sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FACES E FAKES


senhor dos delírios
deus dos aromas e das cores
formas e horrores
oscilas entre as trevas e a aurora
pétala delicada do miosótis
carne putrefata que retorna à terra
sóis e lavas
pradarias e montanhas
sonhos e pesadelos
ocupa todos os lugares
quark e pensamento
és dual
sem ser
único e múltiplo
puro e perverso
santo e lascivo
lâmina de onde brota a vida
de onde se faz a morte
silencioso ser que tudo diz
onda do mar que se ergue e desfaz
tantos nomes
tantas faces
tantas lendas
tantas ilusões
tantos enganos
tantas mentiras
tantas verdades
tanto tempo... 

AVATARZINHO


Avatarzinho é o meu gatinho
De miado sonoro
E três cores predominantes
Branco, cinza e ocre.
Há quem diga que três cores
Só as gatas têm !
Mas ele é um rapazinho
Mimado e manhoso
Olhos azuis celestes
E ótimo despertador.
Seis horas da manhã
Já nos tira da cama
Para ganhar seu leite
E tomando por base
“quem não chora, não mama”
Ele não se faz de rogado
Mia e corre para todo lado !
Foi criado com conta-gotas
E muito leite de cabra
Agora é um homenzinho
Que faz uma travessura danada ! 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

AS MURALHAS DE JELEN


             Naquele tempo assumiu o trono Jelen, o Majestoso. O dia de sua posse foi um dia de festa. Ele costumava argumentar que gostava de tudo muito honesto, o tal “não leva desaforo para casa”, “fala na cara”, coisas desse tipo e que estimula a imaginação popular, gerando uma aura de segurança, por tão solene protetor. Jelen gostava de enumerar seus feitos no estilo dos antigos faraós que registram nas paredes de suas tumbas tudo o que haviam realizado. Tornou-se comum os emissários lerem longos pergaminhos nas esquinas das cidades, falando das proezas do Majestoso.

            Jelen era vaidoso e queria ser único. Por isso cuidava para que ninguém mais se destacasse. Todos os feitos eram seus, graças aos seus serviços, seu trabalho, seu esforço. Quem ousasse emergir era delicadamente pisoteado e a imagem denegrida, não pelo imperador, mas por pessoas usadas por ele. Ardilosamente ele nunca se expunha. E como sempre há pessoas que se prestam serem usadas, muitas vezes apenas em troca de um abraço, uma foto ou um tapinha nas costas, o Majestoso garantia sempre alguém para essas ocasiões. Se alguma bomba estourasse...nunca havia sido ele o estopim.

            O ego de Jelen era bastante dilatado, precisava ser enaltecido de tempos em tempos, e não admitia reconhecimentos a outros. O mundo existia por causa dele. Sutilmente conduzia o público para ser aplaudido. É claro que os súditos também o aplaudiam por comodismo. A cultura da inatividade insuflada pelo Majestoso convinha a todos. Como gostava de sua imagem, única e exclusiva, isso levava a cada um a esconder-se em suas sombras, alimentando sua própria inoperância, alheamento e a cultura do reclamar e lamentar, auto-justificando o seu não fazer e buscando manter-se nesta situação.

            Em pouco tempo de reinado a apatia imperava, simulando uma aparência de rigor e prosperidade. O reino de fachada havia criado um cenário belo de ser admirado por outros reinos, porém aqueles que se admiravam estavam inconscientes do que verdadeiramente era cultivado entre as muralhas de Jelen.

            A ociosidade é também uma forma de viver. Uma forma de viver que muitos adotam. A busca pelo ócio leva muitos a se tornarem dissimulados e oportunistas. Era preciso garantir que aquele estilo de vida se perpetuasse. E esse tipo de pessoa começou a se proliferar pelo reino do Majestoso. Toda a relação de conquistas e feitos, sempre adornados de efeitos visuais, pirofagia e neons buscavam esconder o cerne corroído pelos cupins da vaidade, do egocentrismo e da insegurança.

            O Majestoso, como não podia deixar de ser, foi se tornando cheio de caprichos e tudo devia acontecer e ser da maneira que ele desejava. O que não atendia aos seus luxos era considerado ruim, de baixa qualidade ou de má influência para seu reino. As trevas foram cobrindo as ruas, casas e repartições. Os mais sábios começaram a imigrar para outros reinos, mesmo os mais distantes. Ao seu lado foram se cristalizando aqueles que se habituaram a se alimentar das gordas tetas do reino, preferindo tudo o que não exigisse esforço.

            Muitas vezes não percebemos que as muralhas de Jelen estão sendo construídas ao nosso redor, ao redor de nosso trabalho, de nosso local de estudo, de nossa cidade. Ela é silenciosa, quieta, calada, quase muda. Muitas vezes até colocamos alguns tijolos nesse muro, pois a lei do mínimo esforço algumas vezes é arrebatadora. Vale a pena nos demorarmos alguns momentos para uma criteriosa análise. Até que ponto cruzamos nossos braços mediante um comando de um superior, de um conceito, de um paradigma e, cegamente, atendemos. Até que ponto o famoso “Maria vai com as outras” nos impulsiona a seguir a correnteza irrefletidamente? Até que ponto nos submetemos a desmandos, desvarios, pontos de vista, artimanhas para evitarmos sairmos de nossa zona de conforto e assumirmos as rédeas de nossas próprias vidas?

            Derrubar um muro desses exige coragem, esforço e muito mais trabalho do que construí-lo. Um muro invisível, porém de uma matéria bem mais forte que o aço. Mais forte que o buckypaper. Um muro com uma necrófita influência sobre o caráter, o conhecimento, a cidadania...uma desconstrução do ser humano. Jelen pode ser simplesmente a ignorância cultivada arduamente de diferentes formas. Pode ser um líder político, religioso, o gerente de sua empresa, o coordenador de sua escola, pode ser você mesmo. Será possível evitá-lo?

Sabedoria


“Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo” – Confúcio

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

RABISCALIDADE


há quem diga que não há poesia em minha poesia
não são cantadas acompanhadas de lira
não rimam, não tem versos nem estrofes
não tem métrica
mas certa oralidade
talvez por que seja, na verdade, um poema
burlesco ou alegórico
ou talvez não seja poema ou poesia
seja um edema na alma que se cristaliza
uma gargalhada que emerge do caos
uma nostalgia que evoca o passado
apenas referência ao ser amado
talvez seja apenas sentimento
que as linhas acolhem enquanto escrevo
gotas que gotejam sofrimento
um murmúrio ou um lamento
uma certa musicalidade
em que as ninfas bailam
e as cigarras entoam
realmente não sei o que escrevo
e porque nisso me atrevo
o ritmo pulsante da vida
tão repleta de acontecimentos
de emoções e pensamentos
queria ser Cecília1
queria ser Pessoa2
mas sou apenas eu
no burburinho opaco de minh´alma
rabiscando esta folha.


1-      Cecília Meirelles

2-      Fernando Pessoa

ESPÍRITO DA MATA



ouço uma voz suave
que vem do interior da floresta
talvez um jaçanã
talvez o tamanduá
uma ecovila
onde nossa Mãe Natureza
reina e decide
seu cintilante manto verde
sua umidade
seus encantos e perigos 

quero ouvir o chamado ancestral

do velho pajé
suas histórias entrelaçadas de lendas
o beijo doce da jataí
a água límpida do riacho
e dançar
uma dança circular
com os espíritos da mata 

ouço uma voz suave
que me chama

Semana de Alegria


"No se vive sin la fe. La fe es el conocimiento del significado de la vida humana. La fe es la fuerza de la vida. Si el hombre vive es porque cree en algo". (León Tolstoi)

Nesta semana os atabaques ressoam em homenagem às crianças - aos erês - aos ibejis - aos hohos - a Cosme, Damião e Doum. Doces, bolos, refrigerantes e muita descontração.
As honras às crianças independem das religiões, no próprio Catolicismo vemos referências a Antoninho da Rocha Marmo, o Menino da Tábua, a Menina Izildinha, Ninõ Fidencio e muitos já assistiram ao filme Marcelino, Pão e Vinho. Por outro lado, os anjos, muitas vezes, são representados como crianças.

"Vinde a mim as criancinhas, pois delas é o Reino dos Céus"

Esta frase nos remete à reflexão sobre a inocência, à pureza e a ligação espiritual ainda existente (que vai se diluindo a partir do momento em que vamos sendo adestrados a enxergar um mundo quase que exclusivamente material). Por outro lado, ressalta-se a espontaneidade, a alegria e a curiosidade em descobrir o mundo.

Características que devem ser alimentadas e não corroídas com o tempo.

De acordo com a doutrina espírita, a meninada tem mesmo mais facilidade para interagir com quem já se foi, conforme explica Sônia Zaghetto, assessora de comunicação social da FEB (Federação Espírita Brasileira):

“Isso ocorre porque as crianças ainda têm ligações ligeiramente mais tênues com o corpo físico, assim como os doentes terminais, em que a ligação espírito-corpo já se enfraqueceu e eles podem ver os espíritos.

Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/o-livro-dos-mediuns/mediunidade-infantil-18068/?PHPSESSID=d29d9b486c8dc739cb573ede732d0621#ixzz1Z4wu1kti

domingo, 25 de setembro de 2011

NA COR DO AÇAFRÃO


          


           Aproveitando a sombra da velha mangueira, Fernando escolhia bulbos de açafrão para alguns grandes vasos que havia adquirido na feira que acontecia há alguns quarteirões de sua casa, todo domingo. Gostava de passear por lá, conversar com as pessoas que já se tornaram conhecidas, comer um pastel de palmito, beber uma coca-cola. Dessa vez, comprou alguns vasos. Iria adornar sua varanda com pés de açafrão. Ao seu lado, o fiel Getúlio, seu cão.

            Ouviu chamarem seu nome. Apurou os ouvidos e gritou: “Um instante ! Estou indo!”. Bateu as mãos sujas de terra na bermuda e dirigiu-se ao portão. Surpreendeu-se. Não havia ninguém. Surpreendeu-se também por que Getúlio costumava correr na frente anunciando todo seu poder. No entanto, havia permanecido curtindo seu sono. Retornou ao plantio e um novo chamado. Aguardou uns instantes e outra vez ouviu o chamarem. Olhou Getúlio adormecido. Foi novamente ao portão. A rua estava vazia. Riu-se sozinho, convencido de que estava pirando.

            Tudo estaria em paz se uma manga não o tivesse atingido nas costas. Entendeu estar sendo bombardeado.

            Voltou a casa para um banho morno e relaxante. Viu então um vulto passar adentrando a sala de visitas. Correu até o local e nada viu. A porta estava trancada. Não teria por onde sair ou onde se esconder. Entrou no banheiro mantendo a porta aberta, estava desconfiado de suas percepções.

            Pegou “O dia da caça”, de James Patterson, acomodando-se no sofá, e mais uma vez Getúlio se acomoda no tapete próximo. Ganhara Getúlio assim que ele fora desmamado. Era um belo schipperke e estava com ele há dois anos.

            As sombras do entardecer preencheram a sala e um vulto começou a materializar-se ao lado de Fernando. Os olhos profundos, com olheiras marcadas, uma túnica similar ao dos cristãos do século IV, barba bem feita e pele exageradamente alva. Tocou levemente com a ponta do dedo a testa de Fernando adormecido.

            Nesse instante Fernando sentiu que seu corpo flutuava, subindo levemente como um dente-de-leão arrastado pela brisa. Houve um momento que pareceu pairar sobre o telhado da casa. Podia perceber tudo ao seu redor com muita nitidez. Uma brecha luminosa abriu-se no espaço e somente aí pôde visualizar com clareza que o acompanhava.

            - Chamo-me Zaitron e temos uma tarefa a realizar. Não tenha medo, a partir de hoje você terá muitas percepções, esteja atento a elas, aprenda com elas e não se surpreenda...

            Fernando estava mudo. Seguiu Zaitron mecanicamente, sentindo uma paz indescritível, algo que nunca havia sentido antes.
             Com a frase “a maioria das pessoas vivem sem presenciar a vida”, despertou com Getúlio lambendo seu rosto.

            Os próximos dias trouxeram acontecimentos curiosos. Percebeu que divisava uma aura ao redor das plantas, animais, pessoas e alguns objetos. Nas pessoas podia perceber uma luminescência dourada, rósea, azul, verde, cristalina em tons diversos, não apenas isso mas a partir delas conhecia um pouco das pessoas. Um pouco do que sentiam, o que as moviam, as emoções que estavam vivenciando. Uma dessas pessoas sempre encontrava quando ia para o trabalho. Percebeu que ela possuía uma aura cor de açafrão.

            Ao tocar algumas pessoas imagens se sucediam em sua mente e recebia informações sobre elas. Algumas vezes arriscava-se comentar, quando eram mais próximas, e elas se impressionavam. Era alguém que, em geral, era procurado para confidências, desabafos e Fernando estava sempre pronto para ouvir, principalmente ouvir.

            Instintivamente passou a cumprimentar o rapaz de aura cor de açafrão. O gelo foi sendo quebrado e logo ambos se cumprimentavam alegremente.

            Tais percepções tornaram-se naturais com o tempo. Zaitron vez ou outra surgia trazendo-lhe novos “poderes”. Orientado por Zaitron fixou sua mente na casa de Cleide, sua amiga de trabalho. Passou a visualizar a casa, andar por ela, ver detalhes. Curioso, no dia seguinte disse ter sonhado com ela e descreveu o que havia visto. A colega impressionou-se pois realmente a casa onde morava possuía aquela arquitetura e decoração.

            Uma oportunidade de estudar o xamanismo, participar de algumas cerimônias, passar a realizar alguns rituais ampliou ainda mais suas percepções.

            O moço de aura cor de açafrão chamou-o, combinaram um chopp. Chamava-se Bruno. Uma troca espiritual intensa acontecia. Conversaram por horas. A chamada sincronicidade operava.
            Passaram a se encontrar frequentemente, longos e intermináveis papos. Liam, realizavam exercícios de meditação ou de desenvolvimento psíquico. A amizade se consolidava e a experiência mágica se estruturava. O mentor de Bruno se apresentou a Fernando com o nome de Zéfiro. Pertenciam à mesma egrégora espiritual.

            Não encontravam outras pessoas na cor do açafrão, por mais que buscassem.

            A energia planetária os conduziu a São Thomé das Letras, onde as vivências se ampliaram. Hoje ali vivem, na simplicidade de Chico Taquara, na beleza de seu por do sol, no aroma de seus incensos. Apenas duas pessoas que encontraram um portal aberto e  se decidiram mergulhar nele.

            Ali esses dois seres das estrelas, Zaitron e Zéfiro, apontaram a formação de uma comunidade. Outros seres do espaço se aproximaram.

            O mundo mostrou-se muito maior do que supunham.         
            

PORTAS ENTREABERTAS





Entreabertas estão nossas portas
Nuas
Cruas
Ainda com o cheiro da madeira
Talvez se fechem
Talvez escancarem
Mal posso te ver na penumbra
Em que te ocultas
Fugindo de mim
Fugindo de ti
Fugindo dos outros
Nem o vento passa
Perfumes não exalam as flores
Nem o amadeirado da porta
Nem o suor que escorre
Só a respiração ofegante
Engasgada na própria garganta
Querendo gritar.

ASAS FLAMEJANTES




minha voz se cala
no silêncio inerte de seu canto
de seu grito
de tuas lamentações
meu corpo se arrasta
anti-gravitacional
repelido por tua aura
vagueio insone
imune
como fadas entre orquídeas
ruflar de asas transparentes
quase invisíveis
levando-me para longe
outro mundo
outra vida
outro tempo
outro eu

BEIJA-FLOR





O meu sorriso chora
Enquanto a saliva escorre
A um canto da boca
Ávida de um beijo
Sonoro como o canto do beija-flor
Encolhido a um canto do corredor
Enquanto corro para os teus braços

Que evitam me abraçar

ÓBVIO





Há muitas formas de ser
Há muitas formas de ver
Há muitas formas de falar
Há muitas formas de ouvir
Há muitas formas de viver
Há muitas formas de morrer.

COR DE AÇAFRÃO




Flores belas de açafrão
Sonhos que sonho
Na busca indelével do prazer
De preencher o vazio
Que insiste em ser
O carinho
A carência
A vontade
O desejo
A distância
A perda
A lágrima

Flores de farinha
Pó em que insisto em não ser
Crio e recrio imagens
De mim mesmo
De nós
Dos outros

Espírito de sal
Que tempera
Dá sabor
Vida sem sabor
Que sabor tem a vida?
Salgada
Doce
Agridoce
Amarga
Insossa

Flor bela do açafrão
Belos são também teus olhos
Porém somente eles
Não são das cores do açafrão
São de suas folhas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Nós

Korova Milkbar


Sorvendo docemente
Inocentemente
Inconscientemente
Esta dor
de ser semente

Um sabor incontestável
De doce e afável
Amargo e puro

Sem poder
te tocar
te olhar
te sonhar
te beijar

Por que a dor de ser somente
nos faz
apenas nós
sós

Olhos nos Olhos



Estamos à beira do caos
De braços dados
Olhos nos olhos
E não há caminho
Que nos faça voltar
Muito menos prosseguir

Estamos à beira do cais
De corpos colados
Olhos nos olhos
E não há navio
Que nos permita partir
Nem há motivos pra desistir

Estamos envoltos em lençóis
De mentes ligadas
Olhos nos olhos
E não há sopro
Que nos faça gemer
Nem há como se calar

E assim estamos
Olhos nos olhos
petrificados

Emaranhado

Yajuro Takashima(高島野十郎 Japanese 1890-1975)
Mangetsu  満月   1963


Serpenteando
Pra lá e pra cá
Lá vou eu-aranha
Criando formas
Formando teias
Atando a vida em nós
Cruzando espaços
Criando enigmas
A fio e laço
Desafiando leis
Criando pontos
Dando nós
Como todo ser
que vive só.

Olhar Sedento


Da noite sedenta
Garganta a dentro, entro
Saliva sedenta
A garganta adentra, queimando
E meu corpo teima em te querer
Te procura apenas para ver
A noite é criança esperta e desperta
Desejo, impulso e medo

Sobre meu corpo sedento
Garganta afora, nos olhos aflora
procuro alguém
Do seu corpo inteiro, sinto seu cheiro
Aromas que me contaminam
Corpo aspirado
Desejo molhado
Nos olhos terminam

A vida procura
Ocorre o encontro
A saliva sedenta, pela boca afora
Ávida busca
Do havido encontro
Que foi só e pronto !
Resta o olhar sedento
fitando o pó das estrelas
à luz do luar.

Vamos ferver


Uma febre me consome
O corpo queima
Em chamas me desfaço
Em cinzas
Despedaço

Se você chegar
Bem devagar
Sem divagar
E somente se
Você chegar
e me tocar
sem intenção

Febre que se aplaca
Pra se erguer em fervidão

Esvoaçante


Um fio dourado
De um louro
Cabelo molhado
Longo e louco
Por ventos tocado
Apaixonado
Belo e deslumbrante
Doce e esvoaçante
Caindo invariavelmente
No colo
Corpo quente
Desejo velado
Recém despertado
Louco amor
Como eu
louco desvairado.

Nossos Corpos


Dois compostos químicos
Pesos moleculares diferentes
Diferentes cargas elétricas
Números atômicos diferentes
Diferentes volumes
Odores e cores diferentes
Diferentes sabores
Concentrações diferentes
Diferentes níveis de acidez
Tudo diferente
Tão iguais

Num certo momento de sua meia vida
Foram diluídos às soluções de dez por cento
E ajuntados num tubo de ensaio
Descobriu-se que eram imiscíveis
E como se quisessem
E não precisassem se misturar
Por terem vidas independentes
Como se estivessem unidos
Mesmo quando separados
E agora juntos
Nem há necessidade de se tocarem
Assim acontece com nossos corpos.

Rua Solidão



Para não me sentir sozinho
às vezes falo com o espelho
Deixo as luzes acesas e ligo o chuveiro
Aumento o som até estremecer
Não durmo mais à noite
Vegeto o dia inteiro
Filmes não me estimulam
A rua está deserta
O portão está aberto
Para acaso você voltar
Se chegar a madrugada
Basta entrar
E quando amanhecer
voltarei a sonhar

Busca



Pensamentos voam em noites de lua
Lua brilhante
Lua branca
Despida de nuvens
totalmente nua
Um grito na rua
A mais pura verdade
Verdade nua e crua
Alma que vaga
Sozinha na rua 

Esperança



Eu vou guardar em mim, seu coração
Vou me perder em labirintos profundos de solidão
Vou me encontrar em ruas desencontradas, repletas de escuridão
Vou falar de tristeza ao meu sorriso
Vou dedilhar o violão e arriscar uma canção
Vou rever sua foto desgastada
Vou regar as flores já murchas
Talvez você volte.

Minha Estrela


Em uma dessas noites de luar
Estava eu olhando para o céu
E vi algo espantoso, mas muito familiar
Vi teu rosto pairando no ar como se fosse uma estrela
De repente, ouço uma voz que me chama
A estrela desaparece no ar
A aparece em minha frente
De modo que posso tocá-la
sentir seu calor
O calor de seu corpo
Que me abraça
Juntos
olhando as estrelas
naquele luar 

Confissão



Lembrar para chorar
Chorar pra esquecer
Sorrir para guardar
Um momento para nós dois
Não dá pra notar o que você faz
Se é certo ou errado
Pra mim tanto faz
Não dá pra explicar
Não dá pra entender
Mas vou confessar
Eu amo você !

Desilusão

http://vintague.tumblr.com/

Hora triste que há de findar
Na penumbra da sala
Minhas lágrimas hei de derramar

Soluço e cansaço me levam pro quarto
Dormir e sonhar
Sonhei que um dia amei
Sem ninguém me amar

A cada beijo



De letra em letra, uma palavra
De palavra em palavra, uma frase
De frase em frase, um verso
De verso em verso, uma estrofe
De estrofe em estrofe, uma poesia
De poesia em poesia, um sentimento
De sentimento em sentimento, um coração
De coração em coração, um desejo
De desejo em desejo, um beijo
E cada beijo...outros lábios

CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

SABORES DO COMENDADOR

Ator Nacional: Carlos Vereza

Ator Internacional: Michael Carlisle Hall/ Jensen Ackles/ Eric Balfour

Atriz Nacional: Rosamaria Murtinho / Laura Cardoso/Zezé Mota

Atriz Internacional: Anjelica Huston

Cantor Nacional: Martinho da Vila/ Zeca Pagodinho

Cantora Nacional: Leci Brandão/ Maria Bethania/ Beth Carvalho/ Alcione/Dona Ivone Lara/Clementina de Jesus

Música: Samba de Roda

Livro: O Egípcio - Mika Waltaire

Autor: Carlos Castañeda

Filme: Besouro/Cafundó/ A Montanha dos Gorilas

Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

Planta: aloé

Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

Livros (Solos): “Análise Combinatória e Probabilidade”, Geraldo José Sant’Anna/Cláudio Delfini, Editora Érica, 1996, São Paulo, e “Encantamento”, Editora Costelas Felinas, 2010; "Anhelos de la Juvenitud", Geraldo José Sant´Anna/José Roberto Almeida, Editora Costelas Felinas, 2011; O Vôo da Cotovia, Celeiro de Escritores, 2011, Pai´é - Contos de Muito Antigamente, pela Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012, A Caminho do Umbigo, pela Ed. Costelas Felinas, 2013. Metodologia de Ensino e Monitoramento da Aprendizagem em Cursos Técnicos sob a Ótica Multifocal (Editora Scortecci). Tarrafa Pedagógica (Org.), Editora Celeiro de Escritores (2013). Jardim das Almas (romance). Floriza e a Bonequinha Dourada (Infantil) pela Literarte. Planejamento, Gestão e Legislação Escolar pela Editora Erica/Saraiva (2014).

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Metodologia e Avaliação da Aprendizagem

Pai´é - Contos de Muito Antigamente

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Contos de Geraldo J. Sant´Anna e fotos de Geraldo Gabriel Bossini

ENCANTAMENTO

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meus poemas

Análise Combinatória e Probabilidades

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juntamente com o amigo Cláudio Delfini

Anhelos de la Juvenitud

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Edições Costelas Felinas

A Caminho do Umbigo

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Edições Costelas felinas

Voo da Cotovia

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Celeiro de Escritores

Divine Acadèmie Française

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Prêmio Luso Brasileiro de Poesia 2012/2013

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Literarte/Mágico de Oz (Portugal)

Lançamento da Antologia Vozes Escritas

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Noite de autógrafos em Barra Bonita-SP

Antologia Literária Cidade - Volume II

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Poemas : Ciclone e Ébano

Antologia Eldorado

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Antologia II

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Antologia Cidade 10

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Org. Abílio Pacheco

Antologia da ALAB

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Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas

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Lançamento do CELEIRO DE ESCRITORES

Contos de Hoje - Narrativas

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Literacidade

O Conto Brasileiro Hoje

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RG Editores

4ª Antologia da ALAF

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