vezes tudo parece indiferente e a única coisa que desejo é chegar em casa e me esquecer.
            A noite avançava destemida e um vento suave e fresco passava roçando todo meu corpo. Beijei a noite. Beijei-a escandalosamente. Deixei-me senti-la. Não tinha estrelas. De longe vinha o som de algum lugar onde tocava um samba de roda. Em um barzinho pessoas conversavam animadamente saboreando uma cerveja gelada. Eu estava só. Eu e a noite. A solidão, contudo, não era depressiva, mostrava-se repleta de virtudes.
            Decidi sentar-me. Pedir um lanche nesses traillers, atraído pelo cheiro de bacon que alfinetava a todos que passavam. Lá vai um x-bacon e uma cerveja, uma latinha. Sorte encontrar algo a essas horas. A mulher cansada e com todos os odores pelo corpo, ainda buscava servir-me com presteza e atenção.
            As trevas da noite atingiam seu ápice e uma garoa fina saltitava sobre a terra. Sorri analisando aquele meu momento, só meu. Em breve outro dia iria se precipitar trazendo suas próprias emoções e acontecimentos.
            Achei por bem curtir a madrugada. Sorvê-la. Do meu jeito, do jeito que pude fazê-la feliz.

CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Edições Costelas felinas

Voo da Cotovia

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Celeiro de Escritores

Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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Literacidade

O Conto Brasileiro Hoje

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RG Editores

4ª Antologia da ALAF

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