"Sofremos demais por causa do pouco que nos falta e alegramo-nos pouco com o muito que temos". (Shakespeare)
trago em mim a memória do tempo
que trago num único momento
desprovido de emoções e sentimentos
olhar pacífico de quem fita o distante
quase malicioso e desconcertante
ritmo desengonçado da vida
rindo das próprias tolices e culpas
que invariavelmente modelamos
em quedas naturais e absurdas
decisões inseguras que protelamos
errar, acertar, tentar, recomeçar
por que a alma humana tanto teme
aquilo que somente a faz avançar ?
oh tempo, oh querido tempo
em camadas de solo nos ocultas
vasta história de dúvidas e certezas
de mesmas perguntas que se mantém acesas
de mesmos sonhos dormentes cultivados
tempo que indelével apaga a história
reescreve, reinterpreta, reinventa
transformando em nuvem de tormenta
uma simples brisa que na flor se apóia
olho para trás os muitos anos
fitando sorridente as muitas vidas
que se encadearam belas e sofridas
aglomeradas num mundo tacanho
de peças fragmentadas e coloridas.
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