terça-feira, 30 de outubro de 2012

Halloween

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contam que um dia existiram
mulheres indomadas e poderosas
esposas de deuses, demônios e djins
éclogas dos vales e montanhas
companheiras de morcegos, gatos e aranhas
solitárias senhoras da noite
 concubinas dos mortos entre os vivos
há quem fale em Dia do Saci
mas isso eu nunca vi
vejo zumbis desgrenhados e
bruxas envergadas de nariz aquilino
tão distantes  de Elvira em “Mistress of the Dark”
nem gostosuras, nem travessuras
se foram elas
com as cinzas de suas fogueiras
queimadas pela ignorância e conveniência humana
resta-me um cálice de absinto
é o que sinto.


domingo, 28 de outubro de 2012

PERDIÇÃO ENCANTADA

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Eva deu a Adão a maçã fatídica
a Bruxa Madrasta presenteia Branca de Neve com o mesmo fruto
sempre o mesmo fruto
Pomo de Ouro
Pomo de Adão
queda uma maçã audaciosa sobre Newton
desperta e cria atordoado
amor e pecado em deliciosa orgia
brilha escarlate
até na mão da Virgem Maria
o bem e o mal no saboroso fruto
onde o bem, onde o mal
fruto feminino e místico de todas as eras
no pentagrama se revela
rubra, doce e bela
a perdição do conhecimento
mítico, insólito e atemporal



O DIA DA MAÇÃ

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mulheres em mentes tempestuosas
fálicas vassouras e unguentos mágicos
velhas solitárias, rabugentas e arredias,
moradoras de cochicholos ocultos nos vales
sonhadoras e amarguradas
purificadas em fogo brando
cozidas em óleo ardente
decepadas, enforcadas, apedrejadas
propriedades afanadas
ciganas, benzedeiras, caducas?
quem foram as vilipendiadas bruxas?
sinistro dia se aproxima
invocadas e incompreendidas
mergulhadas serenas no manto do preconceito
da ignorância que ainda hoje predomina
talvez altivas retornem para o dia da vingança
para abrasar no mesmo inferno seus algozes


sábado, 27 de outubro de 2012

BIG BANG INTERIOR

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vou morrer
já me disseram
consumindo a mim mesmo
mastigando minhas próprias carnes
remoendo sentimentos
ruminando lembranças
alimentando-me de minhas entranhas
em grossas fatias do passado
regurgitando memórias
lágrimas que escorrem por dentro
grossas, pesadas e chorosas
engolindo meus lamentos

vou morrer
eu sei disso
a menos que em meio a minha erupção
a incandescência de meu sofrimento
recrie pensamentos
decisões basálticas
e eu renasça
da lava que foi vomitada
em broto fértil
emergindo em terra desconhecida.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O PAVOROSO NOVO


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em seu tempo
o estilo de Renoir e seu pincel
por que impressionismo?
em seu tempo
a pena ousada de Drummond
onde o modernismo?
em seu tempo
nos jardins de Monet
nem tudo eram flores
o novo sempre trás novas cores
Magnum di foie gras
na revolução dos sabores
fora de seu tempo
o moderno
sempre impressiona
revoluciona
o novo recria o velho
o presente é uma releitura do ontem


VELA ACESA

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vela acesa
chama que flameja
coração ao centro
pavio que queima
oscila, bambeia, dança
arde e queima
derrete
no tesão latejante
da cera
que escorre
desenhando
derretida
em parafina
um coração



Lançamentos para você curtir





domingo, 21 de outubro de 2012

ALAF - Academia de Letras e Artes de Fortaleza

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Conheçam:


http://academiadeletraseartesdefortaleza.blogspot.com.br/

AQUELE QUINTAL, de Aracy Duarte Ferrari


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O quintal de ontem contrasta com o estilo das moradias atuais. As casas de hoje têm este espaço bem pequeno e ladrilhado e nos apartamentos ele nem existe. O quintal de antigamente era o lugar onde se desenvolviam as brincadeiras infantis, após as obrigações caseiras e tarefas escolares, e também era o lugar onde todos os desenvolviam atividade físicas. 

No quintal havia espaço para frondosas árvores, que formavam o pomar, e que abrigavam em sua sombra, as crianças e adultos que ali ficavam para saborear as frutas, que substituíam os doces e refrigerantes consumidos hoje em dia, mas sem o mesmo valor nutricionais. Era ainda com as frutas do pomar que as avós, usando de uma alquimia artesanal, construíam compotas finas, perfumadas com cravo, canela e uma variedade enorme de licores.

No pomar, os pássaros construíam seus ninhos, e ao nascer do dia,  cantavam, para que as pessoas despertassem radiantes e leves como pluma, e quando chegava à noite, as aves noturnas mostravam os contornos impressionantes dos seus corpos, como a coruja, de olhos esbugalhados, que por causa de sua maneira típica de virar a cabeça, e de seu pio soturno, era considerada, erroneamente, ave de mau-agouro. 

O quintal de outros tempos abrigava canteiros de flores ornamentais, uma pequena área onde era construído o galinheiro, que além das galinhas poedeiras, abrigavam outras espécies como galinhas d’angola, patos e marrecos.  Ao amanhecer, os galos apresentavam a sua cantoria contagiosa, mostrando aos recém-despertados, os sons harmoniosos de uma verdadeira orquestra sinfônica sem regente.

Além de tudo isso, nos quintais havia sempre um espaço reservado para os canteiros, onde se cultivava diversas variedades de hortaliças e legumes sem agrotóxico. As crianças participavam das obrigações necessárias para a atividade da agricultura caseira, replantando mudas, arrancando as ervas daninhas, adubando o solo e molhando as plantas com regador manual.

Infelizmente, toda essa riqueza existente nos quintais de outros tempos, pertence ao passado. Deles somente restaram lembranças. Ambientalistas, pessoas voltadas para a ecologia, e outras que buscam a defesa do meio-ambiente e a proteção dos ecossistemas, lutam, sem esperanças, para que as Prefeituras invistam e legislem no sentido de que os quintais voltem a ter importância e assim, contribuam com o verde de suas árvores, para a oxigenação do ar e para a eliminação dos poluentes que emporcalham nossa atmosfera.

Em resposta a todo esse esforço, e para provar que, com boa-vontade, pode se conseguir tudo, é que, nas cidades de médio e grande porte, as construtoras já estão sinalizando positivamente, com a volta de casas com amplos quintais nos projetos de Condomínios Fechados.

sábado, 20 de outubro de 2012

DIVAGAÇÕES DE UMA ALMA SOLITÁRIA

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grito-me em voz rouca
no sussurro inútil em que me aconchego
abraço o nada
meu companheiro fugaz que em acalenta
busco-me no vácuo sideral de minh´alma
imensamente grande e vaga
inacessível e misteriosa
beijo-me num roçar de línguas estrangeiras
rodopio entre sacis e anjos
desejos e podridões que se acumulam
desejo-me...
quero estar comigo a sós
olhar-me demoradamente
encontrar-me entre tantas reentrâncias e labirintos
que me cercam de mim mesmo
tocar-me
um toque quase divino
um sacramento
uma extrema-unção


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mancebo



lança o casaco sobre o mancebo, o mancebo
o mancebo de haste em riste olha pela janela
opaca pela chuva que cai lá fora
de um lado as gotas frias, de outro o vapor quente
o mancebo olha, estático e pensativo,
a proeza de vencer a gravidade
a chuva cai em seu ciclo intermitente
o mancebo ergue o casaco
úmido de chuva e de suor
o mancebo olha o mancebo
quieto e mudo
a chuva cai lá fora 
o mancebo quente, sua
um pensa e outro acho que não. 



O escrever e o contar na sala de aula

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“Em cada homem de talento existe, escondido, um poeta; ele manifesta-se no escrever, no ler, no falar ou no ouvir.”
Marie Eschenbach

Entendemos que o ensino deva estar estruturado sob cinco pilares. O aluno deve ser incitado e orientado a perguntar, buscar, interpretar, escrever e socializar. Métodos mais ativos e dinâmicos têm entrado em cena favorecendo proporcionar ao aluno mecanismos que valorizem seus conhecimentos, já conquistados, e experiências vivenciadas, e também ao professor na desafiadora tarefa de enfrentar cotidianamente a heterogeneidade de suas classes, apresentando diferentes níveis de maturidade, idade, expectativas e de formação geral. 

Desde tempos imemoriais a narrativa tem sido um caminho interessante e motivador de se ensinar, gerando reflexões, curiosidade – que é um importante combustível para o aprender - , debates e abre um leque de opções extraordinário propiciando o desenvolvimento de uma diversidade de métodos para o professor engajado em amarrar em firme nó as informações transmitidas e o conhecimento em construção. Diversos profissionais têm se dedicado a este estudo e experiências fascinantes começam a ser descritas em congressos, seminários e fóruns de educação. Um meio que favorece o trabalho de todo e qualquer Componente Curricular, não apenas a Língua Portuguesa e Literatura, mas a Língua Estrangeira: seja inglês ou espanhol, a história, a matemática ( quem se esquece d”O homem que calculava”), da física, química, biologia...quem poderá ficar de fora?

A construção de narrativas cênicas a partir de jogos teatrais mostra-se uma alternativa  e que avança na produção de filmes, explorando ainda muitas outras habilidades necessárias à formação do educando. Sejam as narrativas orais ou escritas vão criando alicerces para que o aluno se posicione como protagonista do processo de ensino-aprendizagem abandonando a incômoda e submissa posição de alguém que recebe e pouco produz. Ele cria e materializa sua criação.

Narrativas de diferentes culturas também estimulam a pesquisa e possibilitam um trabalho interdisciplinar relevante, inclusive valorizando o propósito de conhecer o que não se conhece. Sempre é válido lembramos que o preconceito é fruto da ignorância. E assim quando mais se compreende o outro em todas as suas dimensões mais fácil entender diferenças e enriquecer-se com tradições, muitas vezes milenares que sinalizam os povos.

Sou favorável ao incentivo da leitura de contos. Geralmente mais curtos permitem que aquele que não gosta de ler ou ainda possua dificuldades de leitura encontre um caminho atraente para ser percorrido. Desperta o interesse pelo texto, considerando ser uma narrativa mais concisa, mais breve. E escrevê-los é sempre fascinante.

Permitir a leitura dramatizada e propiciar a interação entre os alunos é também uma maneira agradável de aproximá-los e nos aproximarmos deles. Os contos rompem as barreiras das idades. Integram a todos.

Quero compartilhar com os leitores um conto que escrevi e que já obteve alguns reconhecimentos. Chama-se “A cadeira da varanda”. Encerro com ele esse nosso bate-papo e deixo a cada um reflexão de como podemos explorar este e outros tantos contos em nossa sala de aula.

“Ela gritou para o menino que passava na calçada, enquanto se ajeitava na cadeira almofadada disposta na varanda da casa:

- Você é o filho da Dita ?

O menino, de uns doze anos, sem camisa e com uma bermuda aparentemente bem maior do que deveria usar, arrastando um chinelo, olhou-a surpreso e com expressão de agressividade, agitando o braço esquerdo, com a frase “sai pra lá!”. Afinal, já podia ter se acostumado às indagações da senhora, uma vez que essa pergunta sempre ressoava quando ele passava por ali. Aliás, não apenas ele, mas todo e qualquer transeunte.

Os vizinhos conheciam Dona Faustina e toda sua história de vida. A vizinha, Dona Zilá, ao adentrar a casa sempre era recepcionada pela senhora lamentosa afirmando que não havia comido ainda, que ninguém dava comida para ela, mesmo que fosse logo após o almoço.

Dona Faustina sempre foi uma mulher batalhadora, sofrida. Havia criado oito filhos, dois haviam falecido. O marido também não estava mais nesse mundo, para felicidade de todos, pois nunca tinha prestado, às voltas com amantes, jogos e bebidas. Tinha sido assassinado pelo marido de um de seus casos. Sempre se fizera ausente e Faustina havia assumido tudo, trabalhando na roça e educado seus filhos. Hoje todos muito bem sucedidos. Bem sucedidos e alheios a mãe. Somente Ciça não teve como escapar daquele “peso”.
Eventualmente alguém surgia para uma rápida visita e deixar um pacotinho disso ou daquilo ou um valor em dinheiro que pouco ajudaria. 

Faustina não os reconhecia. Conversava com eles aparentemente interessada, falava de seus filhos como se ainda fossem crianças, sem obedecer a regras temporais. Algumas vezes perguntava do marido e reclamava que estava demorando para o almoço.

De um momento para outro ficara daquele jeito. Para alguns havia se tornado motivo de chacota, para outros de desprezo, para outros de comiseração. Assim se passavam os dias de Faustina na cadeira da varanda. Não havia mais o vigor da juventude, nem se aventurava em preparar suas saborosas iguarias no fogão a lenha, a manter a casa asseada, o jardim florido, as galinhas nutridas, a horta viçosa. O mundo de Faustina oscilava em resgates curiosos, buscando nas janelas da memória pessoas e cenas arquivadas pelo tempo.

A vida seguia seu curso, mas os dias de Faustina eram outros. Tinha muito medo de Ciça que lhe fazia claras ameaças de aprisioná-la no quarto ou na casinha do cachorro. Nesses momentos se calava, sentava-se em sua cadeira e lá permanecia, pensando sabe Deus em que.

Algumas vezes era surpreendida em seu quarto, sentada na cama em animado diálogo com alguém invisível, e logo feliz anunciava que estava conversando com fulano de tal. O que deixava a todos arrepiados, pois a pessoa se encontrava no reino das sombras há décadas. Pairava a dúvida entre a insanidade e a espiritualidade.

Mostrava, contudo, uma saúde de ferro. Nem gripe pegava. Ciça dizia que iria morrer antes dela. Mas não foi assim. Um dia Faustina deitou-se e não levantou. Alguns dos filhos apareceram. Debruçaram-se escandalosamente sobre o caixão e choraram, talvez arrependidos, lembrando-se do descaso, da ausência e do desejo de mantê-la distante, ou preocupados em teatralizar o momento visando penalizar os espectadores.

Faustina estava no céu. Cumprira sua missão, mesmo que de forma inconsciente nos derradeiros meses de sua vida.

Ciça sentou-se na antiga cadeira da varanda e chorou temendo encerrar seus dias como os de sua mãe. Tinha três filhos, cuidariam dela ? Acariciou a cadeira, onde Faustina se mantinha sentada dia após dia. Seria prudente conservá-la.”



domingo, 14 de outubro de 2012

Deserto n´alma

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ergo-me qual um monolito solitário
chicoteado pelas areias do deserto
erijo-me entre flagelos e me descortino
cingido e bento por um escapulário
procuro-te e nada diviso por perto
grito teu nome num ato de desatino
saúdo o sol e acolho a lua
enquanto te vejo nua bailar pelas dunas
olhos tingidos de kohl  imitando a noite
sombras que se arrastam entre tamareiras
assim intocável, invulnerável e inatingível
beijo-te em minha onipresença alvissareira
ergo-me qual coluna de granito
que rompe as barreiras frágeis do tempo
para ter, sempre, você comigo,
uma fortuita eternidade, pura e bela,
se não fossem as tempestades
arrastando-me, nômade e palhaço,
pra onde Deus quer.



Divagações extintas


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nobre o canto das cigarras
onde estão?
perco-me buscando afoito o voo das monarcas
por onde vagam?
em que céus desfilam?
nem mesmo a borboleta olho-de-coruja volita adentrando minha casa,
confusa e amedrontada !
onde estão os jardins coloridos pelas esporinhas, sempre-vivas e dálias ?
o concreto a tudo ameaça
o cimento se derrama sobre a terra
erguem-se edifícios e shoppings
o ruído das cigarras?
são buzinas, ronco de motores e o burburinho de muitas vozes
monarcas não voam mais
voam balões de gás, aviões e helicópteros
e as lagartas são pulverizadas na preservação dos alimentos
vejo-a em um origami
numa fotografia já envelhecida
de um tempo de que parece ser de sonhos
de um tempo que não volta mais.



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

OUVIDOS NA PELE


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O sol se punha em uma tarde rósea, como se turmalinas invadissem os céus e espalhassem seu brilho suave a cada espaço por mais recôndito que se mostrasse. Na sala, alva em sua natureza, ecoava o choro de um menino franzino. Dulce, sua mãe, sorria, feliz por ter um filho saudável, diante de tantas incertezas e privações que atravessara. Pobre, residente em um casebre de pau a pique, e que não a constrangia. Orgulhava. Orgulhava-se por ter seu estreito teto, quase inabitável, mas regado a amor in natura. Ele, o menino, teria o nome de Manoel. Manoel logo passou a ser chamado Mané, pela mãe e vizinhança.

Mané, nome redutivo de Manoel, uma síntese. À princípio não era uma depreciação. A intenção de denominá-lo tolo, imbecil ou palerma veio depois.

Mas, Mané, tinha algo que poucos percebiam. Mané não ouvia como se costuma ouvir. Mané ouvia através da pele. Pela pele os sons se traduziam em palavras e emoções. Dessa forma, ouvia bem mais do que outros. Os sons adentravam sua carne. Conseguia, assim ler, bem mais que as entrelinhas. As vibrações que tocavam sua pele se materializavam.

Falsos elogios, choros dissimulados e insinuações eram logo decodificadas. As palavras lidas eram ásperas, suaves, cortantes, doces, amargas. Algumas palavras doíam, outras acariciavam. Algumas esbofeteavam, outras abençoavam. As palavras tinham odor, sabor, cor, revelavam-se em sensações táteis e tons diversos.

Essa percepção muitas vezes deixava Mané triste, pois ia muito além das aparências. E foram as tristezas de Mané que apresentaram a Dulce os dons do filho. Não demorou para que Mané figurasse na capa das melhores e mais destacadas revistas e se fizesse estrela nos principais canais de televisão. Dulce comemorava a fama e as oportunidades. Seu casebre expandiu-se um pouco mais.

Mané, como lia bem mais que as palavras e a mídia, entendeu que muitas outras pessoas tinham a mesma leitura que ele. Também sentiam, aquelas pessoas, na pele o peso das palavras. Havia aqueles que eram tão bombardeados pelas palavras dos outros que não suportavam a dor. Adoeciam, morriam ou interrompiam por si mesmos aquele sofrimento. Sabia que alguns vocábulos faziam estremecer.

Descobriu boquiaberto que os cães, gatos e outros animais também ouviam com a pele. E liam mais, talvez até o pensamento. Percebeu que as plantas também o ouviam e suas folhas tremulavam aos seus sons e sentimentos.

Mané percebeu mais. Percebeu, confuso, que talvez não fosse diferente das demais pessoas. Talvez fosse igual a elas. Não entendeu se realmente ouvia com os ouvidos ou com a pele. Talvez ouvisse com o corpo todo. 



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Jardim das Almas

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Vem aí meu novo romance JARDIM DAS ALMAS.

Breve lançamento.


Dias Monocromáticos


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havia sossego no bocejo
paz imantada jaz nos monjoleiros esquecidos
abrigo fátuo
no caos amigo dos dias
dias que se abraçam no bailado da vida
monocromática
enigmática
um suspiro no fim da tarde
crepúsculo alaranjado
suspiro que se aspira e se renova
que condena e absolve
vibra e murcha
dias que se vão
em turbilhão
amordaçados pelas horas
que se vão
mas não vem
acontecem

O Piano


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quieto descansa
o piano
mudo em suas notas
espia
enquanto se espreguiça solitário
sentindo o dedilhar que o vasculha
extraindo sons
em clássicos momentos
de prazer e satisfação
com o roçar leve dos dedos
a percorrer
em suas teclas
qual vértebras
beijadas no braile
carinhoso que canta
peças de piano


Os namorados da vovó - escrito pela amiga Cecília


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_Vó, me conta.   O Vô foi seu único namorado?
_Foi não, houve outro antes, uma paixão.
_E aí, Vó, não deu certo?  Você não quis?   Foi ele?
_Nós dois queríamos, muito.  A gente combinava, fazia planos...   Todo o mundo achava que daria casamento.   Mas amor é sentimento mimoso, delicado, quando menos se espera, por uma bobagem...
_Verdade, Vó?   Pensei que amor era forte, agüentava todos os repuxos da vida!
_O amor é mesmo forte, suporta quase tudo, até sacrifícios muito pesados.     Mas, ás vezes, por uma coisinha á toa...
_Como foi, Vó?
_Sabe, naquele tempo tudo era devagar.   A gente se apaixonava, levava meses só trocando olhares, recadinhos.   Quando por fim namorava, se encontrava tão raramente que nem conseguia trocar carinhos inocentes... Nunca namorados ficavam sozinhos, só noivos.
E, para noivar, cada um tinha que conhecer a família do outro,  aprovar e ser aprovado.  Pretendíamos oficializar o noivado na Páscoa.   No domingo de Carnaval me aprontei no capricho e fui conhecer a família do moço.
 Jantar de cerimônia, porcelanas, cristais, vinho, receitas de família, pudim de ovos, balas de café.  Gostei deles, gostaram de mim, ia dar certo.   Estávamos radiantes..
Durante  toda a visita a irmãzinha, uma graça de menina,  me vigiava com o rabinho dos olhos marotos, misteriosa.  Não sei se criancice ou malvadeza, na despedida sussurrou ao meu ouvido, claramente:
‘Você vai entrar na família, precisa saber um segredo:  Meu irmão faz xixi na cama, todas as noites!”
Na Páscoa conheci seu avô.

Cecília

Participe


http://movimentoativista.blogspot.com.br/2012/10/mil-poemas-para-goncalves-dias.html

Lançamento dia 13 de Outubro - Vale conhecer



CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Edições Costelas felinas

Voo da Cotovia

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Celeiro de Escritores

Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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Literacidade

O Conto Brasileiro Hoje

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RG Editores

4ª Antologia da ALAF

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