quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A PROMESSA DE RENÊ



Vor 2 Monaten with 83 Anmerkungen


- Prometa-me, Renê, que você se casará com Alcídio, não importando os obstáculos que venha enfrentar..., recomendou Iracy com a voz exausta e debilitada, segurando fortemente nas mãos da moça ensopada de lágrimas.

Iracy era a respeitada matriarca naquele vilarejo, conhecia a todos, praticamente criara a cada um. Agora seu tempo expirava e, com suas últimas forças, procurava garantir o que acreditava ser o melhor. Quase secular entendia ter tido experiências suficientes para poder interferir na vida de cada morador, repreendê-los quando necessário, acolhê-los nos momentos mais difíceis. A própria Renê era prova disso.

A velha senhora a encontrara quase moribunda em uma casinha socada aos pés do morro, perto de um brejo que haviam denominado “Cachorro Deitado”. Após a morte dos pais, Renê lutava para sobreviver correndo pelos campos atrás de serralha, caruru, beldroega e alguns frutos que pudesse coletar para saciar a fome. Estava magra, com olheiras profundas, mal podia caminhar com as próprias pernas. Iracy a carregou. Matou uma galinha, preparou-lhe uma canja e a adotou. Agora, Renê a auxiliava nos serviços domésticos. “Dona Iracy é uma santa !”, sempre resmungava a todos, com olhar contemplativo e um sorriso que entremeava a alegria e a tristeza.

O sofrimento preservara em Renê o corpo fino, esguio, em que as roupas dançavam soltas por mais que as apertasse. Cabelos castanhos claros, olhos redondos e queixo quadrado davam a ela um perfil pouco comum. Já Alcídio era um homem da roça, com um corpo bem talhado pelo serviço pesado e uma descoberta para qualquer agência de modelos. Porém, não tinha consciência de sua beleza. Acordava de madrugada e retornava para casa ao anoitecer, após duro trabalho de lavrador. Mãos calejadas, roupas quase sempre sujas e pouco asseio pessoal, contrastavam com seus cabelos louros, olhos verdes e um belo sorriso.

O jovem era enamorado de Eulina, pessoa que Iracy detestava, considerando-a pessoa de má índole, mulher de beira de estrada como a chamava. Eulina era dona de um corpo apetitoso e que enchia os olhos de Alcídio, rapaz com os hormônios à flor da pele. A moça era cheia de trejeitos, o olhar pidão, a maneira de mexer nos cabelos, a forma chorosa e meio cantada de conversar. Tinha bem mais volume que Renê.

Passados dias decorridos após o féretro de Iracy, Renê guardava dentro de si sua promessa. Sentia amar Alcídio, mas como faria para que ele a notasse? Sentia-se um lixo quando Eulina se aproximava, com seus perfumes, seus vestidos floridos e cheios de cores, o rebolado ao andar. Via o sorriso de Alcídio, os olhares que ele dava para os peitos dela e que ela fazia questão de evidenciar.

Renê não sabia, contudo, que as noites do rapaz não estavam sendo fáceis. Embora dormisse pensando em Eulina, muitas vezes após masturbar-se, sonhava que estava se casando com Renê e Iracy era a madrinha. A visão respeitosa que todos tinham da matriarca o consumia. Seria esse o desejo da senhora? Pensava, então, em Renê, esquálida, sem graça, sem atrativos ao lado da exuberante Eulina.

Apesar dos insistentes sonhos aproximou-se de Eulina e ela não se fez de rogada. Começaram namorar. Bem mais que isso ! Estava bastante satisfeita com o insaciável rapaz, porém não era mulher de um homem só. Caminhava sempre antenada, atenta aos homens ao seu redor, na verdade, buscava alguém abastado, alguém que pudesse lhe dar uma boa vida. Não queria morrer naquele bairro, que só nome já a denunciava “Estica Teta”. O “Estica Teta” era um bairro onde residiam as mulheres da vida. Queria sair dali, ser madame.

 Os amigos que buscavam alertar Alcídio entravam em sua lista negra, algumas vezes violentamente. Aos poucos desistiram de avisá-lo sobre quem era Eulina e deixaram que ele descobrisse por si mesmo, mesmo que tardiamente. Havia se tornado motivo de chacota entre os amigos. Estava bobo e apaixonado, inacreditavelmente não enxergava o que acontecia. Eulina vivia disponível para quem quisesse. Renê sofria vendo a cegueira do seu amor.

Mais do que isso, Eulina consumia as suadas moedas que Alcídio conquistava em seu difícil trabalho. Mas o moço queria se casar com ela. Casaram-se. Foram morar no “Água Espraiada”. Um bairro simples, mas onde Alcídio montou sua casa. Vieram os filhos. Primeiro, Antenor, e depois Flávio. Apesar dos filhos, Eulina encontrava-se furtivamente com Laércio, um policial; Décio, um motorista de ônibus; Carlão, um negro taludo e que era mecânico. Diante de alguns espasmos de ciúmes de Alcídio, Eulina o censurava, chorava, ameaçava ir embora diante das desconfianças do marido.Ele, então se aquietava, o medo de perdê-la se sobrepunha a possibilidade de compartilhá-la.

Renê o aguardou por muito tempo, mas cedeu aos apelos de Alfredo. Com Alfredo teve Isabel, Iracy e Walter. Alfredo morreu cedo. Infarto fulminante. Renê cuidou das crianças, labutou, mas ficara bem de vida com o casamento.

Um dia o vilarejo entrou em polvorosa. Haviam encontrado o corpo de Eulina esfaqueado no Morro do Cruzeiro. Alcídio estava desconsolado e prometia vingança. Na verdade, o caso seria abafado, pois o assassino havia sido Laércio e a havia matado para escapar das constantes ameaças de Eulina. A mulher prometia contar para sua esposa que tinham um caso e somente ficaria calada em troca de alta soma em dinheiro. Laércio prometera entregar-lhe o dinheiro no Morro e lá a liquidou.

Foi assim que Renê se aproximou de Alcídio. Alguns meses e Renê já cuidava das roupas dele e dos filhos, fazia almoço e jantar...assumiu a posição de Rainha daquele Lar.

A primeira vez entre eles demorou bastante tempo. Renê enrubescia, disfarçava, fugia, tremia-se toda diante das investidas calorosas de Alcídio. Até que desmanchou-se quando ele a pegou por trás enquanto passava roupas. Pela janela Iracy comandava a torcida abraçada a Flávio e Antenor agarrado a Isabel. Walter olhava enciumado tanto para a mãe quanto para Antenor. Sentia algo estranho quando o novo irmão se aproximava. Passava um bom tempo olhando-o enquanto dormia, ao irem banhar-se na cachoeira, geralmente plenamente despidos.

A união das duas famílias fazia-lhe bem e mal. Queria estar junto de Antenor, mas procurava disfarçar completamente o que sentia, embora não o soubesse claramente.

A grande prova foi quando Antenor após nadar no rio estirou-se nu na grama. Naquele momento soube o queria, mas não ousou arriscar-se. Decidiu que iria embora. Fugiu de casa. Procurou o trem e avançou para a cidade grande. Construiria sua própria vida e não arriscaria destruir a vida de seus pais e irmãos.

Naquela noite, Antenor refugiou-se atrás da imensa jaqueira que ladeava a casa para chorar. Sentia algo estranho por Walter, queria ir atrás dele, procurá-lo, ver o que iria acontecer, mas não tinha coragem para isso.

Renê visitou o túmulo de Iracy com um ramalhete de flores de papagaio e samambaias. Acendeu uma vela e rezou. Ganhara Alcídio e perdera Walter, provavelmente pelo filho não aceitar a união. Pediu que Iracy o protegesse, assim como protegia a todo vilarejo, afinal Walter era filho daquele lugar.

A vida no vilarejo prosseguia em seu ritmo pacato e monótono, enquanto Walter trabalhava numa fábrica de implementos agrícolas na capital. Possivelmente nunca mais se encontrariam, apenas uma foto de Walter e Antenor abraçados na beira do lago, rindo, um sorriso eternizado na memória de ambos.   

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CONTOS EMANADOS DE SITUAÇÕES COTIDIANAS

“Os contos e poemas contidos neste blog são obras de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”

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Ator Nacional: Carlos Vereza

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Atriz Internacional: Anjelica Huston

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Autor: Carlos Castañeda

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Cor: Vinho e Ocre

Animal: Todos, mas especialmente gatos, jabotis e corujas.

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Comida preferida: sashimi

Bebida: suco de graviola/cerveja

Mania: (várias) não passo embaixo de escada

O que aprecio nas pessoas: pontualidade, responsabilidade e organização

O que não gosto nas pessoas: pessoas indiscretas e que não cumprem seus compromissos.

Alimento que não gosta: coco, canjica, arroz doce, melão, melancia, jaca, caqui.

UM POUCO DO COMENDADOR.


Formado em Matemática e Pedagogica. Especialista em Supervisão Escolar. Especialista em Psicologia Multifocal. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa pela ABD e Instituto VAEBRASIL.

Comenda Rio de Janeiro pela Febacla. Comenda Rubem Braga pela Academia Marataizense de Letras (ES). Comenda Castro Alves (BA). Comendador pela ESCBRAS. Comenda Nelson Mandela pelo CONINTER e OFHM.

Cadeira 023, da Área de Letras, Membro Titular do Colegiado Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba, patronesse Juliana Dedini Ometto. Membro efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras. Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Membro da Literarte - Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos. Membro da União Brasileira de Escritores. Membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza (ALAF). Membro da Academia de Letras de Goiás Velho (ALG). Membro da Academia de Letras de Teófilo Ottoni (Minas Gerais). Membro da Academia de Letras de Cabo Frio (ARTPOP). Membro da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suíça. Membro da Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo. Embaixador pela Académie Française des Arts Lettres et Culture. Membro da Academia de Letras e Artes Buziana. Cadeira de Grande Honra n. 15 - Patrono Pedro I pela Febacla. Membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de Iguaba Grande (RJ). Cadeira n.º 2- ALB Araraquara.

Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Taquaritinga pelos serviços em prol da Educação. Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Bebedouro por serviços prestados à Educação Profissional no município. Homenagem pela APEOESP, pelos serviços prestados à Educação. Título de Cidadão Bebedourense. Personalidade 2010 (Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade Mais Influente e Educador 2011(Top of Mind - O Jornal- Bebedouro). Personalidade 2012 (ARTPOP). Medalha Lítero-Cultural Euclides da Cunha (ALB-Suíça). Embaixador da Paz pelo Instituto VAEBRASIL.

Atuou como Colunista do Diário de Taquaritinga e Jornal "Quatro Páginas" - Bebedouro/SP.
É Colunista do Portal Educação (http://www.portaleducacao.com.br

Premiações Literárias: 1º Classificado na IV Seletiva de Poesias, Contos e Crônicas de Barra Bonita – SP, agosto/2005, Clube Amigo das Letras – poema “A benção”, Menção Honrosa no XVI Concurso Nacional de Poesia “Acadêmico Mário Marinho” – Academia de Letras de Paranapuã, novembro/2005 – poema “Perfeita”, 2º colocado no Prêmio FEUC (Fundação Educacional Unificada Campograndense) de Literatura – dezembro/2005 – conto “A benção”, Menção Especial no Projeto Versos no Varal – Rio de Janeiro – abril/2006 – poema “Invernal”, 1º lugar no V Concurso de Poesias de Igaraçu do Tietê – maio/2006 – poema “Perfeita”, 3º Menção Honrosa no VIII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba – setembro/2006 – poema “Perfeita”, 4º lugar no Concurso Literário de Bebedouro – dezembro/2006 –poema “Tropeiros”, Menção Honrosa no I concurso de Poesias sobre Cooperativismo – Bebedouro – outubro/2007, 1º lugar no VI Concurso de Poesias de Guaratinguetá – julho/2010 – poema “Promessa”, Prêmio Especial no XII Concurso Nacional de Poesias do Clube de Escritores de Piracicaba, outubro/2010, poema “Veludo”, Menção Honrosa no 2º Concurso Literário Internacional Planície Costeira – dezembro/2010, poema “Flor de Cera”, 1º lugar no IV Concurso de Poesias da Costa da Mata Atlântica – dezembro/2010 – poema “Flor de Cera”. Outorga do Colar de Mérito Literário Haldumont Nobre Ferraz, pelo trabalho Cultural e Literário. Prêmio Literário Cláudio de Souza - Literarte 2012 - Melhor Contista.Prêmio Luso-Brasileiro de Poesia 2012 (Literarte/Editora Mágico de Oz), Melhor Contista 2013 (Prêmio Luso Brasileiro de Contos - Literarte\Editora Mágico de Oz)

Antologias: Agreste Utopia – 2004; Vozes Escritas –Clube Amigos das Letras – 2005; Além das Letras – Clube Amigos das Letras – 2006; A Terra é Azul ! -Antologia Literária Internacional – Roberto de Castro Del`Secchi – 2008; Poetas de Todo Brasil – Volume I – Clube dos Escritores de Piracicaba – 2008; XIII Coletânea Komedi – 2009; Antologia Literária Cidade – Volume II – Abílio Pacheco&Deurilene Sousa -2009; XXI Antologia de Poetas e Escritores do Brasil – Reis de Souza- 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2009; Guia de Autores Contemporâneos – Galeria Brasil – Celeiro de Escritores – 2010; Prêmio Valdeck Almeida de Jesus – V Edição 2009, Giz Editorial; Antologia Poesia Contemporânea - 14 Poetas - Celeiro de Escritores, 2010; Contos de Outono - Edição 2011, Autores Contemporâneos, Câmara Brasileira de Jovens Escritores; Entrelinhas Literárias, Scortecci Editora, 2011; Antologia Literária Internacional - Del Secchi - Volume XXI; Cinco Passos Para Tornar-se um Escritor, Org. Izabelle Valladares, ARTPOP, 2011; Nordeste em Verso e Prosa, Org. Edson Marques Brandão, Palmeira dos Indios/Alagoas, 2011; Projeto Delicatta VI - Contos e Crônicas, Editora Delicatta, 2011; Portas para o Além - Coletânea de Contos de Terror -Literarte - 2012; Palavras, Versos, Textos e Contextos: elos de uma corrente que nos une! - Literarte - 2012; Galeria Brasil 2012 - Guia de Autores Contemporâneos, Celeiro de Escritores, Ed. Sucesso; Antologia de Contos e Crônicas - Fronteiras : realidade ou ficção ?, Celeiro de Escritores/Editora Sucesso, 2012; Nossa História, Nossos Autores, Scortecci Editora, 2012. Contos de Hoje, Literacidade, 2012. Antologia Brasileira Diamantes III, Berthier, 2012; Antologia Cidade 10, Literacidade, 2013. I Antologia da ALAB. Raízes: Laços entre Brasil e Angola. Antologia Asas da Liberdade. II Antologia da ACLAV, 2013, Literarte. Amor em Prosa e Versos, Celeiro de Escritores, 2013. Antologia Vingança, Literarte, 2013. Antologia Prêmio Luso Brasileiro - Melhores Contistas 2013. O tempo não apaga, Antologia de Poesia e Prosa - Escritores Contemporâneos - Celeiro de Escritores. Palavras Desavisadas de Tudo - Antologia Scortecci de Poesias, Contos e Crônicas 2013. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXIII, RG Editores. Antologia II - Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro. antologia Escritores Brasileiros, ZMF Editora. O Conto Brasileiro Hoje - Volume XXVI - RG Editores (2014). III Antologia Poética Fazendo Arte em Búzios, Editora Somar (2014). International Antology Crossing of Languages - We are Brazilians/ antologia Internacional Cruce de Idiomas - Nosotros Somos Brasileños - Or. Jô Mendonça Alcoforado - Intercâmbio Cultural (2014). 5ª Antologia Poética da ALAF (2014). Coletânea Letras Atuais, Editora Alternativa (2014). Antologia IV da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). A Poesia Contemporânea no Brasil, da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Editora Iluminatta (2014). Enciclopédia de Artistas Contemporâneos Lusófonos - 8 séculos de Língua Portuguesa, Literarte (2014). Mr. Hyde - Homem Monstro - Org. Ademir Pascale , All Print Editora (2014)

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