O poeta escreveu.
A criança não sabia ler
e como também não sabia falar
apenas olhou
O cachorro não sabia escrever
sabia olhar e ladrar
então brincou
A poesia falava da vida
de sonhos, de flores, de crianças
A criança sabia viver
cada momento, sem dores, sem esperanças.
O cão não sabia nem que estava vivo
corria, latia em suas lambanças
O poeta pensava
A criança brincava
O cão só olhava...
O poeta concluiu sua obra-prima
plena de metáforas, redondilhas, trocadilhos
A criança, você nem imagina,
explorava gavetas, registros e livros
O cachorrinho, quieto, “tadinho”
Deitado, contemplava, sobre um rodilho
Vagando entre seus pensamentos
o poeta toma seus escritos
para amenizar seus tormentos
para declamá-lo em voz alta e clara
Quando a criança, no flash de um momento,
apanha a página rabiscada
e testando o dom do tato
amassa, enrola, sente a textura
gargalhando com gostosura
O cão sentindo a algazarra
Quase que num trato
Apanha a bola mal formada
No centro a poesia que germina
Traduziu de forma inusitada
O pensamento do poeta
Na alegria e inocência da meninada
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