segunda-feira, 25 de abril de 2011

BEIJO DOCE, DOCE BEIJO


beijo o beijo doce
como o mel dos rododendros
saboroso e alucinante
que saboreio
roçando a língua em meus lábios

teus lábios doces

doçura que me envolve
e revolve
canto do uirapuru
que ouço
nas profundezas de mim

floresta selvagem e oculta
paititi que busco
sôfrego e desesperado
em ti
em mim
em todos
todos os lugares e pessoas
que como canoas seguem o rio misterioso da vida

beijo doce
o da morte
lâmina afiada e sem corte
rompe, separa, extirpa, consome
a árvore, os sóis, o bicho e o homem

meus olhos entreabertos
cospem o fel do mel doce e puro
que escorre de minhas entranhas
já apodrecidas

doce
doces são os sonhos, as fantasias, as esperas
o amor que se foi e não aconteceu
o beijo roubado
no escaninho da noite

sabor doce na boca
beijo doce.


Figura extraída de: 

MORRE SAI BABA

“Ler apenas não é o suficiente; vocês podem dominar todos os comentários sobre as Escrituras e podem estar aptos a argumentar e discutir com grandes eruditos sobre estes textos; mas sem colocar em prática o que eles ensinam, isto é uma perda de tempo.”

ADOTE...



"Se quiser aprender a amar, comece pelos animais; eles são mais sensíveis." (George Gurdjieff)

terça-feira, 19 de abril de 2011

PARA BATIZAR FALE COM A PESSOA CERTA E DA FORMA CORRETA


Num domingo pela manhã, o gaúcho chega em uma igreja com o um belo cavalo. Procura o padre e diz:

-Bá, tchê! Vim aqui para batizar o meu cavalo.

-Batizar um cavalo? Estás maluco? De forma nenhuma eu vou fazer isso!

-Que pena, tchê. – responde o gaúcho - Eu até trouxe dez mil pra pagar pelo batismo, mas tudo bem, se não é possível, eu vou embora.

-Calma, calma. Deixe-me pensar, afinal os animais também são crias do Divino. Eu acho que, na verdade, pensando bem, no final das contas, qual o problema de um cavalo ser batizado, não é mesmo?

-Que bom, tchê. Falou o gaúcho que entrou na igreja com o cavalo, o batizou e pagou os dez mil ao vigário.

Quando ele ia saindo o padre o grita:

-Ei, gaúcho! Não va te esquecer que, logo, tu tens que trazer o bicho para ser crismado!

Acesse:

http://www.piadasweb.com
http://www.blogdomadeira.com.br

SANGUÍNEO


seu toque pulsou-me a artéria
latejante
gotejante
quente que escorre em sangue
rubi pulsante
que eu bebo
na concha do teu colo
a artéria e a concha
conchas adoradas pelos incas
presente em teu corpo
que sugo
pele rosácea, rubra, acobreada
em veias gordas
corpo esponjoso
dentes que cravam famintos
de prazer
no delírio extremo
das realidades
dos sonhos
das fantasias
das vontades
das ilusões
que movem as almas
para o infinito.

domingo, 17 de abril de 2011

O TESOURO DOS KRENAC

O tempo era de turbulências desde que homens brancos haviam chegado. Corriam notícias de massacres, de aldeias queimadas e populações dizimadas. Tudo parecia estar inquieto e pairava no ar um estranho odor de perigo. Qualquer ruído gerava preocupações e cuidados. Era preciso proteger a aldeia. Era preciso proteger o tesouro. O urutau falava de extermínio, de destruição, de dias difíceis que iriam assolar a aldeia. Os tókon, através dos velhos pajés, alertavam que todos deveriam estar unidos e lutar, e os nanitiong falavam de mortes, de doenças e fome.
Não demorou chegar o aviso de que homens se aproximavam. Eram mais de cem. Iam munidos de armas superiores aos tacapes, flechas e zarabatanas. Caminhavam devassando a selva e ceifando vidas, com o prazer único de matar. Seguiam movidos pela ambição do ouro, das pedras preciosas e se dirigiam para a aldeia Krenac, a tribo lendária que possuía tesouros muito mais preciosos.
Inácio Manoel, português, de gênio forte e alterado, liderava a caravana com mão de ferro. Treinara seus homens para que fossem cruéis, os sentimentos haviam sido extirpados durante os treinamentos, permitindo que homens, mulheres, velhos e crianças pudessem ser assassinados sem misericórdia. Incentivava-os na conquista de riquezas sem fim que os aguardavam. Aqueles povos primitivos, selvagens, não passavam de animais, que deviam ser eliminados, com o apoio e bênçãos da Santa Igreja.
Mediante a pressão e a proximidade dos homens de Inácio Manoel a organização e a paz local foi alterada. Inácio contava com um grupo de pessoas mal sucedidas que encontraram ali a oportunidade de conquistas que pudessem dar a elas dinheiro e renome. Um misto apurado de incapacidades pessoais, vaidades, frustrações, indecisões eram motores para que fossem facilmente conduzidos.
O conflito era inevitável. Aproximando-se da aldeia uma chacina foi iniciada, sob os clamores de todos louvando D. João III e a bandeira de Cristo. Gradualmente corpos se amontoavam. Quatro anciãs do grupo foram capturadas para que revelassem o local onde o tesouro estava escondido. Eram as detentoras de todo conhecimento. Foram duramente torturadas. A mais velha, pairando os cem anos, falou com as outras três e entendeu ser o momento de indicar-lhes o que possuíam e zelavam com tanto amor. A cobiça acendeu-se a todos. Um tesouro cujo valor era maior que o próprio ouro.
As anciãs mais uma vez se entreolharam. Sabiam que seria a última vez. O segredo de centenas de anos seria revelado. Apontaram para junto de uma árvore muito contorcida, escamosa e que denotava estar ali há séculos. Puseram a escavar na terra. Alguns homens as empurraram assumindo a função de desenterrar o fabuloso tesouro. Lentamente emergiram do solo três vasos de cerâmica ricamente adornados. Tendo os valiosos vasos em mãos imediatamente Inácio fez sinal que as mulheres fossem eliminadas.
Ansioso arrebentou o invólucro que mantinha a tampa presa ao vaso. Dentro do primeiro vaso, ornamentado com turquesas, encontrou um pergaminho contendo a inscrição:


tlaixtililistli

O segundo caso, decorado com esmeraldas, também trazia um pergaminho onde podia-se ver outra inscrição misteriosa:

 
tlaxokamalkayotl

A curiosidade e ansiedade tomou conta de todos. Certamente as palavras unidas deveriam revelar o lugar de um tesouro ainda maior. O terceiro vaso vinha incrustrado com ametistas belamente polidas. Violentamente desfechou um golpe no terceiro vaso, desejando ardentemente conhecer o conteúdo. Outro pergaminho e outra inscrição:

tlasojtlalistli

Retornando a Lisboa Inácio presenteou o Rei com os pergaminhos. Os vasos ele já havia vendido por algumas moedas. Colocava-se a disposição para localizar o tesouro cujos pergaminhos anunciavam. Imediatamente o rei chamou seus mais competentes homens para que decifrassem o enigma dos Krenac. Entusiasmado pelas idéias de uma cidade revestida de ouro, determinou que apresentassem o significado daqueles escritos o mais breve possível.

Homens atravessaram madrugadas buscando encontrar um significado para as misteriosas palavras. Estavam desalentados e receosos de enfrentarem a fúria do Rei, quando um deles lembrou-se de uma anciã, que diziam possuir poderes mágicos e capaz de falar em qualquer língua, inclusive a língua dos animais. Era uma bruxa, poderosa e temida. Seu nome era Nanaime. Diziam ter mais de mil anos.

A aparência da mulher demonstrava claramente que o tempo a abandonara. Olhou inquieta os três pergaminhos, roçando suas unhas pontiagudas sobre as palavras. Falou-se consigo mesma várias vezes e disse conhecer o significado delas. A língua é dos seres da natureza e é muito antiga.

Inácio a ameaçou furiosamente para que revelasse o que constava ali, mas a bruxa pareceu não esboçar qualquer reação de medo, fitando-o friamente, ignorando seus gestos. A morte não era algo que temia.

- Sabe que posso matá-la !, reverberou impaciente.

- Sabe que posso morrer com o mistério aqui revelado...apenas direi o que elas falam a nosso Rei, o Piedoso.

Vendo-se acuado, Inácio providenciou uma audiência. A sós a mulher entrou no gabinete do Rei. Passou quase uma hora e ela retirou-se olhando fixamente para cada um. A revelação deveria custar sua proteção num momento em que a Inquisição prosperava.

Em sua sala o Rei olhava pela janela segurando firmemente os manuscritos. Em cada um deles havia um tesouro inigualável, realmente mais valioso que o ouro, diamantes ou qualquer outro bem material. O primeiro pergaminho trazia consigo a palavra RESPEITO, o segundo GRATIDÃO e o terceiro AMOR.

D. João abriu a bíblia, vacilante e inseguro. Gálatas enunciou: “...mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. “. Não foi possível conter as lágrimas. Mas já era tarde, muitas pessoas foram exterminadas para que ele se apropriasse do que há de maior, que somente o espírito poderá carregar onde quer que vá, sem o risco de que salteadores os levem. O tesouro dos Krenac revelava a superioridade daquele povo, já quase totalmente desaparecido.

sábado, 16 de abril de 2011

ABDUÇÃO



“E enviarei sobre vós a fome, e as feras que te desfilharão; e a peste e o sangue passarão por ti; e trarei a espada sobre ti.” - Ezequiel 5-17

O beijo frio da noite pousou sobre os meus lábios secos e entreabertos. O vento vagava incerto por entre as árvores sacudindo levemente os galhos e arrastando algumas folhas leves, já amareladas, umedecidas, mortas. Ruas desertas, silêncio árido de uma tumba abandonada pelo tempo, rasgado apenas pelo uivo de um cão em algum quintal distante dali. Havia um amargor em minha boca, como seu eu tivesse mascado alcaçuz. Meus olhos recusavam-se abrir, parecia esgotado, esvaziado de minha energia vital, minha alma perambulava em algum lugar desligada do corpo.
A penumbra dominara totalmente o quarto, mal podendo divisar o guarda-roupas, o criado-mudo entre a bagunça de roupas que se juntaram após o uso, a escrivaninha povoada de livros e as cadeiras, três ao todo, equilibrando uma dezena de itens que foram sendo sobrepostos e esquecidos. Satã, também parecia ter sido capturado por aquele terrível torpor e jazia adormecido enrodilhado sobre o cobertor, mal sendo possível identificá-lo.
Olhei a janela arqueada, guilhotina, semi-portuguesa como se quisesse falar comigo. Espantosamente abriu-se sem que eu pudesse refletir. Satã, num salto retirou-se do quarto, invadindo o corredor e mergulhando na escuridão. Apoiado com duas garras afiadas na janela, um vulto me olhava. Seus olhos emanavam uma luz âmbar. Exalava um odor acre que impregnou todo o ambiente, dando-me náuseas. Sentei-me na cama unindo os joelhos ao peito e mantendo-me coberto enquanto a estranha figurava se aproximava. Farejou o quarto como se buscasse algo em particular. Caminhou até ficar pesadamente diante de mim. O corpo era humano, e como estava nu, verificava-se que era masculino, embora com todas a aparência do lendário Kawekaweau, da tribo maori, da Nova Zelândia. Sua língua bifurcada quase tocou a ponta do meu nariz, congelado pelo pavor.
Sua mão calosa arrancou o cobertor que me protegia, deixando-me totalmente exposto. Farejou-me mais uma vez. Um forte golpe fez com que eu desmaiasse.
Acordei assustado e confuso. Estava em um espaço amplo, pouco iluminado, um luz de um verde musgo mantinha o local para que não pudesse ser avaliado. Levantei-me tateando quando notei não estar só. Havia outras pessoas comigo. Pessoas com muito medo, talvez em estado de choque. Aos poucos notei estarem aprisionadas pessoas de diferentes nacionalidades. Um rapaz agarrou-se ao meu calcanhar e pediu que eu me sentasse, estava correndo risco e não devia me evidenciar.
Estávamos naquele quarto com que finalidade ? Capturados por quem e para que ? Todos rogavam que eu me silenciasse, que não os atraísse para junto deles.

“Assim perecerá a fuga ao ágil; nem o forte corroborará a sua força, nem o poderoso livrará a sua vida”. Amós 2-14

O clamor das pessoas não me detiveram. Esmurrei as paredes e a possível porta, gritei, chutei e garanti a todos que não ficaríamos presos por muito tempo. Todos me olhavam com desalento e comiseração. Procurei insuflá-los, estimulá-los a se unirem e brigar por nossa liberdade. Minha valentia prosseguiu até que um ranger demonstrou que a porta havia sido aberta. Três daquelas criaturas entraram. Fui atingido por um raio violeta que me derrubou. Estava acordado, mas paralisado. O indicador de um deles afundou-se em meu peito, fazendo com que sua unha pontiaguda criasse uma tatuagem dolorida. Sentia o sangue quente escorrer. Desmaiei.
Fui levado para trabalhos pesados, sempre acompanhado pelos olhos atentos de um encarregado para me vigiar. Cada vacilo e eu recebia uma descarga elétrica. A tarefa era transportar animais, pessoas, pedras, troncos de árvores para dentro da nave. Estávamos sendo capturados para trabalharmos como escravos. Eles coletavam o que achavam interessante para suas pesquisas.
De volta à nave notei que os escravos também atendiam aos apetites sexuais daqueles seres e outros eram simplesmente dissecados para estudos ou estavam em jaulas para experiências científicas. Minhas forças e coragem cederam, contava exclusivamente com a sorte e ela parecia ter me abandonado. Fui lançado em outro alojamento, junto com aqueles que faziam o trabalho de transportar as coletas.
As pessoas não sabiam há quanto tempo estavam lá, haviam perdido completamente a noção temporal e para todos parecia que tudo acontecera há muito tempo, pois o trabalho desgastante os consumia e fazia as horas correrem imperceptíveis.
Recebemos um tipo de ração, como a de cachorro, mas do tamanho de uvas. O sabor, levemente salgado permitia que não sofrêssemos tanto para deglutir. Depois recebemos um frasco um líquido viscoso, esbranquiçado. Após bebê-lo a sede sempre cessava, embora desde que fomos escravizados, nunca tomamos água.
Percebi que cada quarto era destinado para um grupo: os que faziam o carregamento, os destinados à pesquisa, aqueles que seriam usados para os prazeres, os que eram levados ao planeta deles para diferentes tarefas. Para que possamos ter referências digamos que era um luxo ter uma mucama de outro planeta. Na verdade o homem pode diferenciar-se na cor da pele, na religião, ou no planeta em que vive – são sempre iguais em suas expectativas, suas buscas, seus interesses. Cada vez que era convocado para um trabalho tentava lembrar de todos que já foram aprisionados um dia por “semelhantes” para tarefas tão singulares.
O que nos faz sentir superiores, fazia também com que aqueles seres tivessem a liberdade de voar, em impressionante velocidade, e nos capturar. Entendi tantos casos de pessoas desaparecidas e que sumiram sem deixar pistas. Nesse momento, pessoas também me procuravam e inúmeras hipóteses estavam sendo levantadas...sem que nenhuma pudesse realmente definir para onde fui e porque não deixei informações para onde pudesse ter ido.

“Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e os tropeços juntamente com os ímpios; e exterminarei os homens de sobre a terra, diz o SENHOR.” Sofonias 1-3

Em meus momentos de sossego enquanto me alimentava deixava-me passear sobre tantas coisas que antes desprezava e ironizava como ovnis, chupacabras, final dos tempos. Talvez faltasse pouco para que a Terra fosse colonizada. Ainda não havia surgido um Alexandre, o Grande, extraterrestre, e por enquanto avaliavam os ambientes, coletavam vegetação, animais e humanos testando sua resistência e utilidade.
Diante de minha exaustão certa vez fui duramente punido, com vários choques, raramente nos tocavam fisicamente. A violência era dissimulada. Usavam armas e artefatos muito elaborados e muito convincentes, de maneira que buscávamos extrair toda nossa energia para que não precisássemos se punidos. Mas em alguns momentos o corpo não respondia.
Foi num momento desses que uma reptiliana os interceptou. Ordenou que fosse conduzido para a nave. Lá fui tratado, cuidado como um nobre. Recebi um traje de um tecido muito fino, leve, de alguma fibra que não teria como definir. As mucamas me levaram até a “mulher” que olhou-me com curiosidade, como se apreciasse jóias na H.Stern. Fez sinal que eu me despisse e pareceu decepcionar-se um pouco. Avaliou-me e entendi o que buscava. Fiz o possível para que me aprovasse e incluísse em seu séquito, afinal seria muito bem tratado e receberia inúmeros privilégios.

“Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu tornará, indo-se como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão” – Eclesiastes 5 -15

Um grupo de moças que pareciam trabalhar para a cortesã já há algum tempo conduziram-me para outro aposento. Havia ali catorze homens. Não foi difícil entender o critério de seleção que ela utilizava. De qualquer forma, foram dias mais amenos. Recebíamos mais vezes a ração, acompanhada de outras barras de fibras saborosas e outros sucos. Agora fazia parte da elite.
Oque não sabia é que tanto bom tratamento objetivava uma diversão maior. Em certo momento eu e Rainar fomos levados para um espaço muito amplo. Uma sala com arquibancadas. Recebemos duas armas. Seríamos ali gladiadores. Apenas não sabia até onde aquilo iria caminhar.
Um mestre de cerimõnias de sinal que iniciássemos. Estávamos evitando utilizar a arma por desconhecer sua potência. Lutamos violentamente para delírio dos espectadores. Até o ponto em que num golpe o derrubei. O que aparentava ser o mais importante do grupo levantou-se e dois escravos correram para junto de mim entregando-me uma outra arma. Compreendi que deveria usá-la, pressionado pelos dois brutamontes.
Disparei o raio contra o meu opositor, estendido no chão frio. Ele foi se deteriorando rapidamente, como se algo fosse consumindo seu corpo, até que apenas uma poça de uma lama negra permancesse. Era o que restava dele. Se eu tivesse perdido, seria eu que estaria ali.
Provavelmente por semanas permaneci recluso, juntamente com os treze companheiros. Eventualmente um ou outro era chamado. Um dia a porta abriu-se e recebemos novo companheiro, finlandês pelas características. Muitas vezes foi convocado, gerando um certo ciúme ou inveja de todos.

“Olhei de noite, e vi um homem montado num cavalo vermelho; e ele estava parado entre as murtas que estavam na baixada; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, malhados e brancos.” – Zacarias 1-8

Um estrondo na porta levou-me para uma sala similar a um laboratório. Passei a ocupar um espaço restrito, cuidadosamente organizado para que eu tivesse conforto. Dali podia ver a agitação dos seres analisando espécimes animais, vegetais e minerais das mais diversas, muitas totalmente desconhecidas por mim. Pelo que notei estava ali para experiências genéticas, buscavam unir seres de planetas diferentes para que suportassem as caracterísitcas dos lugares por onde passavam. Evidenciou-se para mim que tinham interesses maiores. Precisavam de seres resistentes, prontos para se instalarem onde desejassem.
Causou-me espanto a rigorosa pesquisa. Interessavam-se não apenas pela planta e sua composição química, utilização terapêutica, por exemplo, mas principalmente capturarem o elemental da planta. Pude, então, entender o complexo significado das fadas, gnomos, ondinas, salamandras e tantos outros que julguei serem apenas contos infantis. Estavam ali, diante de meus olhos, curando, transformando elementos, alterando características, comunicando-se com aqueles seres muito mais evoluídos tecnologicamente.
Há quanto tempo estariam realizando estas viagens, talvez até em contato com povos ancestrais, daí tantos registros, construções, acontecimentos, mistérios que não sabemos explicar e que desafiam os maiores e ilustres pesquisadores.
Quem seriam os antigos deuses, demônios, anjos, seres míticos presentes em quase todas as culturas ? Eles estavam diante de mim. Donos de um conhecimento fabuloso, possivelmente compartilhado em algum aspecto com nossos antepassados. Já podem ter tido seu domínio sobre a terra e por alguma razão retornaram aos locais de seu nascimento ou origem.
Algo dentro de mim fez com que os reverenciasse. Em muito eram idênticos a nós, em outros estavam a milhões de anos luz adiante. Curiosos pela vida, pelos seus segredos, em uma ávida e incessante busca pelo conhecimento destinaram suas vidas a descobertas. Havia uma comunhão espiritual, uma harmonia indescritível com a essência dos elementos. Nossos antigos alquimistas iriam extasiar-se diante de tantos caminhos e revelações. Por minha mente passavam os grandes templos egípcios, Uxmal, as linhas de Nazca, o complexo de Newgrange, entre tantos outros. Também surpreendi-me ao perceber que cada um daqueles seres possuía um elemental, anjo de guarda, nawal, espírito protetor ou qualquer nome que se dê que eventualmente apareciam reluzentes acompanhando-os.
Somente após muito tempo percebi que a sociedade era matriarcal, rigidamente liderada por aquela me escolhera. Era como uma abelha rainha, mantendo sua colméia ativa, produtiva e organizada.
Uma gelatina acre levou-me a um profundo sono. Acordei em meu quarto. Satã, meu gatinho preguiçoso apenas olhou-me, voltando ao sono. Nada me recordava. As lembranças de minha vivência na nave ficaram perdidas em minha memória, assim como as ações deles ocultaram-se na memória do tempo. Somente através de sessões de hipnose posso retornar àqueles momentos e buscar resgatar o que realmente aconteceu. Um exame de raio x revelou que há um pequeno pino, talvez um chip em meu cérebro, mas de nada me lembro sobre isso.
Após as parcas lembranças percebi a importância de repensarmos nossa relação com a natureza, os quatro elementos, os seres indeléveis que volitam ao nosso redor totalmente ignorados pela cegueira de nossa auto-importância e auto-suficiência. Sou outra pessoa agora.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A NINFA

Sentado no banco tosco talhado na madeira de uma majestosa árvore que reinara há centenas de anos naquele sítio, uma paineira que cedeu espaço para a construção do galpão, já não mais utilizado, permito-me voltar ao passado. De alguma maneira a árvore resiste ao tempo impondo sua presença, mesmo que calada servindo-me de assento. Olho as acácias ao redor da grande casa, onde tantas histórias se sucederam, tantos acontecimentos que povoaram a minha vida e a vida daqueles com os quais pude conviver. O mugido dos bois não distantes são um alento, uma música suave que ameniza as dores já prementes e as saudades longínquas que como a paineira perdeu o elo que separa o ontem e o amanhã.
Aos oitenta e dois anos tenho a felicidade de rememorar cenas e pessoas, a transformação da paisagem algumas vezes imposta por minhas próprias mãos, exceto um espaço reservado e guardado, protegido como o antigo Éden, como os sapais da Mesopotâmia, um recanto de delícias e acontecimentos que mudaram o rumo de minha vida.
Nascido e criado no rigor dos conceitos do homem rude do campo, aprendi a ser forte, a cumprir as tarefas que me competiam. Aos treze anos estava capinando, rachando lenha, cavalgando, acompanhado de meu pai e integrando-me ao grupo de peões, alimentando conceitos e conversas de macho. Distanciei-me da cozinha da casa, do zelo da mãe, tornando-me até grosseiro, inconscientemente restringindo a mulher a algumas tarefas quase sempre de apoio, serviços e subalternas à pujança masculina.
Havia um lugar que me permitia renovar-me, reabastecer-me, dissolver um pouco as agruras do trabalho e aliviar-me das pressões, cobranças e exigências e responsabilidades de ser homem, obrigando-me algumas vezes a ocultar tantas emoções, sentimentos, desejos. Momentos em que desejava abraçar minha mãe, beijá-la, acariciar-lhe os cabelos já enevoados, mas atitudes de fraqueza poderiam gerar ironias, zombarias e até repreensões pelos companheiros. O lugar era paradisíaco, um córrego de águas muito límpidas, sempre geladas, alimentava as muitas vegetações e saciava a sede de animais dos mais diversos tipos. Ainda na infância podia deparar-me com uma onça, uma raposa, um lobo guará, um grupo de capivaras aproveitando-se da beleza e do manancial. Ali me recompunha. Aconchegava-me aos pés de um guapuruvú e entre cochilos e devaneios encontrava-me comigo mesmo, em momentos únicos e especiais.
Ouvindo o murmúrio persistente do riacho, o assovio de um pássaro, o coaxar do sapo ou a algazarra das cigarras me rendia aos encantos da grande mãe natureza. Deixava-me embalar pela suave brisa que parecia brincar com meus cabelos, que vinham até os ombros, a barba e o bigode, de um castanho claro e brilhante. A brisa tinha a temperatura do riacho.
Sonolento parecia vislumbrar uma moça que emergia do lago, com suas vestes alvas e vaporosas, os cabelos dourados cintilantes, a tiara de flores do aguapé, sentava-se a meu lado, algumas vezes selava-me com um beijo adocicado na testa. Durante muito tempo deixei-me arrastar por esse sonho até descobrir que não era fruto de minha imaginação.
Um dia menos exausto pude vê-la claramente assim que joguei-me no chão com a camisa entreaberta, a calça suja e surrada, a bota já bastante desgastada. Primeiro a brisa suave e logo em seguida a presença encantadora. Olhou-me como se duas turquesas me fitassem. Beijou-me a testa sem qualquer timidez, afinal esse era o ritual que acontecia há meses.
Ela nada falava, mas eu podia sentir tudo. Suas emoções, seus pensamentos, seus desejos. Eu sabia que nos amávamos. Também sabia que a concretização desse amor era impossível. O nome dela fluía dentro de mim como uma inspiração: Wraticika. Wraticika me ensinou a possibilidade de amar com o espírito e não apenas o ato sexual, como eu havia aprendido com meus amigos peões, cada encontro nosso era repleto de um sentimento superior, carinhoso, que transcendia a qualquer referência que pudesse obter do que se sente por alguém. Não demorou para que eu fosse duramente cobrado quanto a ir buscar mulheres ou, pelo menos, me divertir com elas. Meu coração estava no riacho zelado pela ninfa pela qual me apaixonara.
Wraticika ensinou-me a presença da Deusa em tudo o que eu via, contava-me o culto da Mãe em todas as civilizações e as maneiras pelas quais se impunha ao homem, gravada em seu inconsciente. Logo a associei a Virgem Maria e suas múltiplas aparições com tantas faces, mas predominantemente ligada às águas.
Foi através de minha esposa elemental que eu pude abraçar minha mãe e chorar, agradecer-lhe a vida, a educação, o afeto e continuar sendo homem. Foi através dela que minha relação comigo mesmo e com a natureza se alterou. Paguei altos preços para preservar o reino de Wraticika. E eis-me aqui já ancião, demonstrando que é possível tantas coisas.
Durante sessenta e seis anos visitei devotadamente o riacho, sempre ao crepúsculo, pra visitá-la, descansar em seus braços, rir com ela, conhecer a vida num ângulo radicalmente oposto ao que a educação que recebia insistia em orientar.
Agora retorno para junto do riacho, o corpo já não possui a flexibilidade de antes, mas com a ajuda de minha bengala sento-me junto ao tronco da árvore que por tantos anos acolheu-me. Logo o perfume dos lírios enchem o ar como um bálsamo e minha companheira deixa a placidez das águas para abraçar-me, contar suas antigas estórias, amenizar minhas dores e dessa vez também para despedir-se.
Uma clara luz nos envolve e embala. Cumpri meus dias. Foram dias felizes. Aos olhos de todos fui um solteirão estranho, avesso às farras, para mim fui um homem feliz que amou e foi amado.
O riacho no sítio está seco. Wraticika e eu caminhamos por um bosque. Talvez o ancestral paraíso tão buscado pelas religiões.

domingo, 10 de abril de 2011

O DEUS AFRICANO

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Keltony era um deus africano talhado cuidadosamente pelas mãos mágicas de um artesão. Nascera na aldeia de Chimpaca, no bairro da Manga, em Moçambique. A família vivia de parcos recursos, enfrentando situações constrangedoras, tantas vezes faltando o alimento e condições básicas. Tinha oito irmãos e isso pesava ainda mais. Porém, os pais haviam aprendido a não reclamar e enfrentar as diversidades no silêncio, muitas vezes amargo qual o fruto da canana. Apesar das adversidades cresceu forte esculpido como a árvore de Limpopo.
Sua vida poderia continuar ali, quieto e estático como o Monte Binga, mas os deuses são caprichosos. Era uma manhã de sábado quando o fotógrafo Kenai Wyllis o avistou na multidão que se acotovelava no mercado. Logo foi interceptado. Tímido, esquivou-se como pôde para fugir, já que não via em si os potenciais que lhe eram revelados. Com muita insistência tirou algumas fotos, mas revelou seu endereço para futuros contatos, embora o “não” já estava acionado para qualquer eventualidade.
Uma semana após, Kenai o procurou para mostrar as fotos e buscar apontar possibilidades de uma carreira como modelo. A mãe viu ali uma maneira de sofrerem menos com tanta miséria e buscou incentivar o menino, que já começava os trabalhos agrícolas com o pai. A mãe desejava-lhe um outro futuro. Que ele fosse alguém na vida e não vivesse com tão poucos recursos como sua família.
O avião pousou em Nova York. Keltony ficaria hospedado no luxuoso apartamento de Kenai, que apressou-se em adquirir-lhe um guarda-roupas mais adequado e que evidenciasse a beleza do modelo africano. Não demorou para que estampasse as capas e páginas principais das revistas da moda. Festas, jantares e flashs passaram a fazer parte de seu cotidiano. Através de seu trabalho sua família começava a ter uma vida mais digna. Com viagens pelas cidades americanas e algumas européias, a agenda corrida, os anos se sucederam afastando-o cada vez mais de suas origens.
A fama e o dinheiro associado a um caminho cada vez mais promissor fez com que Keltony se transformasse. Percebendo os sentimentos de Kenai por ele, resolveu investir totalmente na carreira através agora de seu amante. Mostrava-se apaixonado e através disso manipulava-o para conseguir tudo o que desejava.
Os muitos contatos sociais trouxeram-lhe também a companhia da cocaína e outras drogas que conhecia nas badalações. Kenai o aconselhava inutilmente.
A gota d´água foi uma festa no apartamento de Kenai, quando este surpreendeu-o beijando seu melhor amigo. Keltony riu irônico e disse que ficaria com Ashley a partir daquele dia. Era mais rico, mais jovem e com mais contatos. Sem quaisquer sentimentos revelou que eles se encontravam há meses e aquele era o momento de seguirem caminhos diferentes.
Muitas coisas se passaram na cabeça de Kenai, ódio, mágoa, decepção, auto-acusações sobre sua inocência e excesso de dedicação a alguém que merecia continuar na aldeia, esquecido, sofrendo com o calor, a fome, a humilhação. Mas ao mesmo tempo não concebia a idéia de imaginá-lo nos braços de outra pessoa. Acreditava amá-lo. Sabia que a relação com Ashley seria curta, já que era uma pessoa volúvel, instável e ele logo seria substituído por alguém que julgasse mais interessante.
O trabalho tem o dom de transformar tudo. Kenai foi absorvido por ele, entre exposições, novos trabalhos, contatos com agências e outras pilhas e pilhas de atividades. Nunca mais vira Keltony, embora ele pulsasse dentro de si querendo arrebentar seu peito como um álien.
A campainha, meses depois, anunciou seu retorno. Estava com o semblante sofrido, chorou muito, pediu que o perdoasse, havia perdido a noção de valores, do respeito, do reconhecimento. Havia permanecido apenas dois meses com Ashley, mudara-se para um pequeno apartamento, passara fome, refletira sobre sua postura.
Estaria realmente mudado ? Kenai o acolheu mais uma vez.
Mais alguns meses, sentindo-se mais forte, e surge um novo relacionamento. Agora com Krista Gemelli, modelo que estava dando seus primeiros passos nas passarelas. Novamente vai embora na intenção súbita de viver com a mulher.
Diante do acontecido, Kenai fechou o coração. Havia se petrificado. Sabia que mais dia menos dia ele estaria novamente batendo à sua porta e se não fosse o suficiente forte o reinstalaria em sua casa.
Profeticamente o procurou. Primeiro com insistentes ligações e depois buscando-o no trabalho, no apartamento, na esquina de casa.
Porém, ele deveria agora encontrar seu próprio caminho.
Certa vez, ao aproximar-se um restaurante, viu Keltony esmolar moedas. Disfarçou e procurou não encará-lo. De coração dolorido, mas amortecido, direcionou sua vida para outra pessoa.
Keltony foi levado várias vezes para a cadeia, em geral por pequenos furtos ou por ter sido surpreendido com drogas.

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Chamado para uma visita ao hospital onde uma amiga se encontrava, Kenai passou diante do quarto onde se estava Keltony, muito magro, quase esquelético. Entrou trêmulo, com imensa taquicardia, sentindo seu corpo gélido. Aproximou-se, sendo então avistado pelo moço. As lágrimas desceram fortes como as chuvas em Maputo, inundando o rosto dos dois homens.
Os sentimentos de carinho, amor e afeto ainda resistiam dentro de cada um como o sisal. Um havia aprisionado o amor através da ilusão, da ambição, do sucesso, e o outro cultivado pelos ressentimentos. As mãos se uniram, tremulantes. Keltony respirou profundamente pela última vez. Parecia ter esperado a chegada daquele que lhe mostrara um caminho perigoso que unia a felicidade e a desgraça. Porém, era também aquele a quem verdadeiramente amara.
Os sonhos e expectativas de ambos se dissipava naquele momento. Talvez os deuses quisessem que ele vivesse de alguma forma para sempre. E como nem sempre compreendemos seus desígnios restringimos nossa visão para o trágico momento de despedida.
O solo americano recolheu os restos do mais belo príncipe negro, que viveria eternamente nas telas e poemas de seu admirador.

MORTE NA ESCOLA

Vemos o mundo através de nós mesmos
nossos olhos, nossos pensamentos, nossas memórias, nossas experiências,
nossos conceitos, nossos paradigmas, nossos temores,
a situação se torna complexa quando identificamos no outro
o que, apesar de nossa recusa, floresce em nossos jardins secretos,
aceitar por outro lado as diferenças é algo desafiador
enfrentar o que desconhecemos, nutrido por nossa ignorância, se faz pior
a educação, por sua vez, muitas vezes concretiza falsos valores
e motivam a discórdia, a não aceitação do outro, a valorização das diferenças
ao longo de toda história povos foram quase dizimados
religiões e culturas estirpadas, estupidamente pelo fanatismo,
pessoas queimadas, cruelmente assassinadas,
gordos, magros, negros, índios, judeus, bruxas, homossexuais,
qual o sinal que os fará perseguidos, atacados, mortos ?
de onde emerge o ódio do outro ?
quem alimenta o rancor ?
de arma em punho gritamos !
algo está errado !
apesar de toda tecnologia, de toda ciência, de tantas crenças,
o homem ainda é mortificado pelo próprio homem
em especial, onde nunca deveria:
nos chamados "estabelecimentos de ensino"
levando-nos a refletir o que e como ensinamos
talvez exigindo o momento irrefutável
de menos informações e mais valores
valores de respeito, de ética, de compreensão, de amor
preenchendo os muitos vazios que se originaram de nossos descasos
de nosso silêncio, de nosso inocente sorriso de aprovação,
de nossa omissão, de nossa cega celebração a nossas frágeis crenças,
a violência existe desde os primórdios quando surgiram os primeiros animais
cabe-nos nos diferenciar disso
milhões de anos depois...

O VALE


Enfim havíamos chegado ao Vale das Borboletas. O lugar era realmente fantástico, a queda d´água, as corredeiras, a vegetação ao redor, tudo emanava paz e alegria ao mesmo tempo. Preferi sentar-me junto às pedras e deixar-me enlevar entregando-me a beleza e energia do local. Thiago preferiu tirar fotos, lançando-se nos mais diferentes lugares, buscando os melhores ângulos e os melhores registros. Denise e Celino foram banhar-se na cachoeira.
O passeio teria sido tranqüilo se não fosse a revelação das fotos. Duas fotos mostravam uma figura feminina nadando nas corredeiras. Logo nos reunimos para avaliar, final tudo poderia parecer uma ilusão, efeitos da imaginação. Mas uma mulher nua, de longos cabelos havia sido registrada, mas não era simplesmente uma mulher captada pelas lentes.
Buscamos ampliar, avaliando de todas as formas. Era uma ondina, uma iara, uma sereia. Kianda. Reorganizamo-nos para voltar ao local. Dessa vez, com atenção triplicada, queríamos poder vê-la, já que se mostrava propositalmente e deixasse se revelar nas fotos. A semana passou sem novidades, buscávamos o Vale sempre em momentos isolados, onde apenas nós pudéssemos encontrá-la. Muitas vezes o dia corria inteiro, sem qualquer manifestação que produzisse interesse. Optamos, então pela madrugada, a lua cheia era convidativa e talvez tivéssemos mais sorte.
Quando nos aproximamos da corredeira vimos a figura feminina, quase que como um vulto. Ela olhou-nos entre curiosa e assustada, pronta para retornar às águas. Estacionamos contemplando a entidade que ansiávamos encontrar. Seus cabelos oscilavam entre o negro e o verde lodoso, esvoaçando com o vento leve. Sua pele assemelhava-se a de um mussu, levemente amarronzada e viscosa, muito lisa. O rosto revelava uma boca própria dos peixes, com dentes que lembravam os da caranha, e de onde saíam os bigodes similares ao bagre. Também podíamos ver as barbatanas nas costas, que se abriram quando mostrou-se assustada.
Embora não fosse o protótipo da beleza segundo os padrões humanos era um ser magnífico. Os olhos fizeram Denise lembrar-se da Macropinna micróstoma. O momento era sublime e não ousávamos qualquer movimento. A sereia olhou-nos interessada. Sua cauda agitou-se batendo na água, como desejando nos intimidar, mergulhando em seguida, desaparecendo nas sombras.
Demoramos para sair do estado de torpor. Tudo aconteceu muito rápido. Estávamos sentados nas pedras próximas ao rio e lá permanecemos não se atrevendo a quebrar o momento mágico. Celino aproximou-se das margens ainda tentando localizá-la. Parecia estar hipnotizado.
Retornamos a casa que havíamos alugado. Tentamos analisar o que havia acontecido. A mulher da foto era real. Existia. Era uma experiência fascinante. A vontade de todos era permanecer no local, na intenção única de revê-la. Naquela noite, Thiago não dormiu desenhando a moça. Embora não fosse bela tinha algo que seduzia, encantava, como o poderoso coup poudre.
Para quem adormeceu a noite foi agitada, com muitos movimentos, frases desconexas e um cansaço como se algo sugasse a energia vital de cada um. Despertaram como zumbis, esgotados. Resolveram reabastecer-se no Cruzeiro e lá permaneceram elaborando os próximos passos, agora mais ousados, desejando fotografá-la.
No final da tarde já haviam preparado um espaço para permanecerem, fotografarem e quem sabe estabelecerem algum contato com o ser aquático. Os planos foram diluídos com a presença de três rapazes que nus decidiram nadar e fazer inúmeras estrepolias. Denise estava pronta para pedir que fossem embora, sendo impedida por Thiago. Por horas gritaram, nadaram, fumaram seu baseado. Até que o silêncio voltasse a predominar, maculado apenas pelos grilos, o coaxar de uma rã, o ruído do rio enfrentando as pedras.
Nenhuma percepção. Já estavam preparando-se para voltar quando a batida da cauda na água mostrou a presença dela. Mais uma vez ela estava ali. A lua a fazia resplandecer sentada sobre as rochas. Era possível ver que das axilas também saíam barbatanas, muito transparentes. Rapidamente mergulhou na penumbra, sem que tivessem tempo para qualquer reação. Ela sabia que estavam ali por causa dela. Sabia que queriam vê-la e ela apresentou-se.
Nos próximos três dias nada aconteceu. Todos já estávamos desanimados. Resolvemos então fazer uma oferenda, levar presentes a ela. Colocamos em uma panela de barro alguns peixes, moluscos e flores e a depositaram na rocha onde costumava sentar-se. Aguardamos horas, sem qualquer resultado. Mais uma noite decepcionante, concluímos. Mas ela nos observava e se aproximou, chegando próxima a margem encarando-nos. O coração de todos palpitava aceleradamente, estávamos estáticos. Nossos pensamentos nos ordenavam para fotografar, fazer algum gesto, mas o corpo mostrava-se alheio, rijo, dominado pela senhora daquele lugar.
Ela segurou o tornozelo de Celino, como se o chamasse para junto dela. Ele levantou meio cambaleante, trêmulo, inseguro e teve seus olhos muito próximos aos dela. A sereia exalava um cheiro misturado com o barro e o odor de peixe. Arrastou-o para o meio das corredeiras em fração de segundos.
No barranco todos dormíamos, dominados pelos encantamentos da deusa. Quando despertamos encontramos Celino despido, sentado embaixo da cachoeira. Disse que era o momento de irem embora, alegando nada se lembrar do que havia ocorrido na tentativa de ocultar o segredo que agora o unia a Ondina.
Todos nos entreolhamos e decidimos respeitar a experiência do amigo, certamente em algum momento no futuro teríamos a possibilidade de compartilhar com ele o que acontecera naquela madrugada.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

PELOS QUATRO VENTOS

minha voz muda ressoa nos recônditos de minha alma
tão quieta, tão ingênua, tão sem experiências
e no meio dessa inocência transitam sons e rumores
de sonhos e pesadelos, mágoas e dúvidas, sorrisos...
sorrisos dissimulados, nublados, entristecidos, calados,
mergulhados no éter que os conserva em beckers
quase opacos onde se vislumbram cenas do que se foi
grito o grito dos desesperados, dos sonhadores,
o eco dos esquecidos, abandonados pela vida,
em sussurros inaudíveis de um passado inglório
minhas mãos entorpecidas tremem
desejando fincar uma bandeira branca no pico do Himalaia
correr nu pela neve alva
descobrir tesouros na selva
amar e deixar-se amar infinitamente
apossar-se de mim, sem culpas ou preocupações,
tocar com a ponta dos dedos a liberdade
deixar que minha língua a percorra
e antes mesmo que eu morra
fitar a direção dos quatro ventos
numa gargalhada, sem lamentos,
e celebrar quem sou.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

JARDIM DA MENTE

fadas azuis em asas de borboletas
volitam pelo jardim florido do coração
pousam alegres e alheias nas lembranças perdidas
buscando o néctar oculto do passado distante
são flores diversas que se misturam multicoloridas
algumas viçosas e outras secas
algumas ainda conservam o odor original
outras foram desfiguradas pelo tempo
outras nem mais são recordadas
disputam elas o espaço precioso
com vespas e mamangavas
aromas esquecidos nos portais do tempo
adormecidas por emoções partidas
de saudades, mágoas, tristezas contidas, arquivadas
em temerosos porões, escuros e sombrios
imagens fluidas do que se foi
distantes do violáceo sol que se espande
em raios transmutadores
varinhas mágicas do subconsciente
na arqueologia da mente
em constantes descobertas e encontros
chegaram os beija-flores...

CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

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