Não sei quanto tempo me resta
Nessa estranha jornada chamada vida
Se a gente pensar desde quando um ventre nos acolhia
Quantas surpresas, quanta folia
Quantas dores, quantas penas, que vida sofrida
Fui trabalhar cedo, garoto de calça curta,
Como dizem alguns,
Rocei cafezais, fiz carretos,
Fiz comércio, caminhei
Vem esposa, filhos, netos,
Amigos que a gente não esquece,
Gente que a gente nem lembra mais,
A vida é um vai e vem de gente,
Onde a gente entre e sai da vida de tanta gente
Não sei quando não estarei mais aqui
Quando serei uma memória
Alguém que passou...
Lendo a história e não importa
Se é geológica, se é da humanidade,
Quanta gente veio e foi
Falamos do Átila, do Menés, do Sócrates,
Mas são uns bem poucos,
A maioria a gente nem sabe que esteve aqui.
Não sei o que faz com que alguns se tornem imortais
Se é sina, se é trabalho, se é oportunidade,
Só sei que a gente se torna alguém pra sempre
Quando, de alguma forma, plantamos algo bom.
Uns viram santos, reconhecidos ou não,
Outros filósofos,
A gente vira poeira.
Mas a poeira é que forma o chão,
A terra firme,
Por onde caminham e desfilam
Esses poucos.
Tem que ter mais terra do que gente pra caminhar.
Não sei quando não estarei mais aqui
Só sei que a minha poeira
Permitiu que germinassem
Nesse solo fértil
Grandes experiências,
Pude viver e deliciar-me com cada gota de vida que caiu em meu solo
Cada momento
Como esse em que me expresso
Através deste poema
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