domingo, 26 de agosto de 2012

Mãe África


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queria ter nascido na África
acho que me enganei de útero
ainda pequeno e confuso devo ter-me perdido
lançado em algum navio negreiro

em minhas veias talvez percorram
 semba e banga
alimentando um poeta esquecido
e  minh´alma esteja cativa em algum imbondeiro
oculto nas poeiras do tempo

em meu cerne há savanas
caminhos antigos de uma estória irrevelada
segredos que só as entrelinhas comentam
indecisas e curiosas
no silêncio é que se fala

no silêncio é que busco
em saudade longínqua
aquelas terras que ficaram
onde em minhas noites eu busco

onde eu deveria ter nascido




RUAS CONFUSAS


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seguia a mulher pelas confusas ruas e atropelando gente
 amamentada por sonhos voláteis
 nublada pelo tempo
 inconformada com a vida
 saia branca, pregueada, agitada pelo vento
coque alvo e xale ruivo, bolsa a tiracolo
sugada pelos afazeres deixou-se a si mesma
vasculhava coisas em suas memórias
modelava lembranças pelas conveniências

seguia a mulher pelas confusas ruas e atropelando gente
nublada pelo tempo
sugada pelos afazeres deixou-se a si mesma
esqueceu-se
escafedeu-se nos dias cotidianos
marido, filho, trabalho, trabalho diário de cuidar da casa
em breve desapareceria com o pó que todo dia
faz desparecer dos móveis
do chão que varre insistente

seguia a mulher pelas confusas ruas e atropelando gente
amamentada por sonhos voláteis
inconformada com a vida
em breve desapareceria com o pó que todo dia
varria do chão intransigente

seguia nua em sua alma
como o vapor sobe ao céu
seguia pelas confusas ruas de suas lembranças

seguia confusa pela rua



RAÍZES



perambulo errante pela noite
faço os mesmos caminhos
as estrelas mudam de lugar 
mas as reencontro de tempos em tempos
assim como reencontro amigos
na saída do bar
são as mesmas falas, os mesmos sonhos, as mesmas dúvidas
a mesma indignação
que se enraíza
similar a gameleira
a mesma bebida que me entorpece
resmungo enquanto caminho cambaleante
há uma alegria disfarçada
escondo-me na justa saia de Deus
na busca cínica de um conforto
como o cachorrinho olha penitente
e na outra noite perambulo errante
faço os mesmos caminhos
as raízes se aprofundaram um pouco mais

um caminhar noctívago e sonífero
a mesma rua, conheço cada espaço
dias repetitivos em noites idênticas
a vida não muda
voraz me consome 



sábado, 25 de agosto de 2012

O ESPELHO



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Olhando hoje no espelho vejo o quanto envelheci. “Meus Deus!”, clamo num sussurro incontido. Apalpo meu rosto delineado por rugas que se acumularam ao longo do tempo. Não havia as percebido com a intensidade que as vejo agora. Os cabelos brancos desalinhados, despenteados, rebelando-se a figura que se apresenta ali desenhada. Ainda ontem estava provando meu vestido de menina. Caminhando com graça e repleta de expectativas. Tantos sonhos modelados e tantas desilusões que se enfileiraram dia a dia, aguardando apenas sua vez de se anunciar.

Família rica? De forma alguma. Mamãe passara um bom tempo dedicando-se à família, depois decidiu que queria conquistar o mundo. Gostava de cantar, de dançar, de escrever versos. Uma artista. Acordamos uma manhã sem ela. Apenas um bilhete para meu pai que em seu silêncio nos sustentou. Era possível ver em alguns momentos uma lágrima que rompia a fortaleza e se apinchava resoluta denunciando sua dor e seu amor por aquela que o abandonara. Ele não se casou. Talvez o sofrimento tenha sido similar a uma espécie de ferrugem que o foi corroendo lentamente até comprometer sua vida. Definhou e morreu.

Assumi o desafio de viver sozinha. Muitos erros e muitos acertos. Caixa de mercado, atendente de loja de tecidos, faxineira de um Banco. No Banco passei a ser sistematicamente assediada pelo gerente, Felipe Jeremias. Acabei cedendo. Dali a gravidez. Totalmente indesejada. Relutei aceitá-la. Relutei mantê-la. Mas nasceu Robertson. A transferência de gerência me trouxe paz e ódio. Naturalmente Felipe não assumiu a paternidade. O olhar de Robertson me encorajava. Havia se tornado o objetivo, minha razão de existir.

Busquei de todas as formas oferecer o melhor a ele. Desdobrava-me. Pude ampliar meu salário mudando de trabalho. Na verdade o mesmo trabalho, mas em outro lugar. Um hotel de luxo, com contatos internacionais.

Naquela época não tinha essa aparência. Era jovem, bela, atraente. Cabelos negros e olhar profundo. Os olhos de Robertson são os meus olhos. Lembro-me de quando o levava para a escola, uniforme, lancheira e sua maleta sempre muito organizada. Muitas vezes ele se lamentou da ausência do pai, em especial nas datas onde as famílias se reuniam na escola ou nos momentos em que o foco era os pais dos alunos. Dia dos Pais, por exemplo. Nesses momentos ele se mantinha isolado, sentindo-se excluído e até culpado por não poder entregar um presente e receber um abraço. Para amenizar a dor dele reforçava que havia morrido, que estava com Deus. Esse meu descuido fez dele um ateu convicto. Se Deus o fazia sofrer não merecia sua atenção. 

O sonho de Robertson era tornar-se médico. Empenhava-se para isso. Estudava muito. Na realidade vivia para o estudo. Acumulou desde pequeno vários certificados de  “Honra ao Mérito” e medalhas que se traduziam em grande orgulho, em especial, para mim. 

Aos poucos ele conseguiu contornar os obstáculos naturais de um menino pobre que alimentava um grande sonho. Na faculdade conheceu Lídia, que também cursava Medicina, e houve uma sintonia muito grande entre ambos. Lídia era de família abastada. Apaixonou-se por Robertson. Por ele e não por mim. Eu era uma faxineira e não tinha espaço nos ambientes que frequentavam. Gradualmente meu filho se afastou. Surgia para me entregar o boleto a ser pago, a relação de livros a ser comprada, a roupa o sapato que necessitava. Percebi que se envergonhava de mim e do meu trabalho. Eu o compreendia, embora sofresse.

No dia da formatura procurei colocar o melhor vestido, fazer-me bela para comemorar aquela conquista. O salão era luxuoso. Homens de terno e mulheres com joias caríssimas, contracenando com minhas parcas bijuterias. Robertson olhou-me com surpresa e puxou-me a um canto indagando o que eu fazia ali. Perguntou-me como ficaria sua reputação se soubessem de quem era filho. Disse saber como eu havia conseguido cada centavo. Pediu que eu me retirasse discretamente.

Entendi. O dinheiro da faxina sempre havia sido insuficiente. Minha beleza permitia ganhar mais diante da oferta de alguns hóspedes que generosamente propunham uma noite com eles. Confesso que realmente aceitei. Uma, duas, muitas vezes. Cada boleto, cada obra, cada necessidade de Robertson foi atendida. Estava ali agora, sorrindo e celebrando algo que acalentava desde moleque. 

Há anos não o vejo. Nunca mais me procurou. Deve estar envolvido com muitas clientes, plantões e outros cursos. Sempre fora estudioso. Não iria se contentar em parar por ali.

Estou aqui agora diante do espelho com o qual converso cada dia. Ele me ouve e compreende minha amargura. Não me condena, não questiona. Apenas me observa. Ele acompanhou meu declínio, testemunhando o surgimento de cada ruga, de cada cabelo branco que despontava. Talvez tenha sido acusador algumas vezes e insensível, pois nunca enxugou minhas lágrimas. Ficou apenas olhando-as caírem.

Sinto meu coração fraquejar, estou trêmula e cansada. Creio que agora irá presenciar minha morte. Morte! Talvez eu tenha morrido há muito tempo, somente não tenha dado conta disso. É provável que eu tenha morrido com a fuga de minha mãe, com a dor de meu pai ou o descaso de Robertson. Talvez tenha morrido quando abandonei a mim mesma. 

Minha imagem está cada vez mais embaçada, nublada. Será que foi sempre assim? 



A ESCOLINHA DA FAZENDA




http://greendestroyed.tumblr.com/post/20579234455

A vassoura de piaçava levantava nuvens de poeira enquanto bailava pelo terreno ao redor da escola. Terra batida onde algumas galinhas insistiam em ciscar. Vez ou outra ouvia-se o grunhir dos porcos e o mugido sonoro de uma vaca. Nós, as crianças, corríamos inquietas por todos os cantos com criatividade e contentamento invejáveis. Esconde-esconde, pega-pega, cabra-cega ou um simples corre-corre que para os adultos não tinha sentido algum. O tempo passara e já haviam esquecido a alegria de simplesmente explorar o mundo e desafiar as próprias capacidades. Crianças haviam muitas. Filhas do Coronel, dos empregados e gente que vinha de longe para aprender alguma coisa naquela escolinha, modesta e grandiosa, que se erguia solitária em um canto da fazenda.

Eram muitas crianças. Maria da Guia, Joana, Carminha, Tereza, Clarinha, José – o Zé, Sebastião – o Tião, Marçal – o Chicote, Vanderlei – o Delei. Esses eram alguns, mais próximos, brincávamos juntos, mas na hora da escola surgiam outros, mais tímidos ou donos de si, valentões e namoradeiras. Dalva era a mais namoradeira. Vangloriava-se por ter beijado todos os meninos e para entrar no clã dos meninos havia a regra de já ter beijado Dalva, com o risco de ser excluído do grupo.

Mas se tinha escola, tinha professora. Era uma. Uma que valia por muitas, por dimensão e conhecimento. Era Dona Lode. Atenciosa, avantajada e severa. Conseguia ser tudo. Ela era a escola. Se alguma criança não aparecia, ela aparecia na casa da criança e no dia seguinte lá estava, em geral com lágrimas nos olhos. A distância entre a casa e a escola era grande. Ia-se a pé. Algumas descobriam coisas interessantes pelo caminho e se esqueciam das obrigações. Mas Dona Lode não se esquecia de nenhuma. Ensinava todos juntos, o que começava a aprender, o que gaguejava na leitura e o que já lia livros.

Ao redor da escola aconteciam as festas. Duas no ano. A festa de Santo Antonio, com fogueira, balões coloridos, batata doce assada e uma mesa repleta de doces. Depois a quermesse de Nossa Senhora Aparecida. Em ambas começava-se com o terço, as aclamações, a benção do Padre Godofredo e muita diversão. Dona Lode cuidava de todos os detalhes. Ela era a festa.

A escola também servia para algumas coisas que amedrontavam as crianças. Lá eram dadas as vacinas e o médico, de tempos em tempos, ficava lá para atender a todos. O Dr. Célio, dentista, também se postava ali, sereno e sorridente, mas não enganava as crianças com aquele brilho no olhar. Sabíamos suas reais intenções. Na escola se faziam reuniões. Mas aí as crianças não participavam. Às vezes saía até briga. Aí víamos Dona Lode escorraçar com eles. Ela era a ordem.

Na nossa sala de aula também acontecia missa, batizado e até casamento. A escola era o ponto de encontro de todos.

Maria da Guia era franzina, de cabelos avermelhados escorridos, grandes óculos, meiga e divertida. Os meninos não se encantavam por ela. Era a preferida de Dona Lode. Estudiosa, comportada, dedicada. Encantei-me. À princípio conversávamos muito. Depois veio o namoro. Outros namoros também se iniciaram ali, em nossa escola da fazenda. A Carminha e o Chicote, a Tereza e o Tião. Da Carminha nada sei, a família mudou. Tinham voltado para o norte. É o que diziam todos. Não sabíamos exatamente o que isso significava. O Zé enrabichou com uma sirigaita da cidade chamada Adelina. Clarinha, muito tempo depois, soube que havia sido internada em um hospício. Louca. O Delei caiu na bebida. Perdeu-se.

Já havíamos deixado a escola quando soubemos que ela seria fechada. Dona Lode tinha momentos de fúria e de lágrimas. Ao que parece seria desativada, pois todos deveriam ir estudar na cidade e haveria um ônibus para levar as crianças até lá. Sentíamos estar em uma Sexta-feira Santa. O clima era de luto. Lembro de Dona Lode comentando com minha mãe “os sonhos são como bolinhas de sabão”. Tinha os olhos encharcados. Todos achavam que ela não iria aguentar. Se a escola fechasse, Dona Lode morreria.

Agora estou na cidade. Tenho um comércio de fertilizantes. Casado com Maria da Guia. Pai de Gustavo e Denise. Sempre levo as crianças até os escombros da antiga escola. Lugar de sonhos. Bolinhas de sabão que começam a flutuar repletas de pequenas estórias. Um laço que meus filhos nunca poderão entender. Hoje vão à escola. Uma boa escola. Vejo que surge em algum momento uma Dona Lode, mas a escola é um prédio. Diferente da escola da fazenda. A escola era cada um de nós.

Outro dia vi a Dalva no mercado. Preferiu continuar beijando outros garotos. Conversamos alegremente rememorando nossa antiga escola.

Nas ruínas da escola não há crianças brincando. Estão em casa explorando redes sociais, jogando WarCraft e navegando por outros ambientes virtuais. Uma outra relação entre as pessoas e a escola se constrói e alimentado por minhas lembranças ainda não sei precisar se são relações boas ou ruins, contudo diferentes das que pudemos viver em nossa infância e adolescência.

Soube que Dona Lode havia sido convidada para trabalhar na escola da cidade, mas não pode. Lá se exigiam vários títulos que Dona Lode não tinha. Então ela não servia. Ao que parece abriu um comércio na cidade e passou a realizar a festa junina na praça e uma grande quermesse no dia de Nossa Senhora. Ela era a força.

 Em alguns momentos penso em reerguer a escolinha, mas os tempos são outros. Ela não teria o mesmo significado. Não teria Dona Lode, nem as crianças daquele tempo, nem o Padre Godofredo ou o Dr. Célio. Ela foi um momento precioso e hoje uma relíquia que cada um acalenta a seu modo, mas sempre de uma maneira feliz, algo que foi bom e nos marcou para toda a vida.



domingo, 19 de agosto de 2012

QUERO

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não quero teu olhar compassivo
não quero teu consolo
quero a letargia dos meus dias
o silêncio em que me arrasto
a suava brisa que balouça a folha do tamarineiro
o cochicho das siriemas quando passo
o voo da borboleta
a sucção do néctar pela abelha
um mundo de sons que para nós é mudo

não quero teus conselhos
tuas frases repetidas
muitas tão pouco sentidas
que se diz por que todo mundo diz
quero o carinho do meu gato
daquela suave brisa que balouça a folha do tamarineiro
da rede que me aconchega e acalenta
como o colo de uma mãe dedicada

não quero teu carinho
tão estudado e superficial
que esconde um outro mundo nos pensamentos
que simula sentimentos
quero andar pela terra
banhar-me nas cachoeiras
ou me refugiar como um bagre a um canto
uma loca
um lugar pra descansar

não quero tuas cartas
tão bem escritas
expondo letras tão bem articuladas
difíceis de serem pronunciadas
quero teu silêncio

e na pausa dos meus dias
achar-me a mim mesmo
vivo e intenso
já é outro dia

CARAVANA


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uma voz louca ecoa no vento
que em redemoinhos se proclama
grãos de sílica reluzem aos fracos raios de sol
sem umidade
é poeira pura
que se levanta quando ela passa
perfume do oriente
sedas, flores e sabores
o voo da corruíra
o sussurro da sucuri
elegante ela passa
rubros tons dourados
a caravana passa

sábado, 18 de agosto de 2012

A MALDIÇÃO DO DEMÔNIO


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Rosária era uma mulher valente, corajosa, destemida disposta a enfrentar as vicissitudes e celebrar alegrias com a mesma intensidade. Rosária do Mangue. Dona Rosária. Mulher solitária. Aprendera a rudeza da vida, sem muitos sonhos ou ilusões. Sua vida era sinônima de trabalho desde a mais tenra idade, quando sua mãe já impunha tarefas específicas para cada filho, definindo responsabilidades e fazendo cada um responder por seus atos. Falhas eram severamente punidas. Com catorze anos estava casada e aos quinze acalentava a filha, rachava lenha e despertava de madrugada para preparar comida. O marido saía cedo para a roça. Desse casamento nasceu Cândida.

O marido morreu cedo. Picado de cobra. Não deu tempo pra socorrer. Estava viúva e viúva ficou. Desde os dezenove anos. Não quis bulir com homem nenhum. Já tivera o seu. Tinha Cândida. Todos ouviam falar de Cândida, mas poucos a viram. Vivia trancafiada em casa. Defendida pelo mau gênio e cenho cerrado. Poucas palavras. Um grito, uma maldição e tudo voltava ao normal. Ninguém enfrentava Rosária. Alguns moços sonharam conhecer a moça e quem sabe desposá-la. Encontraram a expressão furiosa da octogenária.

O quintal de Rosária era tentador para os moleques da redondeza. Repleto de mexericas graúdas, figos, peras, bananas, caquis e jabuticabas. Vez ou outra o berro de Rosária ressoava espantando a molecada que atravessava a cerca sem olhar para trás. Há quem comentasse em surdina que todo mistério e clausura de Cândida dava-se em razão de sua aparência física. Possuía cascos e chifres. Era filha do demônio. Isso explicava a postura arredia, isolada e antissocial da anciã.

A pequena vila untada em lendas e superstições talhava comportamentos e acontecimentos conforme sua interpretação. Rosária não acompanhava as procissões e nem frequentava a missa aos domingos. Sua vida resumia-se aos limites de sua propriedade. Cuidava da horta, do pomar, das galinhas e de sua filha. Rosária realmente não professava qualquer fé religiosa. A vida lhe mostrara que tudo se resumia a nascer, viver e morrer. Morrer como morre a beldroega, a mangueira, o porco, o pardal. Entendia vida como dura, inflexível, até má algumas vezes. Havia também alegrias e compensações, mas a sobrevivência exigia mais energia do que perder-se em bobagens. Não havia o bem ou o mal enquanto forças superiores. O bem e o mal eram ações que as pessoas produziam a seu bel prazer. Assim como a vespa pica e o gato acaricia.

Quando se via obrigada a sair, com sua roupa irrepreensivelmente negra, em permanente luto, era atendida com receio e apreensão no armazém, na quitanda ou na loja de tecidos. Com as mãos trêmulas as encomendas eram entregues. Rosária apenas observava sem importar-se com os olhares, os cochichos ou a frieza com que era atendida. Em geral, chegava seguida de seu fiel cão. Um buldogue francês, com suas orelhas de morcego, lábios muito pretos e a cara achatada repleta de dobras. Seu companheiro comprovava ainda mais as cismas das pessoas. Ela tinha pacto com o diabo.

A pessoa mais hostil a Rosária era Maria Madalena Augusta Antúrio da Guia. Beata renomada tomando mais decisões que o próprio padre. Sua palavra era uma ordem similar ao do Vaticano. Nada acontecia sem seu conhecimento e aprovação. Não havia terço em que Madalena não rogasse pela pobre alma de Rosária, entregue ao demônio e necessitando ser recuperada. Apesar da pretensa preocupação com a alma da pagã o objetivo era reforçar na comunidade a imagem de uma pessoa indesejada. O ódio de Madalena foi se alicerçando década a década desde quando era jovem e apaixonada por Everaldo.

Everaldo foi aquele que comprou um pequeno lote de terra de seu pai em plena falência intermediado pela doçura de Madalena. Sua indignação emergiu quando soube que o moço havia comprado as terras para desposar Rosária. A trocara por ela! Remoeu essa dor por anos a fio. Decidiu por fim quem sua infelicidade seria compartilhada. Se Everaldo não era seu, também não seria dela. Pensou em contratar algum jagunço para uma cilada. Planejou envenenar o poço da casa dos recém-casados. Imaginou sequestrar e dar fim à criança que estava para nascer. Delineou a possibilidade de adentrar a casa e matar a todos com a arma de seu pai. Optou por capturar uma cobra e inserir no embornal de Everaldo, furtivamente, enquanto trabalhava no cafezal.

Seu coração quase explodiu quando a notícia da morte de Everaldo reverberou por todo vilarejo. Tinha sido picado por uma cobra. Encheu-se de remorso. O remorso travestiu-se em ódio. Desde então sob a égide da igreja articulava todas as maldades possíveis contra Rosária. E Rosária não entraria mais na igreja.

De alguma forma insuflava a população a crer nas artes mágicas da anciã. A seca ou a inundação, a falta de alimentos ou a morte de um bezerro podia ter sido provocada pela mulher. Houve um longo tempo de estiagem. A terra ficou seca e nuvens de poeira circulavam pelas ruas arenosas. Muitas novenas e nada revertia aquela situação inóspita. Os mais antigos olhavam a lua esperando um sinal de mudança no tempo. Madalena organizou uma grande procissão que saía da igreja e se dirigia ao rio que abastecia a cidade, já bastante comprometido. O andor de São Pedro foi adornado e muitas velas distribuídas. Diante do rio aconteceria uma missa.

Durante o sermão, na missa, Madalena conclamou a todos para expulsarem Rosária e sua filha demoníaca da cidade, somente assim a chuva retornaria. A seca era um castigo divino por todos aceitarem passivamente a presença daquelas pessoas. Estavam todos furiosos. Alguns clamavam a morte a elas. Outros se ajoelhavam em penitência sob o sol causticante rogando a misericórdia de Deus.

Dali rumaram para a casa de Rosária. Estacaram diante do muro e passaram a gritar para que fossem embora.

- Maldita sejas tu, Madalena!, ressoou grave uma voz vinda de dentro da casa de Rosária.

- Maldita seja, mulher do mal! Já não bastou ter assassinado Everaldo, queimado plantações, espalhado a peste entre animais buscando causar-me o mal?, Rosária surgia como vinda do mundo subterrâneo.

- Agora me acusas da estiagem? E manipula essa gente para acreditar nisso? Malditos sejam todos! Merecem a fome e a sede!

Um silêncio mortal caiu entre todos, até que uma voz o rompeu, denunciando:

- Veem?! Ela nos amaldiçoa com a fome e a sede! É ela a bruxa! A esposa do demônio!

Madalena aproximou-se vitoriosa.

- Pois bem, Rosária. Nos entregue sua filha e a deixaremos em paz!

Todos começaram a gritar, alguns histericamente para que a filha fosse dada em sacrifício. Seria linchada pela turba inconsciente.

- Terá de frequentar muitas missas, seguir muitas procissões e participar de muitos terços, Madalena, para que Deus aceite sua alma... não sou eu o demônio, mas você, lobo com pele de cordeiro...jamais daria a minha filha, fruto eterno de meu amor com Everaldo.

Rosária lançava as palavras para atingir Madalena. Há muito havia perdido os medos. E continuou:

- Se desejam invadir minha casa e matar a mim e minha filha, estejam à vontade, mas reflitam se é o seu Deus que os ordena... ou carregarão um peso sobre-humano sobre vocês até que a terra os consuma...

- Que saiam da cidade!, gritava um.

- Vamos queimar sua casa e tudo o que é teu, não queremos o demônio aqui!, resmungava outro.

E sem que alguém pudesse conter um grupo rompeu a multidão e avançou para a casa, abrindo o portão e derrubando a mulher. O velho buldogue rosnou, atacou, defendeu como pode, até ser morto. Tochas foram acesas e o fogo alastrou-se. Escondida e assustada no quarto, Cândida não compreendia o que estava acontecendo. Cândida possuía os olhos amendoados, nariz achatado, cabelos lisos e um aparente retardo mental.

Ao vê-la Madalena sorriu e fechou a porta de madeira de modo a garantir que o incêndio iria consumi-la. O que não esperava era uma viga despencar à sua frente impedindo sua saída. As pessoas incontroladas haviam destruído a casa e ateado fogo aos móveis.

Na parede um quadro com a fotografia de Everaldo. Madalena olhou súplice, mas ele parecia sorrir para a desgraça dela.

No outro dia grossos pingos de chuva inundaram a terra.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

EVOLUÇÃO


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a gente se acostuma
com o descaso no hotel
com a rudeza de atendimento nas compras
com o preço exacerbado do produto
com a imprudência do motorista
com a intransigência do policial
com o bullying do professor 

a gente se acomoda
embora não esteja feliz em um relacionamento
com a falta de sorte no emprego
com a cotidianidade da vida
com as crenças punitivas 
com a submissão e a passividade 

a gente aceita
o descaso pois o outro tem razão
e nos esquecemos que pagamos pelo serviço
a gente aceita
o preço alto pois assim esnobo o outro pelo mais que posso pagar
a gente aceita
a invulnerabilidade, a coragem e a aventura da imprudência
até estar no caminho
no dia exato, na hora exata, no encontro fatal
a gente aceita
humilhações e despropérios
no exercício constante de dar a outra face
com receio da exposição
de não ser aceito
não ser compreendido

a gente se acomoda
para não criar transtornos
por ter medo de enfrentar a vida sozinho
e curtir a boa sombra da árvore carregada de frutos
mesmo quando temporões

a gente se submete a mentiras que sabemos inverdades
criamos máscaras
interpretamos papéis
simulamos alegria, prazer, desolação
manipulamos pelo sentimento, pela emoção, pela autoridade, pelo medo

simplesmente nos tornamos humanos
criamos crenças
geramos raças
voamos pela galáxia
para fugir de nós mesmos

o silêncio me irrita
a ilusão me enaltece
me perco e me acho
entre bagulhos e cacarecos
que junto em mim
na engraçada coleção de espinhos
que acolho e cultivo

beijo o ontem em orgásmico prazer
no colo do amanhã

e minha foto no retrato amarelecido
trás o momento estático
com estórias que modelo
pra te fazer feliz



A CARRUAGEM DA MARQUESA



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A luz bruxuleante da vela de sebo mal iluminava o quarto imerso nas sombras. O movimento oscilante da chama criava imagens bizarras na parede de madeira. O lugar, rústico e sóbrio, traduzia uma cama já antiga, um criado mudo e um baú avantajado onde certamente as roupas eram acomodadas, além de outros objetos pessoais. A pobreza se revelava à medida que adentrando a casa se via na cozinha o fogão à lenha, sem se quer uma brasa acesa e sobre a mesa descansava uma fruteira empoeirada despojada de alimento. Duas ou três panelas com as tampas surradas jaziam a um canto em desuso. Duas pessoas encolhidas no estreito espaço entre a cama e a parede estavam atentas ao som do trotar dos cavalos lá fora. A madrugada ia em meio e como em todas elas ouvia-se as rodas da carruagem e os cascos dos alazões. 

De olhos arregalados e coração descompassado, Alzira e a pequena Inês aguardavam que o silêncio retornasse denunciando que haviam sobrevivido. Mas naquela noite a sege pareceu estacionar em frente ao casebre. Alguns passos ao redor da casa, uma pressão na janela tentando abri-la e a voz de escárnio da senhora:

- Serás a próxima !

Aquele vaticínio gelou por inteiro o corpo franzino de Alzira. Uma lágrima escorreu de seus olhos, enquanto aproximava o mais que podia Inês de seu corpo, tentando protegê-la ou proteger-se. De qualquer forma fora escolhida e estava definitivamente condenada. Os passos se distanciaram e novamente ouviu-se afastar a Marquesa. 

Alzira benzeu-se. Todos temiam a impiedosa Marquesa de Gwandoya, conhecida pelo seu prazer em causar dor e sofrimento a toda vila e moradores de suas terras. Não era possível dimensionar a extensão de seu domínio. Divertia-se sarcástica com os urros, o pranto e os pedidos de absolvição que sorrindo negava. Dizia-se eterna e eterna havia se tornado. Mesmo morta passeava pela vila durante as intermináveis madrugadas. Nunca haveria paz e segurança.

Inês era muda. Filha de Alzira e um viajante. Um forasteiro errante que perdido buscou abrigo na pobre casa. Recebeu um canto para dormir, se refazer, tomar uma sopa de nabos e aquecer-se ao calor dos seios da moça carente e frágil. A mãe morrera quando ainda pequena. Criada pelo pai sem muito afeto aprendera rapidamente as tarefas árduas do lar. O pai tinha rompantes histéricos, constantemente mal humorado. Nunca o viu sorrir. Mas o viu quebrar coisas, matar seu cãozinho a marteladas por ter entrado na casa e amaldiçoar a Deus a cada instante. De uma hora para outra desapareceu. Disseram-lhe que o haviam matado. Na vida sempre há alguém mais forte e não deve ter tolerado a grosseria do velho. Somente Alzira se submetia a ele.

O suor corria abundantemente, a fome formava um oco estranho no interior de cada uma. O sol despontava alheio ao sofrimento.

A Marquesa de Gwandoya conhecera a pobreza. Bela e sedutora corria pelos capinzais e plantações com a elegância de uma rainha. Apesar dos trajes sem luxo, qualquer adorno, fosse uma flor ou um cipó trançado tornavam-se especiais ornamentando seu corpo. Havia um magnetismo, uma força em seu olhar que atraía como um ímã qualquer homem que desejasse. Talvez tenha sido essa aura misteriosa que atraiu Dom João de Sudi, o poderoso senhor de Gwandoya. A crueldade da moça revelou-se aos poucos, maltratando as criadas, pisando sobre os camponeses, manipulando a vida de toda gente daquela região.

Depois vieram os flagelos, as prisões recheadas de torturas e as mais cruéis técnicas para gerar a dor, obrigando a presa a implorar piedade. Sentimento ausente na Marquesa. Contam que ela própria socou, no imenso pilão que mandara talhar, seu marido Dom João. Mesmo com idade avançava conservava a elegância, o olhar vivo e profundo, o sorriso juvenil. Não se sabe quando e de que forma morreu, mas o fato é que agora estava mais terrível que nunca. Intocável, invulnerável e dona de todas as almas.

A porta abriu-se num estrondo. Alzira levantou-se trêmula diante da sombra que se aproximava. Os olhos. Eram os belos olhos da Marquesa.

Despertou em um quarto escuro e lodoso. O frio congelava os ossos. Tateou até perceber a tramela da porta de madeira. A escuridão já não era tão intensa. Percebeu que estava nua. Arrancou com asco algumas lesmas negras e luzidias que deslizavam pelo seu corpo. Olhou ao redor buscando alguma referência. Parecia um bosque. Pisava em algo como que barro. Talvez fosse um pântano. Gritou por socorro. Nem um som. Nem eco. Estava definitivamente só naquele lugar ermo. Lembrou-se de Inês. 
Chamou-a muitas vezes. Insistiu. Nada. Tentou correr, mas a lama não permitia. Seguiu adiante, sem rumo.

Talvez estivesse morta. Desesperou-se. Apalpou-se. Sentia seu corpo. Respirava. Beliscou-se. Sentia dor. Estava viva. Exausta. Faminta. Precisava de algo para comer. Não distante viu o vulto de alguém que passava. Chamou. Apressou o passo como pode. Ele seguia alguns metros à frente. Acelerava os passos à medida que Alzira se aproximava. Desapareceu em uma grande encruzilhada. Lembrou-se de seu pai. Apesar de todas as lembranças seria uma benção encontrá-lo. Seguiu um dos braços da estrada atraída por sons desconexos. A cada passo os sons se tornavam gemidos, lamentos, murmúrios de orações. Uma brisa leve e quente percorria o lugar. Um manguezal. Na lama homens e mulheres rastejavam aparentemente cegos. A falta de luz os tornara qualquer coisa que não era humana. Fugiu como pode das mãos que tentavam agarrá-la ou pedir ajuda. Alzira não se deteve para descobrir. Afastou-se aos prantos, tomada pelo pânico, confusa e assustada. Que lugar era aquele? Como chegara ali?

Encolheu-se atrás de um muro vencido pelo tempo ao ouvir, mais uma vez, a carruagem maldita da Marquesa. Teve a certeza de ter visto Inês junto da anciã perversa. Esgueirando-se seguiu as marcas das rodas. Distanciou-se até estacar-se impactada pela suntuosidade de um castelo de quartzo fumê. Glicínias floridas em cachos pendentes destacavam-se no cenário desolado. Um lago. Álamos frondosos. Um cenário que oscilava entre a beleza e o terror. O vento gélido parecia defender a fortaleza de possíveis intrusos. Tanto deus quanto o demônio podiam residir ali. 

Vagueando entre as sombras adentrou o espaço ciceroneado pelo brasão de Gwandoya. Dois galos combatentes digladiando tendo uma lua negra entre eles com duas espadas cruzadas emcimadas por uma coroa de marquês. O eco era intenso. Quase impossível andar sem gerar ruído. O salão imenso mostrava uma escada em espiral logarítmica e várias estátuas. Pessoas petrificadas pelas artes secretas. O cheiro da morte volitava quase palpável, denso, acariciando o dorso de Alzira. 

As mãos suaves da Marquesa seguraram com firmeza o pescoço da moça. De olhos esbugalhados viu turvar-se o rosto da poderosa anciã. Desmaiou.

Tateou o chão em busca de si mesma. As pequenas mãos de Inês justapostas denunciavam que estava mergulhada em oração. Uma ratazana cruzou o quarto farejando algo. A porta fechou-se bruscamente. Ouviu o coche afastar-se.

Conferiu o pescoço. Olhou Inês assombrada. A Marquesa às deixara viver? O que acontecera? Abraçou-se à imagem da Madona Negra estática em seu criado mudo. Levantou-se vacilante. Estava nua, enlameada, ferida. A um canto vislumbrou seu corpo estendido. Quieto. Mudo. Morto. 



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO - ANHEMBI - SÃO PAULO

com Maria Rita

Izabel Castanha Gil e Esmeraldo Pereira

com o autor José Leão

Ivone, João Scortecci, Esmeraldo, Izabel, Maria Rita

 
fotógrafo Geraldo Bossini

Esmeraldo, Maria Rita, Milena, Izabel, Amneris, Nanci e Ana Lúcia

Lançamento do livro "Nossa História, Nossos Autores" - Volumes I e II
Edição Comemorativa da Scortecci
10/08/2012
Anhembi
SÃO PAULO



terça-feira, 7 de agosto de 2012

CONTA-ME


httptzaradaestrela.blogspot.com.br2010_10_01_archive.html

conta-me os segredos
dos teus lábios que beijam a champagne
do cheiro suave das rubras rosas que te deixam
do sereno  que te banha na madrugada

conta-me os segredos
do sorriso e do sarcasmo
da alegria e da devassa
do encanto e da ternura

conta-me os segredos
de teu olhar profundo
capaz de desvendar todo mundo
cintilante como o ouro

conta-me os segredos
que ocultas
o teu silêncio
no simples gesto de tuas mãos

conta-me...



Colibri


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beija o colibri
o agapanto azul
sol fascinante
sons no quarto
beijo e sedução
na penumbra




Manhã


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balouça a flor do flamboyant
alva madrugada orvalhada
o galo canta
o sol nasce




fotosbossini.blogspot.com

o pó da terra
poeira avermelhada
em tufões
o olho
o cisco
a lágrima

o pós de café
o aroma
o campo
a saudade
a lágrima

o pó alvo e cristalino
o cheiro
o êxtase
a mentira
a morte
a lágrima

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A JANGADA

fotosbossini.blogspot.com

segue caudalosa pelas águas calmas
em mar aberto encoberto pelas ondas
alicerçada sobre troncos já salgados
avança a jangada solitária mar adentro
rede alçada ao ar reluz ao sol que nasce
e se queda pesada e resoluta e desce
afunda esquecida e abnegada
resignação quase profunda
alheia ao céu em cores que renasce
abraça o peixe que se retorce
mas a fome do pescador prevalece
nem sempre a fome que grunhe
mas a fome que abastece a carteira
o bolso da calça surrada
a bolsa de couro disfarçado
volta a jangada algumas vezes sem nada
Mãe D´Água guardou para si seus filhos
brinca com eles animada
algumas vezes troca alguns deles
por um pescador



O CARURU



fotosbossini.blogspot.com


chuva fina na calçada
o caruru se agita
quase em festa
folhas largas verdejantes
bailam silenciosas ao vento
que as bolina atrevido
dança, rodopia e se enrola
ela finge não percebê-lo
entre trejeitos planejados
no arroubo da paixão
segue a planta desolada
rolando pela enxurrada


CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Voo da Cotovia

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Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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O Conto Brasileiro Hoje

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