quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

VOLTAS QUE A VIDA DÁ


- Pegue uma sirigüela pra mim ?! – insinuou Hanna, fazendo trejeitos simuladamente tímidos ao rapazinho que se equilibrava entre os galhos da frondosa árvore salpicada de frutos maduros.
            Hanna era uma bela garota de cabelos dourados e repletos de cachinhos cintilantes ao incidir do sol. Sua mãe, Nancy, dizia que ela era “cheia de nove horas”, sempre fora extremamente mimada pelo pai. Uma menina após uma sequência de cinco homens foi tudo o que Antenor esperava. “É um anjo !”, classificava ele, realizando todos os caprichos e desejos, como humilde serviçal. O que não esperava era encontrar uma surucucu enquanto capinava. Na fazenda distante e sem recursos, quando chegou ao hospital na cidadezinha mais próxima já era tarde. Para todos a morte de Antenor foi um choque, para Hanna uma fatalidade, uma cicatriz que a acompanharia pelo resto da vida.
            A menina tornara-se caprichosa, cheia de dengos, muitas vezes antipática e mandona, malcriada com a mãe e irmãos ou qualquer outra pessoa que não a colocasse no pedestal em que se acostumara estar. O único que parecia substituir o pai falecido era Anibal, Anibalzinho como era chamado, um ser devotado à menina. Era capaz de ficar horas apenas fitando a beleza da amiga, em sua inocência e puro sentimento.
            Mas a morte de Antenor também promoveu uma terrível comoção em Daniel, o filho mais novo dentre os homens. Seu espírito atordoado passou de um asco e ódio incontido pelas cobras a uma adoração fiel e comprometida, assumindo as mesmas a posição de divindade. Não demorou para que mantivesse em uma caixinha de madeira, envolvida em um tecido negro, a cabeça de uma serpente. Tratava-a como uma relíquia sagrada.
            O tempo passou rápido, dando corpo àquelas crianças franzinas e tornando-as adolescentes vigorosos. Logo no início da puberdade Hanna e Anibalzinho já estavam ensaiando um namorico, sem muita consciência do que aquilo significava. Gostavam um do outro, eram cúmplices. E as coisas caminharam felizes até o dia em que uma família mudou-se para um sítio ao lado. No grupo familiar estava Flávia. Flávia tinha um perfil mouro, de olhar profundo e cativante, sorriso enigmático e aos poucos desencadeou avassaladora paixão de Anibalzinho, que inconscientemente foi abandonando o convívio com Hanna.
            Esse comportamento do rapaz patrocinou a ira incontida de Hanna. Um arsenal de humilhações foram reservados para ele. A todo momento e nas menores oportunidades, Hanna sabia com extrema habilidade feri-lo, magoá-lo e desprezá-lo. Algumas vezes a postura da menina arrancava sentimentos de comiseração dos ouvintes, mas não conseguiam censurá-la, pois tinha sempre na ponta da língua uma resposta calculada para calar seu interlocutor.
            Em suas maquinações criava estórias e induzia as pessoas a se separarem do rapaz, com malícia, maldade e sagacidade sem precedentes. Em momentos mais críticos defendia-se com lágrimas, postando-se como vítima de um rapaz que a usou e agora estava com outra. Anibalzinho era apenas um rapaz sem coração, sem escrúpulos, que a machucara e continuava ferindo desfilando de mãos dadas com sua próxima vítima pelos pastos. Articulou a criação da imagem de uma prostituta a sua concorrente, que nem imaginava à princípio que fosse.
            Hanna, contudo, encontrara em Flávia uma personalidade não menos feroz, que não se abaixava ao menosprezo, respondendo com sorriso irônico e um olhar que feria mais que qualquer adaga. A fúria de Hanna explodiu quando após várias indiretas ofensivas a Flávia, recebeu como resposta um tremendo tapa no rosto, deixando em sua pele alva os dedos vermelhos da moura.
            O entardecer traria ainda mais vigor ao seu ódio. Anibalzinho e Flávia ficariam noivos.
            Buscou o aconchego e amparo de sua mãe Nancy. A mãe vivia visitando videntes, cartomantes e quaisquer outras pessoas que pudessem “ler sua sorte” e dessa forma conhecia muitas pessoas que seriam capazes de interferir naquele relacionamento e devolver o moço a sua filha. Dentre as pessoas conhecidas estava uma cigana de nome Mira, diziam ser terrível em seus vaticínios e conseguia fazer uma jaqueira encher-se de jabuticabas, andava sobre as brasas e domava serpentes. Não havia o que não conseguisse. Por essa razão, as pessoas nutriam por ela temor e respeito.
            Nancy e Hanna chegaram a casa da cigana ao final da tarde e uma lua já se erguia no céu. Sentaram-se diante da mulher. Hanna parou um instante analisando os movimentos e fisionomia daquela mulher. De rosto quadrado e nariz adunco, queixo proeminente, uma pele parecendo envernizada e próxima ao caramelo, cabelos desalinhados com abundância de fios brancos, chegando quase até a cintura. As unhas eram grandes e bem feitas. Toda beleza dela parecia concentrar-se nas mãos. Dispôs as cartas após conhecer o nome e as intenções da consulente.
            - Você deseja muito um rapaz, disse reticente. Já tiveram um namoro e agora ele está engraçado com outra mulher. Está seduzido, encantado por ela. Ela é uma feiticeira, mas ainda não descobriu seus talentos...
            - Não quero saber dessa desgraçada, quero saber dele, dele e de mim...quero ele para mim, interferiu Hanna visivelmente descontrolada.
            - Cale-se, menina, cale-se e ouça. Para destruir um inimigo é preciso conhecê-lo e conhecê-lo tão bem, tão mais que ele próprio de maneira a utilizar seus dons e fraquezas contra ele próprio. É preciso conhecer o terreno onde se pisa se não quiser parar no fundo de um poço desavisadamente. As cartas mostram que ele não será seu.
            - Mas estou aqui para que ele seja meu, faço o que a senhora quiser para que ele não fique com essa mulher. Ou ele fica comigo ou não fica com ninguém...determinou Hanna com convicção.
            - O que você pede é muito perigoso, menina, e pode ter muitas conseqüências. Está certa do que deseja? , indagou maliciosa Mira, olhando-a profundamente enquanto segurava o queixo com os dedos indicador e polegar.
            - É isso que eu desejo: ou comigo ou com ninguém... reafirmou Hanna.
            - Farei o que deseja, mas o preço pode ser muito alto...comentou a cigana levantando-se de súbito e pegando um punhal, me dê sua mão esquerda.
            Mira cantarolou algo em língua estranha, acariciou a mão suave de Hanna, passou-lhe um perfume extremamente doce percorrendo a linha da vida e olhando tão profundamente que parecia conseguir ver cada momento que o futuro reservava. Repentinamente o punhal teceu um leve corte na mão da moça, fazendo o sangue escorrer e ser colhido em uma taça de bronze, repleta de símbolos cuidadosamente talhados.
            - Lembre-se de suas palavras: “ou ele será seu ou de ninguém”, alertou Mira.
            - Como posso ter certeza disso ?, questionou Hanna.
            - Vendo com os seus próprios olhos...agora me dê o dinheiro, complementou a cigana.
            Nesse ínterim, Daniel havia conhecido Odália e estavam namorando seriamente. Namorando em casa. Mostrava-se feliz. Odália era trabalhadora e desde cedo ajudava a mãe lavando roupas, passando e aos poucos foi conquistando seus próprios clientes. Era bastante simples, carinhosa e sonhava ter muitos filhos.
            A alegria do irmão incomodava Hanna que passou a desferir-lhe alguns golpes através de sua língua ferina.
            Dos outros irmãos Adamastor casou-se e foi embora com a esposa, pretendia trabalhar na empresa de confecções do sogro em outro Estado, Zeferino também se casou partindo para outra cidade. Gabriel queria conhecer o mundo, um dia saiu de casa de malas prontas e nunca mais voltou. Querubin vivia embriagado, passando a vida em jogos e prostituição. Era um bom homem, de coração imenso, mas perdera-se na bebida e na farra com as mulheres. Nancy anunciava que haviam feito um trabalho contra ele, talvez uma das mulheres com quem saía. Por essa razão, percorria muitas pessoas no desejo de salvar o filho daquele mal.
            Anibalzinho estava cada dia mais apaixonado por Flávia. A noite de lua cheia propiciava um passeio. Em seu cavalo, Atro, passou pela casa de sua noiva e partiram pela estrada. Era muito habilidoso. Conhecia aquele lugar com a palma de sua mão e Atro estava com ele desde que era um potro. Conversavam, sorrindo e admirando a beleza da noite quando o cavalo se assustou lançando-os no chão. Flávia caiu sobre uma moita de capim-colchão e Anibalzinho próximo a uma valeta. Embora atordoada, Flávia levantou-se, cambaleando, e foi até o noivo que permanecia imóvel, talvez desmaiado. Chamou-o em vão, chacoalhou o corpo, gritou desesperada. Em suas mãos banhadas de sangue, viu que ele havia batido a cabeça em uma pedra. Estava morto.
            Hanna recebeu a notícia quase que paralisada. Furiosa dirigiu-se a casa de Mira. Frustrando-se ao ser informada pela vizinha que a cigana havia se mudado dali há meses e desconhecia para onde fora. Uivou aos céus amaldiçoando a cigana, a vida e todos os seres viventes. Havia, contudo, uma ponta de felicidade que não conseguia disfarçar: Flávia não se casaria com Anibalzinho.
            O dia do casamento de Daniel e Odália chegou após muitas economias e preparativos. Havia construído uma casinha modesta para morarem com o trabalho intenso de ambos, renunciando a tudo e guardando moeda a moeda para realizarem seu sonho.
            Na igreja Hanna conheceu o filho de um dos clientes de Odália, Gervão. Apesar do nome era rico o suficiente para chamar a atenção da moça. A sedução e o corre-corre de Nancy atrás de pessoas que pudessem amarrar aquele homem, garantiram que meses após novo casamento se concretizasse.
            Odália e Daniel tiveram três filhos: Aleomar, Eunice e Antônio. A família humilde mostrava-se muito feliz. Mas o destino tinha outros planos. Enquanto arrumava o rancho das galinhas uma viga que o sustentava despencou sobre ela. O golpe no crânio foi fatal.
            O mundo perdeu-se para Daniel. Odália era o seu sustentáculo, sua felicidade, sua razão de viver. Passou muitas horas amuado em um canto, agachado, com a cabeça entre os joelhos, entre lágrimas.
            Na madrugada para velar o corpo tinha ele, Nancy e os seus filhos. Pediu que Nancy levasse as crianças para a casa dela, após muitas recusas, acabou concordando que era melhor as crianças descansarem.
            Vendo-se a sós com sua esposa, tomou-a nos braços e dirigiu-se a sua casa. Colocou-a na cama, cobriu-a como se estivesse dormindo. Deitou-se ao seu lado placidamente e adormeceu. Despertou com fortes batidas na porta. Eram várias pessoas, o padre e um policial. Foram resgatar o corpo e enterrar a falecida. Muitos homens precisaram se juntar para segurar Daniel. E lá foi novamente o féretro, agora diretamente para o cemitério.
            Odália foi sepultada, mas foi novamente resgatada pelo marido e levada para a cama do casal.
            Dessa vez, Daniel foi preso e a mulher novamente enterrada. O guarda do cemitério foi avisado para se manter atento e impedir que a sepultura fosse violada.
            Três dias depois Daniel foi solto. Em sua cama o esperava o corpo de Odália.
            Foi Nancy que quase desfaleceu ao levar o almoço para ele e ao adentrar o quarto para organizá-lo deparou-se com a morta na cama.
            A dúvida em toda a cidade foi como isso teria ocorrido, pois o túmulo estava lacrado e não demonstrava qualquer sinal de arrombamento. Foi aberto e a mulher novamente depositada em seu leito final.
            Porém, misteriosamente o corpo reaparecia na cama na noite seguinte. E assim foi até a missa de primeiro mês, quando não mais retornou. Diziam que a casa estava assombrada e Daniel orientado a sair de lá, mas recusou-se.
            Enquanto isso, os filhos cresciam. Aleomar foi trabalhar na roça, mostrando-se tão esforçado quanto a mãe e o pai. Antônio não gostava de pegar no pesado, cheio de dar ordens, e já que não queria trabalhar foi posto para estudar. E nisso ele se deu bem. Queria ser advogado e passou dedicar-se a isso.
            À medida que Eunice se desenvolvia mais se parecia com a mãe. Daniel via Odália em seu olhar, em seus cabelos, em seus trejeitos. Tornou-se o motivo de tudo. Tudo o que fazia era para a filha. A quem passou a chamar “filha de Odália”.
            Certa tarde, estando Eunice na casa de sua avó, fez com que Nancy percebesse mudanças físicas na menina. Calou-se em seu desespero. Falou com o filho que sorriu tranqüilizando-a. Seu coração, no entanto, dizia outra coisa. E tanto disse que não demorou para que a barriga aparecesse e fosse levada para o hospital para ter uma criança.
            Enquanto Eunice paria, Daniel se enforcava em uma paineira não distante de sua casa. Nascia um menino que foi chamado João.
            Na madrugada o menino foi levado por Nancy a um acampamento cigano. Seguiria com eles, como filho deles. Sidra havia perdido o filho em razão de uma infecção e adotava agora o menino como seu. Esse era o preço do casamento e felicidade de Hanna junto a Gervão.
            Eunice foi para um convento para viver uma vida de renúncia e oração. Precisava disso. A vida terrena perdera o sentido.  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

PONTES



nem sempre são pontes
tenho cercas, valas, grades e muros
muros, muitas vezes, colossais
cimentados em pedra bruta
esculpidos na inconsciência de nossos dias
ideais eflúveos
crenças obsoletas
desejos furtivos
tão altos e compactos
que eu me mesmo não o alcanço
prisioneiro de mim mesmo
de minhas reflexões
de meus sonhos
muros de neblina
duros como arenito
muros que ergo para assegurar minha proteção
a distância do mundo e suas intervenções

ali permaneço guardado
como tesouro desconhecido e intocado
um mistério em mim mesmo

um grito oco no eco do tempo
absurdamente quieto
quase moribundo

ratos e seres do submundo me observam
em seu reino quase sombrio
a lama, o verme, o cheiro pútrido
da umidade estagnada

nem sempre são pontes
e mesmo que sejam
levam de um muro a outro
para que eu sacie a beleza
a sensação efêmera da liberdade
um espasmo de alegria entre paredes moucas

nem sempre são pontes
são delírios egocêntricos
um namoro platônico com minha própria sombra
sem pontes, só muros.

ESTRELA CADENTE


a estrela cadente passa

um pedido que se faz ao tempo

um namorado amoroso

um belo e saudável rebento

o fim de um relacionamento rancoroso

 a cura de uma dor ou sofrimento

muito dinheiro no bolso

tudo isso num só momento


a estrela passa

talvez caia em algum lugar

pedra do raio que alguém vai encontrar

um fertilizante a mais no cultivo das esperanças

nas buscas indulgentes que fazemos

a vida feliz que queremos

e esperamos cair do céu


a vida passa olhando estrelas

mesmo sabendo que não são

agarrando-se nas cordas da ilusão


há noites em que uma chuva delas

preenchem o céu

e os olhos brilham

até bem mais que elas


por que enquanto se incendeiam no céu

se recriam em expectativas boas

de um amanhã que nem possa existir.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

CHUVISCO


O vento acariciou meu rosto
Enquanto caía fina a chuva
Como frio nevoeiro pela cidade
Úmida face em busca de um céu fechado
Que se abre em chaves dentro de mim
De olhos cerrados e lábios sorridentes
Recebo as bênçãos dos céus
A fria chuva aquece meu corpo
E beija a terra
E beija a grama
Beija o mato como beija a mais rara flor
Molha o homem, o pássaro, o salgueiro
E os renova
É, a chuva renova !
Mesmo quando tempestuosa !
E aí carrega bem mais que folhas secas.
Como toda força da natureza
Incontrolável, temível e bela
Segue ela
Entre brisas e procelas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CORAÇÃO ROXO


             

             Sentado na varanda arborizada de minha chácara, enquanto esfumaceio o meu cachimbo regado com fumo e alfazema, admiro os cedros, ipês e jacarandás, entre tantas outras árvores já centenárias que rodeiam a casa. Para alguns se trata apenas de madeira, madeira de lei, algumas que tem se tornado raras, mas para mim são seres que fazem parte de minha história. Bodoque, meu fiel amigo, tão velho quanto eu está estirado no cimento gelado buscando aliviar-se da melhor forma do calor insuportável que parece crescer a cada ano. Somente no final da tarde uma brisa mais carinhosa e refrescante percorre a região dando-nos uma sensação de serenidade, untada com os odores da mata e do riacho não muito distante.

            É possível sentir também o cheiro bom da comida, provavelmente uma sopa com muitos legumes, que religiosamente Cosma e Damiana, minhas irmãs, preparam com imenso carinho como se fosse a primeira vez que a fizessem. Assim são elas pulando da cama por volta das cinco da manhã, cortam lenha, preparam o fogo, fazem pão, escolhem o arroz e o feijão, colhem brotos de abóbora para a cambuquira, recolhem ovos, em dias especiais matam uma galinha gorda para festejar.

            Sou o mais velho, Cosma e Damiana vieram logo depois juntas, gêmeas univitelinas, após elas Carlito e Celina que não resistiram, também não resistiu nossa mãe, Linda. Linda era linda mesmo, com cabelos castanhos muito escuros encaracolados até abaixo dos ombros. Foi cedo. Era boa demais, como dizem! Ficou meu pai, Zeferino, que talvez por ser um pouco ruim tivesse que ficar mais tempo. E ficando mais tempo não queria ficar sozinho. Casou-se com Yacê. Dona Yaya como ficou sendo conhecida. Índia que diziam ter sido caçada no laço. Tinha a doçura do mel e a picada da vespa. Contava-nos muitas estórias que trazia de seus ancestrais, em especial nas noites de lua cheia deitávamos aos pés dela na escadinha da varanda, esticados na terra, para ouvir suas cantigas e lendas. Assim nossa infância se fez permear de um constante enfrentar a dureza da roça e viajar por mundos intangíveis, onde somente a imaginação pode cavalgar.

            Foi com Yacê que aprendemos a utilizar da terra o necessário e respeitá-la, respeitar todos os seres que a habitam. Dizia sempre que não morreria que estava encantada. De forma enigmática, passados cinco anos da morte de meu pai, ela entrou na mata e por mais que a procurássemos nunca foi encontrada. Ficávamos olhando o céu, no movimento dos urubus, sinalizando algum ser em decomposição. Nossas buscas nos levavam a uma vaca ou cavalo morto, um cachorro ou uma raposa, mas nenhum vestígio daquela adorável anciã, que caminhava já curvada, lenta e insegura de seus passos. Cosma diz vê-la pela casa. Damiana disse várias vezes tê-la ouvido. Eu nada percebo, nem uma brisa mais gelada que pudesse associar a uma carícia sua.

            Com Yacê aprendemos a admirar dois amigos guerreiros. Purá e Murá. Dois homens solitários que não envelhecem e nem morrem. Talvez até por essa razão tenha me mantido solteiro. Ainda na infância conheci Jandiro, que morava no sítio ao lado. Uma amizade brilhante se estampou rapidamente. Jandiro tinha uma vida difícil, apanhava muito do pai, em especial quando decidia beber uma branquinha a mais. Aparecia surrado, com vergões, cicatrizes, hematomas. Diferente de meu pai, Antenor não quis se casar. A mãe de Jandiro, Concheta, abandonou Antenor e foi embora com o capataz. Levou consigo um pequeno baú com jóias da família de Antenor e moedas de ouro que ele guardava. Assim, descontava as mágoas em Jandiro.

            Com Jandiro vivemos momentos dos mais fascinantes e dos mais aterrorizantes. Vasculhávamos a mata, nadávamos nos rios, caçávamos passarinhos, também o consolava nos momentos de dor. Juntos descobrimos o mundo, a nós mesmos, nossos corpos, os prazeres e os temores. O pior dia foi quando Yacê derramou muitas lágrimas após uma conversa com meu pai. Antenor, descontrolado pela bebida, havia estrangulado o filho. Estava preso e o menino sendo velado na casa. Fui levado até ele, apesar de minha resistência, diziam que eu devia vê-lo para que ambos pudéssemos viver em paz. Estava desfigurado. Sua imagem nunca mais saiu da minha cabeça. O caixão com um fundo roxo, um véu roxo, várias flores onde se destacava uma que chamam de “coração roxo”. Até hoje a cultivo ao redor da casa e tornou-se um elo entre nós dois, onde a vejo imediatamente revive a figura alegre, companheira e frágil de Jandiro.

            Yacê contava que Purá esculpiu os homens em madeira e deu-lhes vida. Mas os homens não souberam respeitar uns aos outros e atenderem as ordens supremas de amor e, então, decidiu dar-lhes uma lição que pudesse mostrar sua fragilidade. Lançou fogo dos céus e o fogo consumiu a maioria dos homens. Assim esperava que o homem percebesse que não é superior a árvore, nem ao macaco, nem ao besouro, nem ao seu próprio semelhante. Todos queimam, todos podem morrer. Meu pai sempre advertia, com a Bíblia em punho, condenando Yacê por falar em deuses falsos, mas sem perceber lia trechos como “De sua boca saem tochas, faíscas de fogo saltam dela” (Jó 41:19) ou “por que nosso Deus é um fogo consumidor” (Hebreus 12:29). Justificava que Deus censurou a humanidade com água, através do dilúvio e não com fogo. Jandiro e eu nos entreolhávamos cúmplices esperando a próxima frase e ela vinha “subiu fumaça de suas narinas, e da sua boca um fogo devorador, carvões se incendiaram dele” (2 Samuel 22:9). Nessas imagens víamos a fúria de Purá. Purá era bem mais próximo para nós, presente na figura de nossa mãe Yacê.

            O fogo sempre cativou o homem e foi associado a Deus. No Bhagavad Gita há um trecho que diz:Eu sou a oblação, o sacrifício, a oferenda aos antepassados, a erva bendita, o hino sagrado, a manteiga purificada, o fogo e também a vítima consumida em holocausto.” Muito similar ao que encontramos no Antigo Testamento e nas crenças erroneamente classificadas como primitivas. Em geral as religiões de cultura oral são consideradas sem fundamento, fruto da ignorância. Por essa razão, passei longo tempo de minha vida estudando-as. Uma curiosa espiral que nos leva a um constante encontro com a mesma verdade. Apenas quem tem maior poder econômico e maior acesso a mídia acaba se mostrando como exclusiva verdade. Além de antigas maneiras de impor, bastando um pouco de dedicação a um estudo sério para compreender.

            Talvez por essa razão, Purá reserva outro momento purificador para a humanidade, novamente o fogo consumindo o homem. “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte”. (Apocalipse 20:14).

            O fogo tradicionalmente purifica, transforma. Purá espera que o homem se transforme, mude suas maneiras de agir perante si mesmo, perante toda manifestação de vida, perante a espiritualidade. Seja verdadeiro consigo mesmo, sinta sua essência, sua alma. E isso nada tem a ver com conceitos de auto-ajuda, mas de perceber a magnífica teia em que vive e que é impossível tocar uma das cordas sem que tudo vibre. Vibre nesse mundo e no mundo de nossos ancestrais.

            “E formou o senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” (Gênesis 2:7). Seja feito do pó da terra ou da madeira das árvores o homem é um elemento da natureza, filho dela, filho da terra e filho das árvores. Digo isso sentindo o delicioso odor que vem dos eucaliptos.

            Agora devo me deter em minhas reflexões. Damiana me chama para saborear a fumegante sopa. E esse momento eu não posso perder.


domingo, 8 de janeiro de 2012

MARIA MACAMBIRA



Quero compartilhar com vocês esta bela canção na voz de Inezita Barroso.
Chama-se Maria Macambira.

Maria macambira
Lavou roupa toda a vida
Passava o dia entretida
Trabalhando pra sinhá
Mas numa noite dormiu
Sonhou que a espuma do mar
Parecia a renda branca
Das saias de yemanjá
E ficou tão encantada
Que se esqueceu de acordar
Ficou pra lavar as rendas
E as roupas de yemanjá


Maria macambira
Lavadeira de sinhá
Lavou saia de renda
Não é dela, é de yemanjá



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

DANÇA NA RUA


plantei flores no asfalto gelado da madrugada
dancei livre e desnuda entre sedas vaporosas
semeei sementes ocultas de meus desejos mais
secretos e desconhecidos até por mim mesma

a luz da lua, sempre presente, alva e clara
olhava desatenta como sempre ao espetáculo
que se travava em plena rua deserta de
sonhos e onde sonhos se acalentavam
apenas nos travesseiros

pude gargalhar solitária de mim mesma
abandonada aos meus caprichos
alheia ao mundo que dormia
e nem podia me aplaudir
no meu bailado 

ali era eu mesma
sem os disfarces cotidianos
sem as máscaras costumeiras
sem dissimulações
era eu quem dançava
não me importando seus cochichos
olhares irônicos ou repressores
letras amargas destiladas
por sua alma doentia e vazia

danço e nutro minhas flores
enquanto tu, repleta de dores
em uma consciência maltrapilha,
se vira e revira
desconfortável na própria cama.

plantei flores no asfalto gelado da madrugada
abandonada aos meus caprichos
sem os disfarces cotidianos
alheia ao mundo que dormia

enquanto tu, repleta de dores
por sua alma doentia e vazia
sem as máscaras costumeiras
se vira e revira
desconfortável na própria cama. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ESTRADA VAZIA


Caminho alheio a tudo
Aos sons dos carros e transeuntes
Ao pombo em suas tentativas de sedução
Ao vento que arrasta as folhas

Caminho alheio às tuas lembranças
A tua imagem cristalizada na memória
Ao espirro e ao escarro do homem que passa
Aos comentários amargos da vizinha mal amada

Caminho alheio a todo passado
Que se incumbiu de enterrar-se
Já morto quando vivo
Entre noites sem sono e lágrimas escorridas

 Caminho não sei para que lugar
Onde quer que eu vá
Que ouça o meu nome
E não esteja distraído
 Caminho nessa estrada confusa
Que dão o curioso nome de vida
Com tantas trilhas, atalhos e encruzilhadas
Ruas, avenidas e estradas

 Caminho absorto em mim mesmo
Vagando solitário como um urso pardo
Admirando a lua ao calor do asfalto
Vendo-te entre os cardos

 Cicatrizes que o tempo
fará apenas sangrar. 

FRUTA DO CONDE


Por onde anda a fruta do conde ?
Entre galhos e folhas ela se esconde
A maritaca procura até que acha
Saboreia gulosa que até acho graça 

Por onde anda meu negro encantado?
Ao ritmo do atabaque bailando suado
no santo virado com roupas luxuosas
trazendo braceletes em forma de cobras 

No galho da fruta do conde
Tem uma caninana venenosa
  maritaca voou não sei pra onde
fugindo daquela cobra 

Entre galhos e folhas ela se esconde
Por onde anda meu negro encantado?
Tem uma caninana venenosa
Por onde anda a fruta do conde ? 

Onde brota a água fresca da fonte
Onde o arco-íris nasceu
Tem um pé de fruta do conde
Tão doce que meu nêgo me deu. 

Meu coração disparado nem se apercebeu
A fruta enfeitiçada que ele me deu
Do mel se fez destino, do destino uma flor
Não sei se girassol, palma amarela ou de outra cor 

Só sei, caro amigo, que me ouve
Não sei exatamente o que houve
Mas vivo naquela escondida fonte
Me alimentando de fruta do conde 

SEGREDO DO OLHAR


o segredo do silêncio em mil palavras de um olhar
músicas celestiais são entoadas num simples calar
vocábulos mudos e silenciosos transitam atentos
a todos os teus movimentos cheio de condimentos 

sorriso no olhar que se espelha em mil cores
traduzindo-se, num momento, em mil amores
lábios entreabertos tão serenos, repletos de surpresa
sobre a cama de cetim saborosa sobremesa  

paredes com cores de hortênsias azuladas
odores de olíbano em tufos de fumaças exaladas
encantos exóticos que selam nosso encontro
repleto de silêncios ocultos do mundo dos sonhos. 

CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Edições Costelas felinas

Voo da Cotovia

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Celeiro de Escritores

Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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O Conto Brasileiro Hoje

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