Okê, Caboblo!
Okê Arô!
Adakê Odé!
Hoje se comemora o Santo Católico São Sebastião. Conta-se que nasceu em Narvonne, cidade francesa, no final do século III, mudando-se para Milão, onde ele cresceu e foi educado. Tendo idade adequada alistou-se como militar, nas legiões do Imperador Diocleciano.
Enquanto o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado por seguir a fé cristã. Diocleciano sentiu-se traído, e buscou fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião resistiu.
Diocleciano ordenou, então, aos seus soldados para que o matassem a flechadas. A determinação foi cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, o amarraram a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.
Ao anoitecer, Irene, esposa de Castulo, dirigiu-se ao descampado, para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Surpreenderam-se ao perceber que ainda estava vivo. Desamarraram-no, escondendo-o na casa de Irene, cuidando de suas feridas. Restabelecido, São Sebastião quis continuou seu processo de evangelização, conforme sua crença.
Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma.
Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas por volta do ano 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram transportadas para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje.
Em razão do sincretismo religioso, em alguns terreiros associou-se São Sebastião a Oxóssi.
Oxossi é o rei de Keto, filho de Oxalá e Yemanjá, ou, nos mitos, filho de Apaoka (jaqueira). É o Orixá da caça; foi um caçador de elefantes, animal associado à realeza e aos antepassados.
Oxossi vive na floresta, onde moram os espíritos e está relacionado com as árvores e os antepassados. As abelhas pertencem-lhe e representam os espíritos dos antepassados femininos. Relaciona-se com os animais, cujos gritos imita a perfeição, e caçador valente e ágil, generoso, propicia a caça e protege contra o ataque das feras.
O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.
Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Oxossi o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio.
Através dessas poucas letras percebemos a teia de relações ser cuidadosamente trançada. As crenças, mitos e rituais vão assimilando, de maneira natural e intensa, gerando novas formas de culto, embora a essência se preserve. A fé se renove.
Oxóssi, como dito, vem da Nação Keto. Podemos também citar Ngunzu: - que engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra. Outros cultos de várias nações também se fortaleceram. Entre os Tshokwé, o primeiro caçador mitológico de todos os tempos foi Kawa ka Tschimbundu, considerado um Hamba poderoso prescrito pelo "Tahi" (Adivinho) na maioria das vezes em que há necessidade de harmonizar o caçador.
Mutá é um Hamba encontrado entre os Tschokwé, no qual aparece como uma divindade dos caçadores terrestres. Sua representatividade é um cão, aquele capaz de farejar a caça, companheiro inseparável dos caçadores e que também recebe Itumbu (Filtros mágicos) para adentrar as matas.
Não podemos deixar de registrar o Nkisi caçador, que habita as florestas ou montanhas, o responsável pela fartura, pela abundância de alimentos: Mutalambô e Burugunzo. Suas cores: verde para Mutalambô e Burungunzo, e verde, azul e amarelo para Gongobira, sua saudação: Kabila Duilu – Kabila.
À medida que avançamos encontraremos diversas outras relações, modeladas através desse encontro de diferentes culturas em terras brasileiras. Essa troca efusiva gerou características ímpares nas religiões que germinavam.
Se pensarmos em toda essa riqueza cultural surpreende-nos a intolerância religiosa que parece tomar proporções assustadoras nas redes sociais, canais de televisão e dentro de vários cultos. Em pleno século XXI depois de tantas experiências vivenciadas: cristãos perseguidos e mortos, índios dizimados, negros escravizados entre tantos outros registros históricos: depois das Cruzadas, Noite de São Bartolomeu, tivemos na década de oitenta, a determinação xiita do Irã - "o governo de Deus na terra" - que os crentes da seita baha'i que não se convertessem ao islã fossem mortos. Quantos outros exemplos podemos capturar ao longo da história de cada povo? Isso nos deve remeter ao aprendizado, ou corremos o risco de materializarmos no futuro novos Campos de Concentração ou a instituição de uma Guerra Fria Religiosa que insufla a discórdia, julga e condena, mais uma vez de forma inconsciente e em nome de Deus!
Urge hoje ouvirmos nossos ancestrais, o ensinamento dos Avatares, dos Grandes Mestres, e colocar em prática a empatia. Todas as crenças nos remetem à caridade, solidariedade, fraternidade, qual a razão que nos impulsiona a acreditar que minha religião agrada mais um Deus do que outra, que esse povo é escolhido em detrimento de outro, que a verdade existe para essa e não para a outra, que esse culto é evoluído e outro é primitivo?
Podemos nos remeter a um livro sagrado como a Bíblia, o Alcorão, o Bhagavat Gita, o Torá, o Tripitaka, o Abhidhamma, o Mahabharata, o Guru Granth Sahib, o Kitáb-i-Aqdas, entre outros. Qual diz a verdade? Qual deve ser seguido? E se não há um livro sagrado? Se a religião se fundamenta através da tradição oral?
Quero que esse dia de Oxóssi e dia de São Sebastião, seja um dia de acolhimento, de respeito, de verdadeira prática do amor ao próximo – que não é cristã, budista, umbandista...o amor é universal!
Hoje também se comemoram os caboclos. Isso integra todo território brasileiro.
Sonho que cada um possa viver a sua verdade, sabendo que a verdade possui nuances e que para viver sua verdade basta estar em harmonia com ela, aceitá-la, vivê-la em plenitude e sem a necessidade egocêntrica e egoísta de vilipendiar outras verdades. Você deve viver o que acredita, isso é fundamental para o seu bem estar; mas se sua verdade exige que todos sigam a sua verdade é provável que você esteja equivocado. E de nada adianta esconder-se atrás de sua divindade, de seu livro sagrado, ou de sua teologia, o maior dom da verdade é a liberdade. Léon Tolstoi assim expõe, com muita propriedade, “não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.”
Tomando uma citação de Jesus “a verdade vos libertará”. Quando buscamos o conhecimento, as sombras da ignorância se diluem, sem ignorância desfaz-se o preconceito e a discriminação.
Muitas vezes nos digladiamos por acreditarmos detentores da verdade. Há uma sentença de Irosun Meji que diz: “ninguém conhece tudo o que existe no fundo do mar”. Friedrich Nietzsche tem também um pensamento interessante: “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.
Saibamos o que nos compete nessa frágil e fugaz vida sobre a Terra. Saibamos semear o bem, a paz e a alegria onde estivermos. A religião, a crença, a cultura de cada um deve ser preservada!
Enquanto o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado por seguir a fé cristã. Diocleciano sentiu-se traído, e buscou fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião resistiu.
Diocleciano ordenou, então, aos seus soldados para que o matassem a flechadas. A determinação foi cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, o amarraram a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.
Ao anoitecer, Irene, esposa de Castulo, dirigiu-se ao descampado, para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Surpreenderam-se ao perceber que ainda estava vivo. Desamarraram-no, escondendo-o na casa de Irene, cuidando de suas feridas. Restabelecido, São Sebastião quis continuou seu processo de evangelização, conforme sua crença.
Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma.
Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas por volta do ano 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram transportadas para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje.
Em razão do sincretismo religioso, em alguns terreiros associou-se São Sebastião a Oxóssi.
Oxossi é o rei de Keto, filho de Oxalá e Yemanjá, ou, nos mitos, filho de Apaoka (jaqueira). É o Orixá da caça; foi um caçador de elefantes, animal associado à realeza e aos antepassados.
Oxossi vive na floresta, onde moram os espíritos e está relacionado com as árvores e os antepassados. As abelhas pertencem-lhe e representam os espíritos dos antepassados femininos. Relaciona-se com os animais, cujos gritos imita a perfeição, e caçador valente e ágil, generoso, propicia a caça e protege contra o ataque das feras.
O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.
Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Oxossi o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio.
Através dessas poucas letras percebemos a teia de relações ser cuidadosamente trançada. As crenças, mitos e rituais vão assimilando, de maneira natural e intensa, gerando novas formas de culto, embora a essência se preserve. A fé se renove.
Oxóssi, como dito, vem da Nação Keto. Podemos também citar Ngunzu: - que engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra. Outros cultos de várias nações também se fortaleceram. Entre os Tshokwé, o primeiro caçador mitológico de todos os tempos foi Kawa ka Tschimbundu, considerado um Hamba poderoso prescrito pelo "Tahi" (Adivinho) na maioria das vezes em que há necessidade de harmonizar o caçador.
Mutá é um Hamba encontrado entre os Tschokwé, no qual aparece como uma divindade dos caçadores terrestres. Sua representatividade é um cão, aquele capaz de farejar a caça, companheiro inseparável dos caçadores e que também recebe Itumbu (Filtros mágicos) para adentrar as matas.
Não podemos deixar de registrar o Nkisi caçador, que habita as florestas ou montanhas, o responsável pela fartura, pela abundância de alimentos: Mutalambô e Burugunzo. Suas cores: verde para Mutalambô e Burungunzo, e verde, azul e amarelo para Gongobira, sua saudação: Kabila Duilu – Kabila.
À medida que avançamos encontraremos diversas outras relações, modeladas através desse encontro de diferentes culturas em terras brasileiras. Essa troca efusiva gerou características ímpares nas religiões que germinavam.
Se pensarmos em toda essa riqueza cultural surpreende-nos a intolerância religiosa que parece tomar proporções assustadoras nas redes sociais, canais de televisão e dentro de vários cultos. Em pleno século XXI depois de tantas experiências vivenciadas: cristãos perseguidos e mortos, índios dizimados, negros escravizados entre tantos outros registros históricos: depois das Cruzadas, Noite de São Bartolomeu, tivemos na década de oitenta, a determinação xiita do Irã - "o governo de Deus na terra" - que os crentes da seita baha'i que não se convertessem ao islã fossem mortos. Quantos outros exemplos podemos capturar ao longo da história de cada povo? Isso nos deve remeter ao aprendizado, ou corremos o risco de materializarmos no futuro novos Campos de Concentração ou a instituição de uma Guerra Fria Religiosa que insufla a discórdia, julga e condena, mais uma vez de forma inconsciente e em nome de Deus!
Urge hoje ouvirmos nossos ancestrais, o ensinamento dos Avatares, dos Grandes Mestres, e colocar em prática a empatia. Todas as crenças nos remetem à caridade, solidariedade, fraternidade, qual a razão que nos impulsiona a acreditar que minha religião agrada mais um Deus do que outra, que esse povo é escolhido em detrimento de outro, que a verdade existe para essa e não para a outra, que esse culto é evoluído e outro é primitivo?
Podemos nos remeter a um livro sagrado como a Bíblia, o Alcorão, o Bhagavat Gita, o Torá, o Tripitaka, o Abhidhamma, o Mahabharata, o Guru Granth Sahib, o Kitáb-i-Aqdas, entre outros. Qual diz a verdade? Qual deve ser seguido? E se não há um livro sagrado? Se a religião se fundamenta através da tradição oral?
Quero que esse dia de Oxóssi e dia de São Sebastião, seja um dia de acolhimento, de respeito, de verdadeira prática do amor ao próximo – que não é cristã, budista, umbandista...o amor é universal!
Hoje também se comemoram os caboclos. Isso integra todo território brasileiro.
Sonho que cada um possa viver a sua verdade, sabendo que a verdade possui nuances e que para viver sua verdade basta estar em harmonia com ela, aceitá-la, vivê-la em plenitude e sem a necessidade egocêntrica e egoísta de vilipendiar outras verdades. Você deve viver o que acredita, isso é fundamental para o seu bem estar; mas se sua verdade exige que todos sigam a sua verdade é provável que você esteja equivocado. E de nada adianta esconder-se atrás de sua divindade, de seu livro sagrado, ou de sua teologia, o maior dom da verdade é a liberdade. Léon Tolstoi assim expõe, com muita propriedade, “não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.”
Tomando uma citação de Jesus “a verdade vos libertará”. Quando buscamos o conhecimento, as sombras da ignorância se diluem, sem ignorância desfaz-se o preconceito e a discriminação.
Muitas vezes nos digladiamos por acreditarmos detentores da verdade. Há uma sentença de Irosun Meji que diz: “ninguém conhece tudo o que existe no fundo do mar”. Friedrich Nietzsche tem também um pensamento interessante: “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.
Saibamos o que nos compete nessa frágil e fugaz vida sobre a Terra. Saibamos semear o bem, a paz e a alegria onde estivermos. A religião, a crença, a cultura de cada um deve ser preservada!
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