sexta-feira, 29 de junho de 2012

DELÍRIO


afresco egípcio

Ele passou rápido pela roleta de acesso ao metrô. Estava agitado e ansiava chegar em casa, teria, contudo, que enfrentar toda a aglomeração e o empurra-empurra das pessoas. Era sua rotina diária, mas que insistia em não se tornar normal, corriqueiro, até mesmo um hábito. Recusava-se. Queria paz, sossego. Ao chegar em casa buscou exorcizar todo aquele tumulto com uma música serena, que podia ser New Age ou algum outro estilo entre seus surrados CDs. Morava em Pirituba e trabalhava em uma confeitaria incrustada na República.

O elevador subiu num impulso, não via o momento da porta se abrir e vislumbrar seu apartamento. O tempo parecia não passar. Uma senhora tossia persistente e irritante ao seu lado. Pensou em enforcá-la umas duas ou três vezes. E enfim o cheiro de seu lar. Era seu odor. Sentiu, respirou profundamente, abrindo os braços e deixando-se bombardear pela deliciosa energia de estar em casa. Despiu-se e de cuecas jogou-se no sofá. Liberdade. Sossego. Paz. Ligou a televisão e os canais enumeravam as tragédias do dia, desenterrando uma ou outra polêmica, geralmente um assassinato, um caso de pedofilia, um estupro e outras notícias que em nada o estimulavam a ouvir. Após percorrer vários deles, lançou o controle remoto sobre o tapete felpudo malhado de cinza e branco e acendeu um cigarro. Dirigiu-se até a janela. A cidade lá embaixo se digladiava. Sorriu irônico.

Decidiu tomar um banho. O chuveiro esguichou a água morna em seu corpo, ensaboado. Sentou-se enquanto a ducha chovia sobre seu corpo. Esfregou aqui e ali de olhos fechados, sem preocupação com o tempo. Em geral procurava economizar água, energia, separava o lixo...mas naquele dia deu-se o direito de extravasar. Merecia aquilo. 

Enxugou-se como que realizando um ritual e lançou-se sobre a cama despreocupadamente. Despertou de sobressalto vendo os carros se desviarem de seu corpo estendido no centro da Paulista. Completamente nu não sabia se protegia-se dos carros, dos transeuntes ou escondia seu corpo despido. Correu o quanto pode avistando uma praça e nela mergulhou. A mata densa o surpreendeu e aliviou simultaneamente. Apenas o som dos pássaros, cigarras e zumbido de um besouro que voava por perto. As sombras se sucediam quietas. Nenhum sinal de civilização. Estava ou não estava em São Paulo ? Adentrou cada vez mais profundamente a mata. Deparou-se com uma belíssima cachoeira. Banhou-se, já aliviado do susto inicial. Sentou-se no lajeado deixando a correnteza fria investir contra seu corpo.

Entendeu que sonhava. Aquele cenário não poderia estar ali. O ar puro, a paz, a tranquilidade e a natureza exuberante. A qualquer momento acordaria, então era necessário curtir ao máximo aquele momento único.

Andou, seguindo o riacho. Era realmente o paraíso. Em seu dia de Adão deixou-se seduzir pela energia do lugar.

- Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços. (Levítico 1:6)

Ouviu a voz ressoar em som ribombante. Olhou curioso ao redor e ao alto. Estava só. Apenas o grito agudo de algum pássaro enfronhado entre as densas árvores. Mais alguns passos e viu o rio tingir-se de um vermelho escarlate. Pedaços de animais e pessoas encharcavam as águas e coloriam as pedras. O céu, já entardecendo, também refletia o rubor das águas. Desesperou-se. Adentrou por uma trilha invadindo as trevas da floresta.

E novamente a voz retumbou:

- E por tendas pôs as trevas ao redor de si; ajuntamento de águas, nuvens dos céus. (2 Samuel 22:12)

Andou por lamaçais escorregadios, afundando e pintando-se com a argila negra. Temeu perder-se para sempre naquela floresta inóspita. Gritou por socorro inutilmente. Beirou-se ao pânico. A escuridão invadia tudo. Sabia que alguém o observava. Não estava só. Mas não conseguia identificar onde a pessoa se encontrava.

- Tem alguém aí ?, berrou várias vezes sem resposta. Apenas o eco da própria voz.

Estaria apenas consigo mesmo. No auge de sua solidão ouviu chamar seu nome.

- Eder ! Eder ! Eder!

Seu nome ecoava por entre as árvores e samambaias. Estaria enlouquecendo ?

- Porque os seus pés correm para o mal, e se apressam a derramar sangue ( Provérbios 1:16)

A voz repercutiu na escuridão e somente então notou os cortes em seus pés que sangravam deixando um caminho salpicado de rubis. A lua os iluminava. Uma clareira se abrira no mangue. A lua tudo iluminava. Alva e majestosa. Sentou-se em um tronco. Estava exausto. O que estava acontecendo afinal ? Meditou sobre as frases, buscou uni-las, relacioná-las. Qual seu significado ? Centenas de perguntas borbulhavam desconexas. Onde estaria ? Por que não acordava daquele terrível pesadelo ? E novamente ouviu a voz soturna:

- Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam. (Naum 1:5)

Das trevas ao seu redor surgiram vultos. Pequenos seres corriam, talvez duendes. Pirilampos piscavam incessantes como uma cortina de pó dourado. Um ruído como de um pica-pau batendo persistente em algum tronco. Um mocho piou arrancando arrepios. Alguém pisava nas folhas secas.

- Alguém aí ?, arriscou inutilmente.

Novamente o silêncio tumular. Algo havia despertado os seres invisíveis da floresta. Talvez deuses milenares esquecidos naquelas matas. Talvez seres lendários concebidos ao longo das civilizações e que habitaram determinado tempo e agora vagavam ocultos por entre as sombras. Ou talvez as próprias sombras de cada ser humano em seus sonhos, delírios, desejos e maldades tenham se refugiado naquele espaço intangível no meio de uma cidade movimentada. Para onde iriam os pensamentos criados pelos homens? Se não se diluíssem talvez continuassem vivos passeando pelos submundos. Tantos desejos, tantos sonhos!

Estaria vagando nos recônditos da consciência ? E aquelas palavras ressoantes ? Seriam elas suas próprias sombras ?
- Vou respirar o doce hálito da tua boca. A cada dia vou contemplar tua beleza... Dê-me tuas mãos, carregadas de teu espírito, a fim de que eu te receba e viva por ele. Chama o meu nome no decorrer da eternidade: ele jamais faltará ao teu apelo ! (inscrição no Túmulo de Amenotep IV)

Por um instante ouviu seu próprio coração. Tocou a si mesmo. Encontrou-se. Um insight. Compreendeu sua vida como se pudesse relacionar a colcha de retalhos de sua existência e enxergar o amanhã em um espelho mágico. Sabia o que desejava. O quebra cabeça de sua vida começava a fazer sentido.

Despertou em sua cama. Sorriu olhando o teto e relaxado por estar em seu quarto. Espreguiçou-se demoradamente. Já anoitecera. Levantou e acendeu a luz. Seu corpo estremeceu ao ver os lençóis sujos de lama e sangue. Onde estivera ? O que acontecera ?

Sentou-se transtornado na poltrona surrada próxima a janela. Estava confuso. Pegou aleatoriamente um livro que estava sobre ela. Ele abriu-se deixando cair um pedaço de papel. Apanhou-o despretencioso. Nele estava escrito:

O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem nada fazer (Zend-Avesta)

Novamente o chuveiro e saiu para caminhar pela madrugada. Precisava refletir.



Lançamento pela Celeiro de Escritores


Participação de apenas cinco autores:

Danilo Souza Pelloso
Geraldo José Sant´Anna
Isabel Cristina Vargas
Roosevelt Vieira Leite
Marcos Toledo

Conheçam !



Top of Mind 2012





Através de pesquisa pública o "O Jornal" registrou os seguintes destaques que representaram: 

Top Personalidade Mais Influente
e
Top Liderança em Educação



MARIA-MOLE

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descanso deitado emcima de uma maria-mole
rolo e enrolo emcima dela
me espreguiço e brinco
cavalgo seu corpo macio
sarreio enquanto a acaricio

escorrego e não me perturbo
perambulo entre estradas alvas e vaporosas
abraço carinhosamente o vento
e beijo o doce sol de cada dia
a refrescante lua de cada noite
o efervescente por do sol de cada crepúsculo

lambo gostosamente o pirulito
e babo
e corro
e pulo
e me agito

entre maçãs do amor, pés de moleque e paçoquinhas
a doçura e a alegria
se entrelaçam

e aquele tão sério
comedido em seus guardanapos
não sabe a gostosura de se lambuzar com o molho da macarronada

tolo e pueril
sei sorrir dos desenganos
refazer cada dia novos planos
de um jeito que ninguém jamais viu...

A FOME

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o forno
a brasa
o calor
o pão
o trigo
o barro
o cultivo
a colheita
a grama
o gado
o leite
a manteiga
o pão com manteiga
o odor
a fome
o cheiro
o queijo
o dejeto
a terra
a chuva
a argila
o forno
a lenha
o carvão
o churrasco
o boi
a carne
as fezes
a latrina
o solo
o chão
a horta
a couve
o caldo verde
a sopa
o sono
a noite
o dia
o forno
a brasa
o calor
o pão


REPOUSO


olhei teu corpo em manso repouso
entre os tecidos mornos
sedosos como tua pele
alva e suave
a boca entreaberta
seca e sonhadora
em delírio mítico o suor escorre
odores entre feromônios
excita minha imaginação a percorrer-te cega e indomada
movimentos suaves em
um respirar quieto tentando esconder
teus próprios delírios
ocultos em sepulcral silêncio
beijo-te em toda tua extensão
num só impulso
para deter-me diante de teus lábios
carnudos
de hálito quente
quente teu colo me chama
mas seria eu quase um herege
se te tocasse enquanto dormes...




MUNDO FANTÁSTICO


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houve um tempo em que eu podia cruzar os céus
cavalgando Pégaso
apalpar as nuvens
e com elas modelar infinitamente
todas as formas

nessa época, dominando os vastos segredos
da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts,
munido de todos os poderes,
podia sentir-me inatingível e intocável.

nesse curioso mundo de sonhos
tão reais
desfilavam sacis, fadas, coelhinhos da páscoa e papais noéis,
com a mesma delicadeza que contracenavam
santos, anjos e amigos da escola.

pensamentos curiosos
eclodiam
na criatividade de um mundo intangível
no qual podia-se viver entre dores e prazeres
alegrias e tristezas
sorrisos e decepções
medos e censuras
pecados e desejos.

o sonho
em seu mundo tão terreno
nos arrebata insistente
enquanto se busca, inutilmente,
diluir do mundo da criança
sua própria natureza.




   

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Receba um ebook gratuitamente

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Deixe seu email e receba gratuitamente o ebook "O beijo do avejão", com meus mais recentes contos.




Honra ao Mérito da Sergipanidade


Minha gratidão ao jornalista Clarêncio Martins Fontes e todos os membros da CIRLAP, a todos os sergipanos, por este relevante reconhecimento.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

PALCO


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há uma tristeza em mim
que se descortina
se abre, rubra e aveludada, no palco de minha vida
entre holofotes e aplausos
uma dor secreta pulsa
tímida, quieta e impaciente
esperando o encerramento do primeiro ato
talvez um intervalo insólito
recheado de alguns salgados e refrigerantes
um comentário bobo
um cumprimento que se revela em sorriso opaco
um beijo doce
em romance amargo
ao final do espetáculo
luzes da ribalta
o constante teatro
a alegria emoldurada no picadeiro
um ranger oculto
em coração descompassado
lágrima quente
em rosto gélido
ilusão que se desfaz

ARRASTA-ME



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arrasta-me em ondas frias da enxurrada que passa
a chuva não era esperada
o sol brilhava quente e alaranjado
e como tantas outras pessoas caminhava eu
solitário e mudo como sempre
meu peito pulsando
talvez buscando um meio
mesmo com certo receio
de liberar uma tempestade
quantas vezes vagamos assim?
arrasta-me em redemoinhos pelas ruas
em sonho funesto pelas sarjetas
a chuva
fria chuva
arrasta o solo
arrasta as folhas
arrasta os sonhos
me arrasta

sábado, 9 de junho de 2012

A Informática na Administração Pessoal


Lançamento
A INFORMÁTICA NA ADMINISTRAÇÃO PESSOAL
do amigo Antonio Marcos Zenerato
pela CELEIRO DE ESCRITORES/EDITORA SUCESSO


IDADES


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tenho em mim todas as idades
a criança atenta e curiosa que se encanta com o desabrochar de cada dia
a rebeldia e a revolta, o inconformismo e a inquietude da adolescência
o desânimo, a incerteza e a insegurança que abate todo aquele que resvala na realidade
a paciência, o olhar de quem compreende e não se assusta
como se carregasse séculos em meus passos
algumas vezes sou apenas eu na descoberta inconstante
no sorriso irônico e falar atrevido
no silêncio das grutas e os sons misteriosos das selvas
sagui e gorila, neanderthal e homo-sapiens,
o pó dos tempos
o vento que balouça as folhas da gameleira
a lama nutridora
que consome e modela
a história gravada nos fósseis e a história perdida dos homens
as mãos cegas que tateiam o muro
e se descobre na luz e sombras de si mesmo.  

DESEJO





envolta em tênues tecidos
fluidos, transparentes, eflúvios
abraço e aspiro o perfume
alucinante do desejo
alva entre meus braços
macia, pura e bela
rosas brancas
delicadas.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

MUTINS




Habitavam eles as fendas e grutas nos sopés das montanhas, um reino temido composto por homens que assemelhavam-se a feras em seus ataques. Sua chegada era prenunciada por um berrante de chifre de bode e ao seu som as aldeias agitavam-se impactadas e tinham a certeza de que seriam dizimadas. Chegavam aos berros, num ruído ensurdecedor que aturdia a todos. Seus corpos vestiam-se apenas com pinturas corporais assustadoras, anunciando terror e sangue. Iam em busca de um objeto preciso: mulheres jovens.

As mulheres escravizadas não podiam fazer parte da comunidade, eram cuidadas à distância, no vale de Agha-Bor. Ali atuariam como as mães dos futuros guerreiros. Seu tempo de vida era curto e estava condicionado a gerar meninos. Gerariam e amamentariam os Mutins, como eram conhecidos. Todos os membros recebiam em seu nome o prefixo Mutim. As mulheres, por sua vez, perdiam o direito ao nome, sendo chamadas genericamente de Elan. Em alguns lugares não era permitido se quer pronunciar seu nome sob pena de atrair desgraças múltiplas. As mulheres que se recusavam ou que não concebiam eram levadas dali para experenciarem os maiores tormentos.

Os Mutins eram formados apenas por homens. Assim que a criança já podia deixar a mãe era levada para a comunidade onde era iniciada nos preceitos do grupo. Apenas aqueles que demonstrassem grande coragem e poder tinham o direito de raptar uma mulher e gerar seu filho. O menino recebia um nome ao nascer e a partir dele acrescentava títulos que se associavam a ele, destacando características pessoais ou ações de destaque.

No grupo haviam aqueles homens consagrados ao Deus Mahu-Chabah, não guerreavam, pintavam o rosto de azul celeste e preparavam os alimentos, teciam, faziam cerâmicas, realizavam as pinturas corporais, sendo inclusive responsáveis pelos prazeres sexuais dos guerreiros. Eram os maús, homens sagrados.

Naquele dia em que o céu da tarde se tingia de um rosado sereno, o choro de um bebê anunciou a chegada de mais um membro. A Elan era muito jovem e não resistiu. Mutinja seria cuidado pelo seu pai e uma cabra foi levada a ele para amamentar a criança. O bebê seria cuidado por um maú.

O garoto destacava-se entre os demais pela agilidade, valentia e intuição. Tornou-se o orgulho dos aldeões. No tempo das chuvas demonstrou que adentrava a fase adulta. O ingresso nessa nova fase exigia sacrifícios. A partir dos rituais poderia reunir-se aos homens adultos, com exceção dos anciões que constituíam um grupo fechado e marcaria um novo ciclo de sua existência...caso chegasse até a idade necessária, o que era desafiador. Os perigos rodeavam-nos o tempo todo, animais, os perigos da selva e da montanha, outras tribos, doenças, entre inúmeros outros que poderiam extinguir sua vida a qualquer momento. O próprio rito de iniciação poderia condená-lo a morte.

A noite iniciou-se com danças, algumas cabras assadas e uma bebida alcoólica fermentada a partir de um fruto ácido que emergia nas encostas. Mutinja estava nu, inteiramente pintado em um tom de verde musgo e pintas brancas – a cor dos espíritos. Naquela noite deixaria sua vida de menino para se tornar homem. O velho feiticeiro a todo instante o incensava, batia-lhe ervas pelo corpo, pronunciava palavras incompreensíveis, gritava algo que o fazia tremer embora não pudesse entender o significado de tudo o que estava vivenciando, nem podia imaginar o que o aguardava. A lua estava brilhante e redonda. Bebeu um suco acre de ervas e entrou em transe. Passou a comportar-se como uma siriema, em sons e gestos, cacarejando, enquanto os participantes aclamavam o espírito ali presente, até que caiu em sono profundo.

Despertou em plena escuridão. Chamou, gritou, chorou. Sentia a umidade e o frio adentrar-lhe as carnes. Buscou uma saída, um raio de luz, mas nada apontava onde estava e como deveria sair dali. Tateou pelas trevas sentindo que provavelmente estava dentro de uma gruta. Sentia a água fria correndo pelos seus pés. Não sabia se buscava a saída de onde a água vinha ou para onde ela ia. Procurou sentir o vento, mas o ar parecia estagnado. Buscou sons e encontrou o mais profundo silêncio. Notou morcegos no teto da gruta. Havia uma entrada. Resolveu ir contra a correnteza, escorregando, ferindo-se, caindo em valas. Sentia fome e frio. Horas ou talvez dias se sucederam. No alto avistou raios de sol, como se passasse por uma peneira. Tentou escalar e não obteve qualquer êxito. Apoiando os pés em cada parede começou avançar até encontrar o espinheiro que tapava a abertura.

Arranhões, perfurações e queimaduras produzidas por ervas urticantes. Mutinja venceu a primeira prova. Estava, contudo, sozinho na floresta. Devia levar uma siriema viva para a aldeia. Lembrava-se disso. Sentia-se fraco e o corpo ainda nu parecia ressentir-se da própria brisa da manhã. Precisava se alimentar. Buscou pequenos frutos e larvas. Avançando mais e mais avistou um casal de siriemas. Era sua chance. Criou armadilhas, imitou-os, até que quase mediante a desistência conseguiu capturá-lo. 

A questão que se desdobrava era descobrir a localização da aldeia. Precisava ser ágil, a siriema deveria chegar viva.

Sentou-se desalentado aos pés de um jequitibá. Foi quando Ecuzo, o deus das sombras da floresta, apareceu-lhe apontando para sua esquerda. A visão foi repentina e poderia jurar que nada havia visto, porém uma alegria e certeza brotaram férteis em seu interir. Entardecia quando chegou a aldeia sendo saudado por todos com o nome Mutinjupi. Agora era reconhecido como homem.

Tornou-se um guerreiro implacável e tantas foram as vitórias que o velho feiticeiro anunciou que deveria garantir sua existência. Um grupo de oito guerreiros cortou a madrugada rumo a terra de Norh, onde o povo que vivia em palafitas, mantinham virgens que zelavam pela Deusa Anciã, Shabunã. Aquele era o dia da consagração de três meninas a Deusa. Uma delas geraria o seu filho. Espreitara o lugar há meses, conhecera seus hábitos, rotinas e escolhera a Elan.

O fogo se alastrou rapidamente pelo templo de palha. Mutinjupi tinha o seu troféu. Na estrada, contudo, foi surpreendido pela presença da Anciã. Ela soprou-lhe um pó de odor estranho e despareceu da mesma forma com que surgiu, sem ser percebida. Os homens temeram a maldição da deusa, mas o guerreiro sorriu. Nada o fazia recuar.

A moça era de extraordinária beleza. Altiva declarou chamar-se Kadan e jamais aceitaria ser chamada de Elan como todas as outras mulheres escravizadas. Domar a donzela tornou-se a principal meta do destemido guerreiro. E as insensíveis maneiras de domesticação logo a tornaram submissa.

Kadan engravidou e deu a luz a uma menina. Isso era uma desonra para os Mutins. Foram feitos ritos propiciatórios. Mutinjupi foi purificado e deveria permanecer recluso, com o consumo de determinadas ervas até o sacrifício da menina e da mulher. Na gruta, relembrou os momentos vividos com a moça ao mesmo tempo em que se condenava. Nenhum Mutin se apaixonava, mas ele não concebia a ideia de oferecer sua filha e aquela Elan em holocausto. Algo acontecia em seu interior que o impelia defendê-las.

Desafiando todas as regras, planejou a fuga. Deveria ocorrer no dia anterior ao sacrifício quando Kadan seria levada a cachoeira para banhar-se iniciando os ritos de sacrifício. 

Com a fúria de uma tempestade, Mutinjupi atacou os guardiães da moça, desencadeando uma luta feroz. O sangue fecundou as areias que circundavam a cachoeira. A água tornou-se escarlate. 

Lembrava-se da Anciã em seu caminho. Estava certo de que ela o havia enfeitiçado. Suas ações eram irracionais, contrariavam a tudo o que havia aprendido. Aquela Elan não podia merecer o sangue derramado de seus amigos. Nesse leve lampejo de consciência pensou em matá-la e assim conter a magia, mesmo sabendo que seu ato já o havia condenado a morte. Percebeu que a Elan havia fugido. Sua fúria tornou-se incontrolável. Ela tentava resgatar a menina. Chegaria antes e a mataria.

A menina estava deitada em uma manjedoura enfeitada de lírios do brejo, guardada por dois Mutins chamados de invencíveis. Mutinjupi contornou o lugar caminhando entre arbutos, silencioso como a sucuri. Aproximava-se sorrateiro quando uma cabra pôs-se a berrar atraindo a atenção dos homens para ele. Uma luta se desencadeou, sendo ferido, embora em fuga com a menina nos braços. Novamente agia impensadamente. Estava ali para exterminá-la e não para salvá-la.

Nas margens do grande rio, exausto, viu a Elan aproximar-se e tomar a menina. Deu-lhe algumas folhas para mascar. Elas iriam aliviar a dor. Um grupo de mulheres o levou para as palafitas.

A recuperação foi lenta. Tornaria as mulheres de Norh hábeis na arte da guerra. O objetivo: dizimar os Mutins.  

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ilusões


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suspiro em doces cântaros
ouvindo-me aos pulos
no silêncio em que me vejo imerso
vagas ideias múltiplas e sem cores
vagueiam insólitas e descuidadas...
sua imagem
antes vívida
jaz opaca e moribunda
inativa
diluindo-se entre lembranças que criei
apenas para alimentar
tua existência. 

SILÊNCIO


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é possível ler o silêncio
no burburinho de tantos que falam
no vazio de si mesmo...  

PUTREFAÇÃO


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teu doce beijo apaixonado
cravado em um tempo na memória
desmancha-se na purulência de quem és

MENTIRA


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a vida é uma mentira prazerosa
que inventamos
para tornar os dias mais suportáveis...

CHURRASCO

http://www.ricardospizza.com.br/internas/buffet-churrasco.php


agora banqueteio como doido
espionando fagulhas gostosas
hirsutas ígneas jactanciosas labaredas
mantendo nelas o patinho queimando
rosado salgado tostando um
verdadeiro xis zebu

Pesquisa no Sonico



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Qual o conto ou poema você mais gostou no blog http://profgeraldojsantanna.blogspot.com ?

Saudades de Mim (55%)
Promessa (10%)
A caminho do fossário (3%)
A benção (14%)
A enchente (4%)
Um lobisomem em Minas Gerais (14%)

Confira: http://www.sonico.com/polls.php?vnm=profile&wnpos=5&wntype=96&wnversion=2&u=29154145&pid=1908

Maria Clara


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Na manhã fria
Enquanto o céu se coloria
Maria Clara nascia.
Sorriso em flor entre brumas
Alva pele
Movimentos leves
Pequenina.
Flor que nasce do raio de sol
Princesa entre tantas outras
O sopro da vida
O choro
A alegria
Fusão misteriosa.
Maria Clara.

CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Edições Costelas felinas

Voo da Cotovia

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Celeiro de Escritores

Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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Literacidade

O Conto Brasileiro Hoje

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RG Editores

4ª Antologia da ALAF

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