terça-feira, 29 de março de 2011

AMIGOS POETAS ADMIRÁVEIS

Em meu modesto caminho literário tenho conhecido muitas pessoas, muitos poetas. Uma variedade impressionante de estilos, de mensagens, de preocupações e buscas. Não é fácil classificar algo como “o melhor”. O mundo multidimensional da poesia sempre foi assim. Encantar-se com “Antífona” de Cruz e Sousa e passear admiravelmente pela “Abandonada” de Augusto dos Anjos. Quem quer aprender a respeitar e valorizar a diversidade deve vaguear pela literatura. Famosos ou anônimos, Best Seller ou um livro produzido apenas para si, no prazer exultante da publicação, ou aqueles outros tantos amarelados escritos e esquecidos na gaveta da escrivaninha. A alma pulsa em divinas cores. O importante é registrar os sentimentos que insistem em ser expelidos do cofre que trancafiamos em nosso coração.
Resolvi escrever estas linhas para ressaltar os trabalhos inúmeros que tenho conhecido. Logo abaixo, você encontrará “sites que você deve conhecer”. Conheça !

O ANDARILHO

- A senhora pode me ajudar ?, disse com a voz envergonhada, buscando no âmago do seu ser vencer a humilhação, a timidez e encorajar-se para pedir algumas moedas que pudessem transformar-se em alimento. Seu corpo estava fraco e trêmulo, não comia qualquer coisa que o nutrisse há muito tempo.
A mulher trajando um vestido de seda, ornado com belo lenço rosáceo, deixou despencar uma moeda nas mãos calejadas de Adamastor. Ele a abençoou, mas a altiva senhora pareceu não ouvi-lo. Desejava apenas fazer sua caridade diária. Outras pessoas a sucederam. Outras moedas foram depositadas, outros o ignoravam, entendendo-o como um estorvo mal cheiroso nas escadarias da Matriz de Nossa Senhora da Agonia.
Uma menininha disse afetuoso “oi” ao mendigo sendo puxada e arrastada pela mãe, como se tivesse cometido a pior das travessuras.
Adamastor olhava tudo em profunda reflexão. Um dia já descera por escadas semelhantes, porém acabou descendo excessivamente por motivos incontroláveis. Já tivera seu emprego, sua esposa e seus filhos, mas a vida foi retirando cada coisa de seu convívio com capricho e frieza. Primeiro foi a esposa, Divina, que foi acometida de grave doença. Pobres, o mau atendimento nos hospitais e o medo de perdê-la fez com que arriscasse o que podia para comprar os remédios caros e necessários. O mal de Divina arrastou-se por meses consumindo energia, paz, confiança e recursos financeiros. Adamastor endividou-se. Não demorou para que palmas no portão significassem cobrança.
Lívia, sua filha mais velha, cuidava da mãe enferma com extremo carinho e dedicação, postando-se dia e noite a seu lado, como um anjo da guarda procurando atendê-la em toda e qualquer necessidade. Já Victor perdia-se com amigos e aventuras. Tornou-se rebelde, mal educado, estúpido e agressivo. Sentia-se dono de si, intocável, inatingível. Diante dos conselhos paternos ironizava e ofendia. Eventualmente aparecia com uma camiseta nova, uma bermuda de marca, um tênis caro demais para que pudesse ter acesso. Adamastor preocupava-se com o futuro do filho.
A doença de Divina obrigava o marido a estar junto dela, levá-la ao médico, ampará-la nas piores crises. Isso fazia com que faltasse ao trabalho ou se tornasse improdutivo, pois a imagem da mulher não lhe saía da cabeça. Seu patrão, Sr. Anastácio, já o alertara que se cuidasse ou seria despedido.
Divina faleceu e foram novos gastos, aliados a notícia de que estava despedido da empresa. A morte da esposa foi seguida de fome, água e luz cortada, pessoas agressivas que queriam receber o que ele devia.
Sua filha enrabichou-se com um homem bem mais velho e foi embora. Adamastor nunca soube para onde, se estava bem, se estava feliz, se havia feito uma boa escolha, afinal com ou sem necessidade ali ela encontraria sempre amor, carinho e compreensão. Tudo aconteceu muito rápido. A menina acordou numa manhã, arrumou as trouxas e disse que iria embora. Disse e foi.
O garoto Victor também seguiu seu caminho. Adamastor sempre via um carro preto, de vidros escuros, buscá-lo. Um dia o buscou e não devolveu mais.
Ficou só. Realmente só. Não tinha outros parentes. Há meses não pagava o aluguel e não demorou ser despejado. Despejado passou a residir em um albergue e do albergue foi para as ruas. As ruas mostraram uma outra face. A disputa pelos lugares para dormir, o frio, a fome, o descaso, sentiu na pele o que é ser ignorado, olhado com cautela, com receio, tratado com violência. Os primeiros contatos com o álcool para superar o sofrimento. Era comum ser conduzido por policiais para estradas ermas, outras cidade e apanhar muito.
Em uma ocasião sentiu fortes dores no estômago enquanto caminhava. Apoiou-se no muro de uma mansão, tentando controlar os espasmos e a dor abdominal. Não tardou para que uma viatura estacionasse ao lado e três homens o chutassem, chamando-o de bêbado e acusando-o de intencionar roubar aquela casa. Sofreu diversas contusões e foi lançado em uma estrada de terra, entre moitas de colonião.
Caminhou a esmo pela estrada, em prantos, apanhou algumas goiabas que encontrou e buscou o conforto de um rio, entre a sombra de árvores copadas, onde despiu-se e banhou-se.
Sua vida peregrina o fazia seguir de cidade a cidade. Ali onde estava encontrara um grupo de pessoas espíritas que ofereciam sopa aos andarilhos. Foi ali que recebeu as últimas moedas na porta da igreja. Um dos integrantes do grupo ofereceu-lhe a oportunidade de ser caseiro em um sítio não muito distante.
Agora, Adamastor começou escrever sua vida, suas alegrias e suas dores, nas ruas e estradas e a superação de tudo isso. É desejo do grupo que ele lance seu livro e leve as pessoas a refletirem sobre as intempéries que vivemos, as vicissitudes e as bênçãos que alicerçam nossas vidas.

segunda-feira, 28 de março de 2011

UM LOBISOMEM EM MINAS GERAIS


Carnaval. Enquanto muitas pessoas se acotovelavam entre trios elétricos em ritmo alucinante e outros preparavam suas fantasias para desfilar na Avenida, Anna Jacinta fazia as malas, conferindo os itens, para uma tranqüila estadia em São Thomé das Letras, Minas Gerais. Como era seu hábito, procurou sua amiga Renata, uma cartomante, para conhecer os augúrios da viagem prestes a ocorrer. A amiga, contudo, estava atarefada, atendendo a outras pessoas em cidades vizinhas. Por isso, rumou para a casa da yalorixá Nicinha de Yemanjá, Mãe Nicinha, com quem também mantinha contato freqüente. Iria consultar Ifá.
Os búzios se abriram com notícias que deixaram a yalorixá apreensiva.
- O jogo fala em caminhos de perigo e de morte. Uma viagem que trará algo muito negativo a princípio, desespero e morte. Aconselho você a não fazer essa viagem...e se o fizer mantenha-se afastada da floresta.
Anna Jacinta refletiu sobre as palavras. Indagou muito sobre a questão da floresta, pois não a visualizava onde estava indo. A cidade era uma cidade de pedras, montanhas, cachoeiras...mas, como não era de natureza impressionável retornou para casa afim de concluir os preparativos. Queria aproveitar o carnaval para descansar um pouco, reeditar metas, estabelecer estratégias, desejava muito investir no difícil caminho literário, quem sabe ter um de seus livros entre os Best Sellers. Não iria sozinha nessa viagem, contava com a companhia do amigo Gabriel, que dava os primeiros passos na carreira como fotógrafo. Ele tinha como objetivo captar imagens da cidade e realizar sua primeira exposição.
Distante dali, há uns trezentos e sessenta quilômetros, Daniel e Alice também se organizavam. Queriam fugir da badalação e dos batuques refugiando-se nas grutas e cachoeiras ou apenas curtindo, em silêncio, o mais belo por do sol que existe. A saída estava atrasada, pois Alice a cada momento esquecia-se de um detalhe.
Daniel estava investindo em sua empresa de marketing e Alice estava esgotada da vida tumultuada e turbulenta daquela cidade. Queria paz ! Já nutria desejos terroristas e atentados para realizar dentro do metrô. Estava desgastada. Muito ouvira falar de São Thomé e agora a oportunidade reluzia como ouro ao sol. Daniel e Alice estavam juntos há oito anos e também era o momento de vivenciarem novos ares e novos momentos juntos.
Na mesma cidade, buscando fugir da capital, Milton e Sylvia lotavam o porta malas do carro de tudo que poderiam necessitar, apesar de já terem reservado um espaço em uma das pousadas. Era a primeira vez deles na cidade e estavam divididos entre a expectativa e a ansiedade. Milton buscava dedicar-se agora empresa onde fora contratado e com grandes chances de um longo caminho de sucesso profissional. Sylvia dedicava-se ao seu mais novo trabalho. Havia mudado de empresa e estava empenhando-se para que a mudança fosse produtiva. Estavam juntos há seis meses, mas já se conheciam bastante, havendo bastante sintonia entre eles. A decisão de viajar também resumiu-se em fugir da agitação carnavalesca e como desejavam conhecer a cidadezinha mineira tão bem falada pelos amigos, optaram por visitá-la.
A chuva havia chegado antes deles e parecia que iria persistir ao longo de toda semana. Uma intensa neblina recheava cada rua de pedra, como se fossem flocos de algodão. Em alguns momentos não era possível ver o que se desenhava há poucos metros. Mas mesmo assim a cidade mantinha seu encanto.
Aos poucos os turistas foram se aglomerando. Pessoas querendo descansar, outras curtindo o bom e velho rock, outros apenas transitando pacatamente admirando a paisagem, as opções de artesanato e alimentação, sempre imantados num místico odor de incensos. Uma cidade peculiar, que faz jus a idéia de ser um portal, fazendo com que cada um se sinta em outra dimensão, outra realidade, vibrando na essência da serenidade e liberdade.
Apesar da persistente chuva, Anna Jacinta e Gabriel desafiaram-se em fazer a rota mística em um dia, visitando a Pedra Furada, a Gruta do Chico Taquara, a Gruta do Carimbado e a Ladeira do Amendoim e o Vale das Borboletas. Na verdade já conheciam esses lugares e outros como Shangrilá e a Gruta do Indio, mas eram locais que nunca se cansavam de visitar. No outro dia fariam as grutas e cachoeiras. E foi nesse propósito que procuraram um senhor que estava estacionado na praça com seu jipe. Enquanto conversavam e definiam o percurso, aproximaram-se também Daniel e Alice, e Milton e Sylvia, todos dispostos a mesma aventura. Apertaram-se no veículo e tomaram rumo a saída da cidade.
O motorista e guia era Euclides, já sexagenário, nascido e criado na cidade, conhecendo-a com a palma da mão. Logo ao descer pela estrada de terra apontou para o despenhadeiro que ladeava a estrada. Questionado por Daniel sobre a altura, disse que não tinha idéia, mas era muito alto, mas ninguém havia descido a ladeira pra contar. A estrada de terra estava repleta de barro, poças de água e buracos que chacoalhavam o velho jipe, fazendo as pessoas se segurarem onde podiam. Todos riam, conversavam e contavam estórias pessoais que nunca terminavam emendando-se com outros assuntos.
Nesse roteiro visitaram a cachoeira da Eubiose, Flávio, Véu da Noiva e Paraíso. Milton, ousadamente, despiu-se e apenas de sunga mergulhou nas águas geladas da primeira cachoeira, repetindo o ato nas demais, enquanto era aplaudido e fotografado. Apenas no Véu da Noiva os demais encorajaram-se a fazer o mesmo. Foi em uma dessas peripécias que Daniel escorregou deixando a correnteza levar sua máquina fotográfica com todos os registros. Anna Jacinta continuou junto a mata, onde gostava de ficar, meditando e deixando-se desligar absorvendo a energia e pureza do lugar.
A chuva recomeçou e considerando o entardecer entenderam já ser o momento de retornarem a cidade. A estrada estava modificada devido as águas, escorregadia e com visão difícil em razão das brumas. Em uma das curvas, dois faróis toparam com o jipe, obrigando Euclides a jogá-lo para a esquerda. A estrada lisa empurrou o veículo ladeira abaixo. A inclinação era quase vertical e podia-se sentir além dos corpos serem lançados de um lado para o outro dentro do jipe, os troncos finos das árvores sendo quebrados, galhos e cipós sendo arrastados. A queda parecia interminável. O terror se apossou de todos. Gritos, gemidos e invocações eram ouvidas em total confusão. O jipe, no entanto, estacou de súbito, jogando todos para frente, enroscado por uma cerca e muitos cipós.
Os corpos estavam doloridos e um procurava socorrer o outro. Hematomas, nariz sangrando, alguns cortes, mas aparentemente todos estavam bem, apesar de apavorados, com a respiração ofegante e trêmulos. A tensão fazia com que chorassem, alguns externa e outros internamente. A chuva havia parado totalmente, dando lugar a um luar claro, típico da lua cheia. A escuridão seria intensa se não fossem os raios do satélite.
Euclides informou que era impossível escalar o despenhadeiro, além de escorregadio e perigoso, em razão de animais peçonhentos, e tomou a frente. Propôs caminharem ali, onde o espaço se alargava em um grande pasto, entremeado por moitas e arbustos. Daniel pediu que todos ficassem juntos e tomassem muito cuidado onde viessem pisar. Depois de uma grande caminhada, o cansaço os venceu e preferiram sentar-se na grama para um rápido descanso. Alice, aproveitando-se da parada, anunciou que precisava esvaziar a bexiga e foi até alguns arbustos próximos. Retornou de olhos arregalados. De onde estava pôde visualizar Euclides despir-se no meio do pasto mais adiante. Intrigados todos foram até os arbustos,duvidosos subiram nas pedras e puderam acompanhar uma cena inesquecível e que marcaria a todos.
A lua prateada refletia no campo aberto deixando avistar Euclides nu, contorcendo-se, como se algo o consumisse. Viram-no postar-se de quatro, seu corpo cobrir-se de pelos e emitir um uivo lancinante. Os corpos dos jovens arrepiaram-se. Euclides tornara-se um lobo de imensas proporções.
Por um instante ficaram paralisados. Sylvia começou a gritar e chorar intempestivamente e saiu correndo para o lado oposto, todos a seguiram, considerando ser a opção mais pertinente naquele momento. Um barulho como que de palmas pausadas, entremeadas de um estranho arfar, os seguia e parecia estar cada vez mais próximo. Todos se arrastavam levando os galhos dos arbustos no peito, sendo ricocheteados e arranhados. Decidiram embrenhar-se entre as árvores que sustentavam o despenhadeiro. Grandes árvores, cipoais e muita vegetação. Acocoraram-se atrás das folhagens da floresta nativa, apurando os ouvidos. Um tempo se passou ouvindo-se apenas um ou outro pássaro da noite. Milton respirou profundamente e saiu do esconderijo, sob aclamações de que tomasse cuidado. Avançou alguns passos pelo pasto. Aliviado ia retornar ao grupo, quando viu-se diante do lobisomem.
O monstro o estapeou como se fosse uma bola de meia, sendo atirado para distante com um rasgo na barriga. O animal enfurecido mordeu-o no pescoço, arrancando sua cabeça.
Instintivamente todos saíram correndo, porém cada um para um lado. Daniel puxava Alice para junto de si, mas aterrorizada escapou e desapareceu na escuridão. Diante da aproximação do ser lendário, Daniel avançou entre os arbustos, sendo tragado por um brejo profundo.
O lobisomem seguiu adiante. Queria sangue. Queria a morte. Anna Jacinta foi alcançada e dilacerada. Aos poucos a fera cercava e matava cada um. Seu instinto assassino estava incontrolável.Por outro lado levado também pelo instinto, Gabriel subiu em uma árvore consideravelmente alta e que em tempos normais jamais seria capaz de escalar. Alice enfiou-se entre rochedos, sendo surpreendida pela presença do lobisomem. Ele escavou, circundou, cheirou, tentou arrancá-la daquele espaço de todas as formas, demonstrando rápido raciocínio, até que conseguiu alcançá-la e executá-la impiedosamente.
Sylvia foi a próxima da carnificina. Havia mergulhado entre os lírios do brejo, mas não conseguia controlar seu choro e suspiros. Logo foi identificada, num salto, ele a abocanhou e destroçou, como quem mata um frango.
O bicho passou arfando perto do charco onde Daniel mergulhara. Por um milagre a lama o protegeu, ocultando seu corpo e seus odores. Manteve-se escondido. Uma sucessão de uivos e silêncio. O sol em breve se ergueria.
Daniel deixou o lamaçal com o dia já claro. Caminhou temeroso e atento a cada som, detendo-se a qualquer ruído. Aos poucos deparou-se com pedaços de corpos. Diante do rochedo foi acometido por um choro compulsivo, o corpo de Alice jazia imóvel, despedaçado. Encontrou a câmara fotográfica de Gabriel e colocou-a no pescoço. Com dificuldades escalou o despenhadeiro. Chegou a estrada exaurido, uma parte de sua alma já não estava mais consigo.
A polícia anotou os desaparecimentos. Riram muito da estória do lobisomem alegando que provavelmente ele havia tomado algum chá, talvez lírio ou cogumelo. Daniel insistiu que o acompanhassem até o lugar. Para seu desespero não havia jipe, nem corpos.
Daniel foi internado em estado de choque e crise depressiva. Foram meses de cuidados.
Os exames no sangue de Daniel, curiosamente, identificaram a presença de escopolamina. Ele era o grande suspeito pelo desaparecimento das pessoas. Talvez os tenha matado em decorrência do uso de alucinógenos.
Em sua escrivaninha, muito tempo depois, passou a ver as fotos arquivadas na máquina fotográfica de Gabriel. Seu corpo estremeceu quando viu as fotos do animal. Gabriel havia conseguido fotografá-lo. E mais...havia filmado, filmado o lobisomem no momento em que o atacou.
Teria para si uma importante tarefa. Escreveria um livro para realizar o sonho de Anna Jacinta e seria dedicado a amada e eterna Alice, nele contaria todos os desejos e potenciais de Milton e Sylvia, e seria ilustrado com as fotos tiradas por Gabriel.
Foi até a janela do apartamento. Era lua cheia, como naquela noite em que rolaram pelo precipício. Em São Thomé das Letras, Gabriel despia-se entregando-se a sua metamorfose.

sexta-feira, 25 de março de 2011

VISÃO DE MUNDO


hoje o mundo é perverso e cruel acusam alguns
terrorismo acontece na Líbia, em Israel, no Irã,
ouvimos sobre assassinatos, seqüestros, bombas,
contra humanos e animais, florestas e rios
homens, focas, golfinhos e tantos desvarios.

nazistas conduziram muitos judeus à morte
khmer vermelho deixou marcas de toda sorte
o antigo testamento é repleto de exemplos
Francisco Pizarro conquistou os Incas
Hernán Cortez dominou os Astecas
pouco se fala das atrocidades na colonização do Congo
como desapareceram (ou quase) paiaguás, bororos, xocós

os romanos chamavam de bárbaros todos que não fossem romanos
chamamos de selvagens todos que não são civilizados?

O que é civilização?

selvagem: bárbaro, bestial, brutal, bruto, feroz

também chamamos de incultos, ignorantes, primitivos

o momento é de reler a história
repensar estórias até hoje narradas
ensinadas na escola e cobradas em provas

que visão de mundo temos gerado ?

DIZ O DITO...

macacos não me mordam
aliás nem cachorros, morcegos ou gatos
quero uma vida tranqüila
deitar e acordar com as galinhas
afinal o tatu sempre procura seu buraco
e aos poucos a gente descobre
que berimbau não é gaita
que é bobagem espirrar na farofa
que de cobra não nasce passarinho
e mesmo que faça frio suficiente
para empedrar água de poço
há coisa de muito mais valor !
o mundo dá muita volta
e pela boca morre o peixe
vou me aquietar em meu casulo
minha pequena casinha, mesmo que sozinho,
distante e afastado de todo burburinho
cansado de gente
que se faz de leitão vesgo pra mamar em duas tetas
mas como pata de galinha nunca matou pinto
respiro fundo, reciclo e sigo
a vida é assim
e quem não gosta de ficar coçando o saco
mate a cobra e mostre o pau !

COTIDIANO

lustro a prata do sorriso
em limo esverdeado
que do canto da boca escorre
tentando caçar o mosquito
estapeio e me irrito
vermelho indiano
num céu de pacato ciano
toco piano
em melodia de Bach
me coço e me espreguiço
giárdia, bicho estranho,
mas há muitos parasitas
inclusive entre humanos
sugam o sangue, a alma, o intelecto
haja meditação !
deles me desinfeto
visto um pijama e vou para a cama
sonhar com cenas sublimes
nadando num lago de cisnes
e comendo pipoca.

HOMEM DO CAMPO



cava terra, fofa, úmida, com cheiro de minhoca
rastela a folha seca, puxa a enxada, raspa, cavoca
modelando os ornamentais canteiros com maestria
refletindo, em sua magia, as cores do arrebol

plantar é colocar em ação uma poesia
um broto que aponta de braços abertos para o sol
sol e água que na alquimia oculta e desafiadora
transmuta carrapicho em viçosa lavoura

aduba, com húmus, revolve o solo, se encanta
hortaliças, flores, plantas medicinais e aromáticas
tudo emerge rompendo o silêncio do chão
pulsando vigoroso como lavas de um vulcão

braços que abraçam a terra em olhar distante
regando-a com suor salgado e persistente
há milhares de anos o homem cultiva
muda cenários, desafia, espinha do dragão,
nas montanhas íngremes da China, nos lagos,
em regiões semi-áridas, a colheita do algodão

o homem da terra é aquele que se encerra
lavrando o campo, movendo a terra
para que a vida de tantos se abasteça
enquanto sofre, se corta e se queima
em diálogo puro e amoroso com a natureza.

quinta-feira, 24 de março de 2011

UM GRANDE HOMEM

"Devemos julgar um homem mais por suas perguntas do que pelas respostas"
Voltaire

NOTÍCIAS DE HOJE

você lê:
protestos se tornam violentos em Bruxelas
catorze mísseis atingiram a Líbia
crescente aplicação de pena de morte no Irã
desemprego no Brasil é maior desde agosto de 2010
quase 26 mil pessoas foram mortas ou desaparecidas com tsunami no Japão
bomba mata mulher e fere 30 em Jerusalém

você se depara:
- com melindres e falta de diálogo conciliador
- com articulações oriundas de orgulho ferido
- disputas infelizes de pequenos poderes pessoais
- com problemas imaginários do que pode vir acontecer
- com a falta de compromisso e justificativas banais para problemas reais
- com jogos improdutivos de dissimulação

você analisa:
muita gente precisaria estar lá para ter com que se preocupar...
muita gente que está lá precisaria estar aqui para ensinar serenidade.

quarta-feira, 23 de março de 2011

INCOMUM

diante do infortúnio reajo
choro, lamento e com lágrimas comovo
silencio com olhar distante e depressivo
fulmino com meu olhar causticante
esbravejo agressivo e intimidador
seja como for te convenço e te conquisto
te inibo e te controlo
afinal faço tudo por você.

diante da alegria celebro !
por minutos constantes
lembrando o quanto não devo sorrir
não mereço, nem por instantes,
o certo mesmo é sofrer.

na tristeza eu me esbaldo
há assunto pra mais de metro
até me inquieto
pensando em tudo que posso reclamar.
se pode dar errado dará
ali não adianta investir
você nunca deve tentar
afinal, é vergonhoso errar.

no dia a dia não adianta
tenho uma crítica pra fomentar
um olhar pra censurar
um dedo pra apontar

mas sou feliz do jeito que sou
analiso e manipulo
com maestria e sem pudor
e com a sua dor ?
pego em tua mão e te cortejo
desde que satisfaça o meu desejo
e faça o que eu quiser.

terça-feira, 22 de março de 2011

EU CANTO

canto o canto do trinca ferro
em cada canto com os encantos
de quem canta a vida

o canto da mesa, o canto do quarto
o canto na vitrola
ou aquele que canto com a viola

canto um canto de Angola
aos pés do imbundeiro
recanto de paz na bela Luanda

canto no silêncio
inaudível
um om secreto
primordial

canto

canto a poesia, recito, enalteço
canto o sorriso e a tristeza
a beleza e o medo do desconhecido
pois se canta na vida
se canta na morte
há canto de toda sorte
o gloterar da cegonha
o crocitar do corvo
vespa, gorila, sapo, morsa
animais de todo porte

canto da sereia na noite de lua
enquanto descanso
em meu cantinho
a um canto da casa

cântaro de sons e barro
em Java comendo ampo
e no campo
pontapé de canto é escanteio !

AMOR EM VERSOS


Breve lançamento da Coletânea "Amor em Versos", pelo Celeiro de Escritores.
Na Coletânea você poderá encontrar mais um pedacinho de mim.
Visite: http://www.celeirodeescritores.org/acompanhe.asp
Contato: celeirodeescritores@gmail.com

CARACOL

passos lentos que se arrastam
como caracol que passa
deixando rastro
não olha e não pensa
apenas caminha pela vida
alimenta, multiplica e segue
Oh, Deuses dos Caracóis !!!
Que vida é essa ?

GOTAS FRIAS

desce a chuva em gotas frias
beijando teu corpo trêmulo
escondido na camiseta de malha
já quase transparente
e me olha com a ingenuidade pura
de uma pedra de gelo que derrete
espalhando-se em gotas cristalinas
pelo chão úmido e poroso
gotas de chuva sem suor
gotas de chuva sem lágrimas
gotas de chuva sem saliva
gotas de chuva
que apenas escorrem pelo seu corpo
queria ser uma simples gota
para deslizar despretensiosa e nua
obedecendo os efeitos da gravidade
e percorrendo cavidades
para chegar ao chão.

IDADES

na Idade da Pedra
o homem sonha, o homem teme, o homem procria
e volta para a caverna

na Idade Antiga
o homem sonha, teme, procria, analisa, constrói
e vai ao templo

na Idade Média
o homem sonha, teme, procria, reza, articula
e vai a Igreja

na Idade das Luzes
o homem sonha, teme, procria, questiona, aponta
e se atrevem a conhecer-se

na Era do Conhecimento
o homem sonha, teme, procria, viaja pela internet
e tem contatos virtuais


o homem é o homem em qualquer época
vive, sonha, sofre, espera, se orgulha, mata, cria
em qualquer país, em qualquer cultura,
de qualquer crença, de qualquer raça
o que faz uns melhores que outros ?

BEIJO FLUIDO

quero sentir a gota orvalhada
que escorre do caule rijo e pulsante
bombeando a lasciva seiva
oculta em odores de prazer

sugar o néctar puro e translúcido
que escorre quente
como gêiseres em explosões quiméricas
na misteriosa Enceladus

gemer n o som gutural da vida
enquanto desliza
alheio e puro
bombardeando o céu

céu sem estrelas
em fissuras que separa
o paladar e o olfato
com o gosto exótico da luxúria

espuma do mar que gerou Afrodite
beijos em estrelas diáfanas
arquivando o sagrado e o profano
em eterna comunhão.

sábado, 19 de março de 2011

A PENTEADEIRA

Após a morte de sua mãe, Nice decidiu uma vida nova. Toda aquela casa lembrava os momentos que passara ao lado de Dona Deosdata, o peso era grande e o coração estava dolorido, pesado, sem que pudesse compreender a dor da separação imposta pelo falecimento de alguém tão querido. Ao longo de sua vida apoiara-se na mãe, era sua conselheira, sua amiga, sua financiadora e para quem corria quando tomava suas decisões precipitadas ou mal pensadas em busca de socorro e solução. A casa era pequena, em bairro isolado, sem grande luxo ou conforto. Mesmo assim havia se fixado na idéia de que era preciso sair dali.

Nice tinha um filho, Marcelo, de quinze anos. Era mãe solteira por escolha própria. Engravidou propositadamente para ter um filho, sem qualquer interesse em casamento, afinal planejara uma vida longa, segura e tranqüila ao lado da mãe. Era professora, sem grande destaque, arrastada pelo seu enorme peso de sala em sala de aula, e sem grande disposição ou inteligência para grandes feitos. De temperamento difícil, não aprendera a assumir responsabilidades, acreditando que sob os auspícios de sua mãe era possível contornar situações e, no caso de falta de trabalho, tinha quem a sustentasse.

Aconselhada por colegas no trabalho sugeriram apenas redecorar a casa, mudar coisas de lugar, inserir algo novo, afinal todos sabiam que a venda daquela casa para comprar outra não era um bom negócio. Embora não cultivasse amizades, aceitou alguns palpites, avaliou e entendeu que a melhor opção seria mudar o visual de onde morava. Escolheu as cores para pintura da fachada e cômodos, foi até a floricultura em busca de arbustos e vasos para o jardim que ficava logo em frente da residência e passou a pensar nos móveis, com quais ficaria e o que iria adquirir.

Considerando seu baixo orçamento, preferiu procurar um brechó de móveis usados para trocar ou adquirir o que desejava para sua nova casa. Avistou uma antiga penteadeira provençal, em imbuía, muito bonita. Logo apaixonou-se. Já a imaginou em seu quarto, combinando com os demais móveis.

Aos poucos a casa foi tomando novas formas e cores, com os quadros, flores, reforma do sofá e aquisição de móveis que deram um estilo gostoso, atraente e ameno a casa. Naturalmente, Nice sempre estava pedindo sugestão ou conselho a alguém, raramente tomando suas próprias decisões. Aprendera a depender totalmente da opinião e aprovação das pessoas para sentir-se feliz. Nutria, contudo, dentro de si mesma uma crescente insatisfação e esta parecia traduzir-se em uma fome voluptuosa que a engordava dia a dia.

Marcelo também havia ganhado um novo quarto, azul, sem muitos adereços, pois vigiava para que seu filho fosse realmente homem, temia profundamente que apresentasse qualquer outra tendência.

Na sala reservou um pedestal exclusivo para a Bíblia Sagrada que, embora nunca tivesse lido ou fosse praticante assídua de qualquer crença, garantia a aprovação da vizinhança devotadamente católica.

Seu orgulho, no entanto, era a sua nova aquisição: a penteadeira. Sentou-se diante dela para pentear-se, passar um creme facial e um batom. Teria aula brevemente. Entregou-se na profunda contemplação de si mesma, quando percebeu um vulto atravessar o quarto por suas costas. Olhou para trás rapidamente, levantou-se chamando o filho. Andou pela casa e estava vazia. Tentou convencer-se de que havia sido alguma ilusão de óptica. O filho deveria estar no seu curso de inglês naquele momento.

Retornou ao quarto para vestir sua tradicional calça jeans e a bata, quando ouviu chamá-la. Apressou-se acreditando ser Beth, a moto-taxista, que diariamente a levava à escola. A rua, entretanto, estava deserta. Certamente, estava enlouquecendo, riu-se de si mesma e voltou para dentro da casa.

A noite chegou calma, olhou-se mais uma vez no espelho, e deitou-se preguiçosa. Um estrondo fortíssimo a despertou num sobressalto. Vinha do quarto do filho. Parecia que o guarda-roupas havia caído. Chegou ao quarto do menino com palpitações. Ele dormia placidamente.

Nice não tinha vontade se sair do quarto, muitas vezes acordada pelo celular por ter esquecido da aula. Queria ficar ali, solitária, próxima a penteadeira onde sonhava ou apenas desaparecia em inúmeros pensamentos, absorvida pelas horas e pelo tempo. Acariciava o móvel como se ele preenchesse o vazio que a consumia. Em uma dessas reflexões diante do espelho sentiu que alguém se apoiava em seus ombros. Assustou-se, mas havia apenas a penumbra do quarto como companhia.

Outras vezes parecia divisar no espelho não o seu rosto, mas o de uma jovem muito bonita, porém de olhar triste e distante.

Entendendo-se depressiva em razão da morte da mãe, procurou um médico, Dr. Ramos, que lhe receitou alguns comprimidos.

Quando saía de casa queria fazer tudo muito rápido, sentia falta da penteadeira. Pensava nela e somente relaxava quando entrava no quarto e a via. Os problemas pareciam desaparecer, as preocupações diluíam, os medos cessavam. Não demorou para que começasse a conversar com o móvel, narrar suas angústias, decepções, ressentimentos...era seu divã.

Ao mesmo tempo passou a remoer um medo crescente de que o filho namorasse. Sucediam-se lições para que não transasse com ninguém e o monitorava para que nem se masturbasse. O filho tornou-se quase um monge com tempo cronometrado para cada atividade, sempre rigorosamente cuidadas por Nice.

Na escola tornara-se um pessoa do tipo mal amada, amarga, isentando-se sempre de responsabilidades e sabendo atribuí-las aos colegas. Alguns colegas interpretavam como a falta da mãe, a dor da perda, outros começavam a irritar-se e dar respostas ríspidas para o comportamento de Nice. Algumas vezes na sala de aula surpreendia-se preocupada com a penteadeira e uma ansiedade tomava conta de todo seu ser, tornava-se então agressiva com os alunos.

Como fazia habitualmente aconchegou-se ao espelho, olhando para si mesma. Uma terrível angústia a dominou. Instintivamente foi ao quartinho no fundo da casa, pegou uma corda e lançou-a na velha mangueira. Agia mecanicamente, como que hipnotizada... seu corpo balançou no forte galho.

Marcelo, chegando da casa de seus tios, deparou-se com a cena horrenda. Nice estava morta.

quinta-feira, 17 de março de 2011

UMA LIÇÃO DE AMOR

Tudo indicava uma vida nova, novos ares, nova casa, novos amigos. Decidiram mudar-se para uma pacata cidade do interior, distante da agitação e violência crescente na capital. Eduardo estava completando cinco anos e eles queriam que tivesse uma vida menos atribulada, com uma infância saudável, em contato com a natureza e o mais importante, mais seguro. A idéia constante de seqüestros relâmpagos, assassinatos, roubos, além do corre-corre inútil da cidade grande sobrecarregando a todos de um stress abusivo e luta permanente contra o relógio, comprometendo a qualidade de vida das pessoas, fez com que Paula e Renan tomassem uma decisão. Cuidariam do filho em outro lugar.
O carro estacionou diante da nova casa de muro baixo. Um jardim de manacás e tinhorões a ladeavam. Bem diferente do apartamento no 12º andar em que residiam. O quintal era grande com laranjeiras, jabuticabeira, limoeiro...um bosque comparando-se aonde viviam. A casa era confortável, agradável, bem ventilada. Um bom lugar para seu filho crescer. Paula rapidamente iniciou um animado bate-papo com a vizinha, Dona Ermelinda, com a idade visível pelos sulcos no rosto.
Não demorou para que a casa estivesse organizada. Paula no próximo mês começaria a lecionar na escola municipal local na alfabetização de crianças e Renan como investigador de polícia. Nessas ocasiões, Eduardo seria levado à creche que funcionava anexa à escola onde iria trabalhar.
A mudança no estilo e ritmo da vida do casal e de Eduardo eram consideráveis. Podiam passear calmamente pelas ruas, sentar-se na praça da cidade, fazer rapidamente novas amizades. Eduardo, porém, havia adquirido uma postura reservada pelo tempo aprisionado no apartamento, demonstrava dificuldades em estabelecer uma relação mais próxima com os meninos de sua idade, preferindo o isolamento. Brincava quase sempre sozinho, apesar do burburinho da molecada.
Pressionado pela mãe dizia que preferia brincar com o Diego. E realmente Diego fazia parte de suas narrativas, contava as brincadeiras e estrepolias fazia.
Um maior acompanhamento de Paula e Diego não foi identificado. Renan dizia que isso era coisa de criança, que ele também sempre fora de poucos amigos. A esposa passou a se preocupar, levava-o ao parque para interagir com outras crianças, estimulava-o a estar em contato, mas sempre durava pouco, logo estava o menino sozinho de novo.
- O Diego não gosta que eu brinco com outras crianças ! Ele quer que eu seja só amigo dele !
Paula insistia que conhecesse o tal Diego.
- Ele não quer falar com a senhora ainda !, dizia Eduardo transmitindo o recado.
Talvez fosse necessário levá-lo a uma psicóloga, mas o marido estava resistente acreditando ser excesso de preocupação por parte da esposa. Dessa forma, Eduardo continuava suas brincadeiras e confidências com Diego, seu amigo.
Diego se fazia cada dia mais presente. Eduardo se divertia com as narrações de Diego, sempre havia algo novo para ser relatado. Era capaz de descrever com detalhes as roupas, fisionomia, o jeito de ser do amigo. Paula estava impressionada e convencida: Diego era um espírito. Renan quase engasgou-se com a cerveja quando a esposa expôs suas conclusões, riu muito e a ironizou, dizendo que havia se tornado realmente “alguém do sítio”, aludindo que seria inculta e supersticiosa.
O mundo de Paula desmoronou quando conversou com Dona Ermelinda sobre o assunto.
- Faz uns vinte anos, a casa nem era assim, era um casebre. O filho do casal caiu no poço no fundo da casa e morreu, tinha seis anos, o Dieguinho...
Certamente, Eduardo não teria como saber disso. Suas noites passaram a ser momentos de medo e expectativa, dormia pouco, sem saber a quem recorrer e com quem compartilhar a não ser a vizinha, sempre atenciosa.
- Dudu, disse Paula ao filho, pergunte ao seu amigo Diego como se chamam os pais dele. Será que eu os conheço ?
Logo após o almoço veio a resposta.
- O Diego disse que a senhora não os conhece, chamam Cleide e Heleno. Ele mandou entregar essa flor para a senhora.
Eduardo entregou-lhe uma dália amarela.
Dona Ermelinda narrou-lhe que Cleide amava as dálias e havia muitas ao redor da casa. A informação sobre os nomes estavam corretos. Eles haviam se mudado dali logo após o acidente que ceifara a vida do filho. Não sabia para onde tinham se mudado.
- Ele quer saber se a senhora pode ser mãe dele também...perguntou inocente o menino.
- Claro que posso, disse Paula trêmula, mas ele não mora com a mãe e o pai dele? Onde eles estão ?
Mais uma vez Eduardo intermediaria o diálogo entre Paula e o menino fantasma.
- O Diego falou que a senhora não precisa ter medo dele e ficar rezando, ele é bonzinho! Ele não sabe onde os pais dele estão e quer ficar morando aqui.
Uma porta havia se aberto no tempo. O passado e o presente se cruzavam de maneira curiosa e assustadora. O que poderia ser feito? Por alguma razão Diego estava ali e pedia ajuda.
- Ele disse que a mãe dele era muito brava, batia muito nele...revelou o garoto apiedado.
Paula sentou-se na varanda da casa de Dona Ermelinda em prantos, não sabia o que fazer. Cada dia percebia que era mais real a existência de Diego e nem podia sonhar em contar isso ao marido, pois jamais acreditaria nela.
- Cleide era uma mulher rigorosa, de cara fechada. Batia muito no menino, era comum vê-lo com vergões pelo corpo. E não era um menino travesso, mas era moleque, como todo e qualquer moleque...comentou a senhora volitando pelo passado.
Renan percebeu que a esposa não estava bem. Recusou-se a acreditar nas evidências, para ele tudo era apenas coincidência. Mas dispôs-se tentar encontrar Cleide e Heleno. Talvez isso tranqüilizasse Paula. Era uma tentativa.
Como um perdigueiro, após alguns meses Renan disse que sabia onde estavam residindo. Uma cidadezinha que ficava a uns trezentos quilômetros dali. Arriscaram visitar a família. Não sabiam o que contariam, nem o que encontrariam, mas esse encontro parecia vital para Paula.
A recepção não foi amistosa. Cleide apareceu na porta com cara de poucos amigos. Parecia bem mais velha do que deveria, muito magra, com ossos a mostra. Paula disse que estava morando na casa onde ela havia morado e tinha algumas perguntas, se ela pudesse recebê-los.
- O Diego falou que sempre gostou muito da senhora apesar de bater tanto nele...disse Eduardo sem que Paula pudesse intervir.
- O que esse menino está falando ?, disse áspera e irritada a magérrima senhora.
- É sobre isso que eu gostaria de falar com a senhora. Meu filho tem um amigo invisível e a cada conversa com ele surge uma informação nova. Ele conta detalhes muito precisos sobre seu filho...tentou explicar.
- Bobagens ! Meu filho está morto ! Voltem para casa que eu tenho mais o que fazer !, explodiu a mulher agitando os braços e franzindo as sobrancelhas.
- O Diego falou que não vai contar pra ninguém que a senhora matou o Pipoca...outra vez Eduardo interfere, fazendo Cleide retroceder olhando o menino estupefata.
- Que estória é essa ?, questiona a mulher olhando o menino furiosa.
- Ele diz que a senhora enterrou o cachorrinho no pé do limoeiro e disse para seu marido que ele tinha fugido...
Cleide pediu que entrassem. Renan estava mudo e perplexo. Paula estava pálida e tremia, insegura, sem saber para onde penderia tal situação.
Paula narrou todos os acontecimentos desde sua chegada na casa e os primeiros contatos com o Diego.
- O que mais Diego disse para você ?, perguntou Cleide olhando bem próximo dos olhos do menino.
- Ele disse que ficou com muito medo dentro do poço, era muito escuro e quase se afogou...
Heleno entrou e cumprimentou a todos, mostrando surpresa.
- Está acontecendo alguma coisa ?, perguntou confuso sentando-se no sofá.
Cleide começou a chorar aos soluços. O marido irritou-se questionando o que haviam feito com ela. Renan tentou levantar-se, mas Paula pediu que não intereferisse.
- Está tudo bem, talvez tenha chegado o momento de tirar esse peso dos meus ombros...declarou Cleide tentando conter as lágrimas.
- Onde está Diego ? Você pode me dizer ?, perguntou Cleide quase implorando.
- Do que você está falando, Cleide ? Enlouqueceu ?, estourou Heleno, sendo contido por um aceno da esposa.
- Ele está lá fora, tá chorando...ele falou que só conseguiu sair do poço faz pouco tempo, mas não quer ver a senhora triste! Ele não se machucou, está bem!, as palavras de Eduardo eram navalhas afiadas que dilaceravam o coração de Cleide.
- Diga a ele que o amo e que ele me perdoe... e pergunte quando poderei vê-lo, insistiu Cleide.
Eduardo disparou para fora da casa, mas voltou decepcionado. O amigo não estava mais lá, talvez tivesse indo embora ou para algum outro lugar.
- Eu matei meu filho !, revelou a mulher transfigurada.
- O que você está dizendo, Cleide ! O que essas pessoas fizeram com você ?, esbravejou Heleno.
Nesse momento, Renan foi com Eduardo para o quintal para que não presenciasse o que demonstrava eclodir.
- Eu estava com uma espada de São Jorge nas mãos para bater nele, dei umas chicotadas, mas eu nunca estava satisfeita...corri atrás dele, ele subiu no poço fazendo gracinhas e eu não suportei, avancei sobre ele, ele escorregou e caiu...durante todos esses anos sempre contei a todos que ele havia desaparecido e foi encontrado dentro do poço, mas eu sempre soube que estava lá...sempre soube que eu o matei. Agora ele volta para me consolar.
Houve um silêncio tumular na sala. Paula aconchegou-se e abraçou Cleide.
Passados alguns meses, Eduardo abraçou a mãe com expressão feliz.
- O Diego disse que vai viajar, para eu arrumar muitos amigos e quando ele voltar vamos brincar todos juntos!
Uma lágrima desprendeu-se nos olhos de Paula. Uma oração emergiu em seu coração naquele momento. A vida era repleta de mistérios e havia uma fonte de amor pulsante que direcionava a todos, independentemente das ações cometidas. Diego lhe ensinara a importante lição da pureza e do perdão e isso ela levaria para o resto de sua vida.
Iria visitar sua mãe, com quem não conversava há alguns meses, por motivos que agora considerava absolutamente tolos.

terça-feira, 15 de março de 2011

SIMPLICIDADE

vou me embora pras montanhas
caminhar lento e desatento pelas ruas de pedra
cheirando do mais puro incenso
sentir o chão, a areia e o vento
abrir os braços num só movimento
na pirâmide, no cruzeiro, em Shangrilá
viver eternamente por lá
banhar-me solitário no Véu da Noiva
entrar na gruta do Indio, da Bruxa, de Sobradinho
e ficar bem carimbadinho
na ladeira do amendoim
sentar-me simplesmente na praça
e olhar, de graça, toda paz e harmonia
abandonar-me em tranqüilidade
sorrir despojado todos os dias
problemas ? todo lugar tem
mas São Thomé absorve e transmuta
por mais que a dor seja puta
e te faz voar com as fadas.

MUDANÇA DE HÁBITO


um dia tivemos o Papai Noel
sorrindo e velejando em um carrossel
tivemos o coelhinho da páscoa
um mundo de bruxas e fadas
hoje nas telas exibe-se Naruto, Bob Esponja,
e Meninas Super Poderosas mostram-se sorridentes
o homem do saco, tão temido
virou o pedófilo que distribui doces e chocolates
e o diabo abandonou, há tempos, seu tridente

seria imbecil hoje uma botinha com capim na janela
é mais garantido ir ao shopping e comprar o presente
como coelho não bota ovo e é bom deixar claro isso
então vamos saborear um kopenhagen bem roliço
bruxas e fadas extinguiram-se com os dinossauros
até por que o tal deus não aceita nem um, nem outro
e quando o tema é cegonha
nem há motivo pra vergonha
todo mundo sabe como se faz
pra uma criança nascer

e ao nascer já recebe uma espada, uma pistola, um lança míssel
e unir-se a Dragon Ball Z numa luta imperecível.

SEM INSPIRAÇÃO

pensei em escrever um poema
mas estou sem inspiração
penso, transpiro, reflito, olho
sem que nada me chame a atenção
um conto, talvez seja melhor ele
desfilam Cinderelas, Sete Anões, Princesas
feitiços, amores, alegrias e tristezas
e nem uma frase emerge
do breu que se instalou em minha memória
nem um resquício de estória
que pudesse ser contada, registrada, escrita
mesmo que fosse meio esquisita
como “Mistério na Rua 7”ou “A Mansão”
claro ! Não se equiparam a Senhor dos Anéis ou Sansão
mas falam de sonhos, de mistérios, de dúvidas
enquanto houver dúvidas estaremos saudáveis
seremos inventivos, criativos, inovadores
quando nos assentarmos na fria e crua realidade
seremos consumidos pelas idéias razoáveis
de uma possível verdade
que se proclama única.

quinta-feira, 10 de março de 2011

PORTAIS : O CONTATO CONSIGO MESMO

“Sei como é difícil a mente permitir que possibilidades irracionais se tornem reais. Mas existem mundos novos! Estão envoltos uns sobre os outros, como as camadas de uma cebola. O mundo onde existimos é apenas uma dessas camadas.”
A Arte do Sonhar – Carlos Castañeda

Estamos, sem dúvida alguma, em um momento especial de mudança de consciência. Manifestações sociais que exigem liberdade e reconhecimento, pessoas se unem contra poderes ditatoriais, aborda-se com mais rigor a questão da ética, do respeito, da igualdade. Por outro lado, a natureza se agita em terremotos, tsunamis, alterações na temperatura, no ciclo das estações...Talvez haja quem anuncie o fim do mundo, aliás tão anunciado e há tempos aguardado, numa sucessão incrível de profecias, sempre mal sucedidas e realimentadas. Todas as religiões de alguma maneira falam sobre esse momento, cada uma sob seu ângulo de visão.

A Terra acomoda em seu ventre a história do homem sobre a crosta, fósseis, achados arqueológicos demonstram a longa caminhada da humanidade e também a sucessão de povos e culturas que desfilaram e se transmutaram formando camadas sobrepostas de lendas, verdades, cultos e expectativas. Da pré-história aos dias de hoje muita coisa aconteceu, da catapulta aos lança mísseis, do pêndulo aos mais potentes tomógrafos, do cajado ao supersônico, somente a alma humana parece oscilar nas mesmas dúvidas, inseguranças e ansiedades. Um papiro egípcio, um pergaminho, uma tábua de argila ou um blog na internet revelam as constantes buscas de felicidade, de um grande amor, de respostas quanto a vida e a morte. Religiões buscam ancorar os homens criando freios, sinalizadores, conforto, esperança, fortalecendo relações sociais e canalizando emoções e pensamentos na construção de uma vida futura, geralmente mais segura e realizadora.

“Cada um se constitui por sua própria fé: tal é a fé, tal é o homem” assim anuncia o Bhagavad-Gita. As crenças modelam o homem e ele se revela em suas ações, traduzindo-se para a humanidade. Naturalmente as relações do homem consigo mesmo e com o ambiente que o envolve é diferente se o homem crê quando se diz “no suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”(Gênesis 3-19) ou “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3-15) ou ainda “...haverá tudo que as almas podem desejar, tudo que os olhos podem se deleitar...” (Alcorão 43:71). Evidentemente o foco se altera caso se acredite em uma vida após a morte e como ela se manifesta e ainda a extensa cadeia de nascimentos e mortes ligadas pela reencarnação. A famosa interrogação “de onde vim” e “para onde vou” pode ser identificada desde a pré-histórica quando os corpos eram enterrados em posição fetal, até a mumificação e a construção de tumbas para abrigarem os falecidos. Algumas das quais, reverenciando a imortalidade, tornaram-se pontos de peregrinação como o túmulo de Khalid ibn al-Walid, o túmulo de Rachel, o mausoléu do Imã Muhammad ibn al-Naqi, o túmulo de São Jorge, entre tantos outros que revelam a crença de que a vida é imperecível. Além de uma lista considerável de igrejas, templos, santuários, mesquitas e cavernas que conduzem fiéis das diversas religiões em todo o mundo, denunciando a força e a busca de que esta vida não se encerre com a sepultura. Por outro lado, o contato com estes seres espirituais sejam mestres, anjos, santos, espíritos amenizam o sofrimento cotidiano e alimentam continuamente a fé, a esperança e os vínculos sociais.

A busca pelo infinito impulsiona o homem a buscar locais que considera sagrados seja pela história, seja pela concentração de uma força especial, uma energia, algo que o arrebata para outras dimensões de seu próprio ser ou lugares não acessíveis em seu cotidiano, acorrentado pelos torvelinhos sociais, de trabalho e sobrevivência. Dessa forma, o Monte Ararat, as ruínas de Nippur, a montanha Cyrstal e Shey Gompa, o Monte Sorte (Yaracuy, a 7 km ao norte de Chivacoa), a Cratera Haleakala, em Maui (Hawaii), o Lago Titicaca, na fronteira da Bolívia e do Peru, o Rio Ganges, o Monte Kilimanjaro, na África ou ainda o Muro das Lamentações são alguns exemplos disso. Assim como cidades inteiras podem vir carregadas dessas vibrações que abrem portas e formam caminhos para outras faixas energéticas: Varanasi, na India; a Ilha de Páscoa; as ruínas de Palenque; Bali, na Indonésia ou ainda São Thomé das Letras (Minas Gerais-Brasil). A quem diga que quem morre em Varanasi vai direto para o céu !

Já é amplamente conhecido o assunto dos chákras. A palavra “chakra” vem do sânscrito e significa “roda de luz”, "roda da lei", "roda da vida" ou "morte". Chakras são pontos de energia de diferentes vibrações, representando diferentes aspectos do corpo, da alma e do espírito. Simbolizam a lei da natureza, estando em constante movimento. Eles estão localizados ao longo da coluna vertebral do corpo humano. E não apenas humano, esses vórtices de energia estão presentes em cristais, elementos vegetais, animais e também no planeta. São esses chakras de pequenas ou grandes dimensões que atuam nos ambientes gerando o espaço sagrado, de conexão com o cosmos ou deuses, conforme a crença de cada um, abrindo brechas nas “camadas da cebola” e permitindo-nos transitar momentaneamente por diferentes níveis vibratórios.

Falar sobre esses chakras maiores é bastante ousado uma vez que pode alterar-se conforme as percepções individuais ou de uma coletividade, mas atrevemo-nos a citar os pontos que comumente são apontados como os focos de energia e sustentação do planeta e para onde milhares de pessoas se dirigem em busca de uma experiência maior.

O chakra raiz estaria no Grand Canyon, Sedona, na América do Norte. Este chakra está ligado à nossa existência neste mundo, à consciência que nos permite sobreviver no mundo, a tudo o que é material, sólido e corpóreo, bem como à nossa energia física e ao nosso desejo de viver no mundo físico. Quanto mais aberto, mais será a nossa energia física, e estaremos bem enraizados e viveremos a nossa vida com decisão e determinação. Relaciona-se com os medos ligados à sobrevivência: alimento, ar, água, recursos económicos, trabalho. No plano da consciência: Vontade de existir, de ser, de ser encarnado, de se manifestar, de exprimir.

O chakra sacral localiza-se em Machu Pichu, no Peru. Este chakra está ligado ao Domínio da identidade profunda e ligação entre o corpo físico e a Alma. Chakra ligado à reprodução, fonte da energia e do prazer sexuais. Estimula a procura criativa do prazer material, regendo o gosto das coisas belas, da arte, das emoções e as relações com o outro sexo. Chakra do movimento, da expansão e da intuição emotiva. Sede dos medos, fantasmas e fantasias negativas ligadas à sexualidade. Permite-nos amar a vida.

O chakra do umbigo ou plexo solar fica em Uluru, Austrália. Chakra da mente racional, da vitalidade, da vontade, da ação, do poder e da autocura. Está associado ao poder. Dá a vitalidade, força para exprimir emoções e para ter integridade.Revela-nos o direito a existir e o nosso lugar no Universo, promovendo a auto-aceitação. Rege a nossa relação com o mundo circundante e permite-nos compreendê-lo com tudo o que se passa no exterior, a natureza, o cosmos, Deus e os outros homens. Garante a compreensão, a gestão e o controle das emoções.

O chakra do coração emerge em Glastonbury, no Reino Unido. No coração mora o amor incondicional. A doação sem troca. É o leito da compaixão, da amizade, da fraternidade. Neste chakra repousa o pulsar da alma. Conduz ao recolhimento e à gratidão a Deus. É o fiel da balança; o equilíbrio da vida, tal como a cor verde, que ocupa o centro do espectro solar visível. Rege o coração e sistema circulatório, corresponde à compaixão e humanitarismo. Este chakra indica como qualidades positivas e lições a aprender : divino / incondicional amor. Perdão, compaixão, compreensão, equilíbrio, consciência de grupo, união com a vida. Aceitação, paz, abertura, harmonia, contentamento.

O chakra da garganta vibra em Gizeh, a grande pirâmide, no Delta do Nilo, África. Este é o chakra da comunicação, do som, da vibração e da capacidade de receber e assimilar bem como da expressão da nossa personalidade na sociedade e no trabalho. É o Chakra da "purificação" e da comunicação, que é som e vibração. A consciência profunda deste chakra fará com que nos iniciemos no caminho espiritual e, por conseguinte, entrarmos em contato com a nossa parte mais profunda partindo, precisamente, da comunicação com o nosso eu superior.

O chakra do terceiro olho está localizado no monte Fuji, no Japão. É o chakra da consciência, comanda as nossas idéias e ações, do aspecto mental superior, da visão superior, por isso chamado Terceira Visão. Associado à faculdade de visualizar e tornar compreensíveis os conceitos intelectuais, bem como à faculdade de pôr em prática esses conceitos. Governa o campo da intuição, da sabedoria adquirida, do sistema nervoso e da percepção. Comanda o caminho do desenvolvimento do saber, da razão.

O último chakra é o da coroa e está vibrando no Monte Kailash, no Tibete. É o chacra que nos liga à nossa parte mais espiritual, ao nosso ser completo e com a realidade cósmica. É luz de conhecimento e consciência, é visão global do universo, é o nosso caminho de crescimento que nos permite alcançar a serenidade espiritual da completa consciência universal. É a união com Deus. Está relacionado com a espiritualidade, o estado alfa da meditação; o contato com o cosmo. Governa a profecia, a mediunidade e maior parte dos sete dons.

Se pesquisarmos sobre os lugares sagrados encontraremos centenas de localizações que aqui denominaríamos de chakras menores, porém vibrando energeticamente para apontar ao homem a importância de sua transformação interior, a purificação, a iluminação, a reforma íntima que o permitirá vivenciar este e outros mundos com maior vivacidade, vitalidade e espiritualidade.

Não importam os deuses. Todos pedem atenção e seus avatares insistem em indicar caminhos que acreditam mais seguros para que o homem encontre a si mesmo e aceite a divindade interior que o alimenta e instrui, aconselha, alerta, conduz. “Não terás outros deuses diante de mim”(Êxodo 20:3 e Deuteronômio 5:7), ou talvez “ocupa tua mente em pensar sempre em Mim, torna-te Meu devoto, oferece-Me reverências e Me adora. Estando absorto por completo em Mim, com certeza virás a Mim.’ (Bhagavad-Gita) ou ainda “ó israelitas, recordai-vos das Minhas mercês, com as quais vos agraciei. Cumpri o vosso compromisso, que cumprirei o Meu compromisso, e temei somente a mim.”(Alcorão).

A identificação do homem com a divindade, o sentimento de transcendência sempre enlevou o homem levando-o a uma constante busca de comunhão com os Poderes Superiores, o Grande sol Central, o Grande Arquiteto do Universo, ou Deus em seus múltiplos nomes e manifestações. “Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente...” (Gênesis 3:22). Sejam entre os xamãs, pajés, sacerdotizas ou clérigos, bonzos ou pastores a busca da essência humana atravessa persistente os séculos.

O ano de 2012, ponto alto das Profecias Maias se aproxima, certamente não para descrever o extermínio humano com água ou fogo, mas indicando a importância de se fazer uma releitura do passado e adotar novas posturas diante da vida, externando o respeito incondicional a todos os seres, a harmonia entre o pensar-o sentir – o falar e o agir, a convivência com a diversidade, o viver com equilíbrio, o caminhar pelo caminho do meio, com tolerância e suprema compreensão. Se o homem é realmente a essência da divindade, seja qual for ela, está no momento de teorizar menos e exercitar mais, abrir os olhos para um novo mundo. Como o temor dos Elohins manifestado no Gênesis 3:22, talvez seja o momento para estender a mão e tomar o fruto da árvore da vida e adentrar uma nova fase, um novo momento da civilização, mais conscientes, mais despertos, mais deuses.

quarta-feira, 9 de março de 2011

MULHER NA JANELA

mulher na janela
olha, pensa, se coça
mexe o cabelo
olha as unhas
repara no andar, no cabelo, no vestido
de quem passa
êta dia que não passa
horas compridas
o arroz deve estar queimando
(só mais uma olhadinha)
quem é aquele que entrou na casa da Dona Margarida ?
deve ser o namorado da filha
ela que não se apruma...
vou ver o arroz
um cachorro passa, um homem passa, a vida não passa
e volta pra janela
- Quer comprar uma rede, dona ?
- Rede pra quê ?
Lá tenho tempo de ficar sem fazer nada !

BREVES LANÇAMENTOS

Antologia Delicatta (ver no Favas Contadas e pelo site www.antologia-delicatta.com)
Cantos e Contos de Hoje (Editora Literacidade - Pará)
Eusébia (aguardando editora)
A Caminho do Umbigo (em planejamento): poesias de vários autores/ fotos de Geraldo Bossini

Estamos abertos a propostas de amigos escritores para publicações conjuntas e/ou diálogo com editoras interessadas.

quinta-feira, 3 de março de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO SOBRENATURAL

ENTRADA FRANCA. COQUETEL NO EVENTO.

Lançamento do livro SOBRENATURAL, dia 27/03 das 15h30 às 18h30, na Martins Fontes, Av. Paulista, 509, SP. Reserve desde já o dia 27/03 (domingo) Compareça e pegue o seu autógrafo.

Site da Livraria Martins Fontes: http://www.martinsfontespaulista.com.br
Localização: http://www.wmfmartinsfontes.com.br/mfp/site2010/ondeestamos.htm

Aproveite, leve os seus amigos e familiares, aproveite e leve também os seus exemplares para serem autografados: Draculea 1 e 2, Metamorfose, Poe 200 anos, Invasão, no Mundo dos Cavaleiros e Dragões, Zumbis: Quem disse que eles estão mortos? e O Desejo de Lilith.

Aguardarei você.

quarta-feira, 2 de março de 2011

EXCITAÇÃO

- Que tal uma pelada ?
pelada, nua
página central das insinuantes revistas
escondida sob o travesseiro
delírio no banheiro
sonhos, poluções noturnas já previstas

corpo escultural
bela, sedutora, cativante
milagres do photoshop
em nuances e curvas perfeitas
deusa, sereia, provocante

loira, morena, ruiva, negra
naturais ou silicone
Lúcia, Paula, Alcione
não importa de onde
vem e vai, se esconde
no pensamento matreiro
do menino e do velho
promotor ou sapateiro

calma, meu amigo !
não quero ser enxerido
acorda, olha pro sol !
eu só quero jogar futebol !

PELADA

o apito ecoa varando os ares
é futebol na quadra
é o trem que passa
é pardal no alpendre

vozes que se interpõem umas as outras
- Caraio !
exclamação adolescente
palavra mais usada, será indecente ?
som mais ouvido, objeto mais querido
num efeito Doppler quase esquecido.

não é o trem
não é o pardal
é um jogo no pátio
não faz mal

soam, suam, xingam, brigam
se abraçam, comemoram
o gol, é gooooooool !
mostram o dedo anular
e talvez sem pensar
enchem a mão no short
agitando para os adversários, só pra provocar
- Caraio !

expressão de alegria e de emoção
de ira e diversão
já faz parte dos dicionários
palavra de diversos significados
cuja forma culta é caralho
mas não vamos misturar alhos com bugalhos
afinal estão apenas jogando uma pelada !
opa ! não era futebol ?

AREIA

a rocha e a areia
a rocha se transmuta em areia
a areia da praia
a areia da rocha
rocha de areia
a praia se tinge de areia
areia branca
areia fina
vento de areia
vento na areia
areia no vento
barravento
eu piso na areia
praia, deserto, montanha, dunas
entre a rocha e a areia
a crosta
o pé
pé na areia
areia
a rocha e a areia

terça-feira, 1 de março de 2011

O REI DAS SELVAS

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra” – Gênesis 1-26

E o homem se acreditou senhor da natureza
Entendeu-se superior aos animais
Porém, após saborear o fruto do conhecimento
Há milhares de anos atrás
Refletiu sobre sua superioridade
O falcão peregrino é bem veloz
Maior é a baleia azul
Viajando na imensidão do céu azul
A águia-de-asa-redonda vê muito mais que o horizonte
Enquanto se destaca pela força o besouro-rinoceronte
Veneno ? O homem não tem nenhum
E mesmo a língua ferina
Não compete com a rãzinha azul africana
Que o leva para a cama pra não se levantar mais
Menor é um pexinho de Sumatra
Inteligência tem o cão e o chimpanzé
Os bois têm vida emocional
Os golfinhos pensam, afinal !
É. Mas só o homem constrói satélites, submarinos,
Constrói casas melhores que as do joão-de-barro
Altera a genética, até destinos
Mas os gansos desafiam sendo fiéis por toda vida
O homem patina, trai, mata, descortina
Se torna incontrolável fera assassina
De corpos e corações
Dominador da natureza
Mão respeita seus súditos
Para se render submisso
Ao animal que mais mata
O mosquito.

POETA GABRIEL L´ABBATE MELO


O encontro foi intervalo doce
Entre solidão e solidão infinda
Respiro o azul do céu
Alado!
Elide minha alma com o sopro do vento
No infinito do ser ressoa a semelhança
Que dança!
O fato ocorre a visão do fato não
O ser do ter desatado
Abandonei o que é almejado pelos cegos
Tudo em prol da vivência.

Gabriel L'Abbate Melo

CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

Pai´é - Contos de Muito Antigamente
Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

ENCANTAMENTO
meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

Análise Combinatória e Probabilidades
juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

Anhelos de la Juvenitud
Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

A Caminho do Umbigo
Edições Costelas felinas

Voo da Cotovia

Voo da Cotovia
Celeiro de Escritores

Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013
Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

Antologia Literária Cidade - Volume II
Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

Antologia da ALAB

Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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Literacidade

O Conto Brasileiro Hoje

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RG Editores

4ª Antologia da ALAF

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Academia de Letras e Artes de Fortaleza

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