Em poucos segundos podemos nos conectar a qualquer pessoa em qualquer canto do planeta. Através das muitas redes sociais podemos nos reencontrar com amigos e conhecidos que não vemos há anos. Podemos conhecer pessoas e vemos as notícias chegarem a nós instantaneamente. Ultimamente assistimos a explosões de sucesso bastando postar um vídeo no youtube. O mundo virtual aderiu-se as nossas vidas, certamente poucos não dependem da internet. A maior parte dos trabalhos, nos mais diversos setores, dependem hoje deste mecanismo que se expande a cada dia.
Paradoxalmente, mediante toda esta efusão e conexões com o mundo, as pessoas mergulharam em uma curiosa solidão. Navegam incessantemente pela internet, visando sites dos mais diversos a procura de alguém. Por outro lado, as próprias relações tornaram-se virtuais. Alguém pode não te cumprimentar durante o dia e enviar mensagens entusiastas horas depois...Por outro lado, até mesmo os contatos sexuais tornaram-se mais intensos pela webcam.
Curiosamente, quando nos utilizamos de redes como o facebook, badoo, orkut, sonico e tantos outros logo aparecem mensagens do tipo “você é casado ?”, “você gosta de homens?”, “você gosta de mulheres ?” quando não surgem solicitações mais diretas como “me passa teu celular”, “você quer sair comigo hoje” e assim por diante. O mais curioso é que não se busca conhecer, o objetivo imediato é tentar driblar a insistente solidão com um encontro rápido ou pela cam. Para muitas pessoas torna-se incompreensível você fazer parte de redes sociais apenas para fazer novos amigos ou manter-se ligado aqueles que já o são.
Creio que seja interessante pensarmos para onde caminham as relações interpessoais, tão comentadas e parte de tantas palestras motivacionais. É provável que tem se tornado complexa a própria relação da pessoa com ela mesma, tão mergulhada no mundo virtual que criou para si. As pessoas estão se tornando cada vez mais vazias, superficiais e provavelmente não tem se apercebido disso, levadas apenas pelo fluxo da maré, num curioso “Maria vai com as outras” e isso leva a buscar preencher o vazio com momentos cruciais de prazer virtual ou fortuito encontro físico.
Não estamos aqui tratando dos conceitos frágeis e flexíveis de moral, uma vez que ela sempre se adaptará as tendências, mas refiro-me ao próprio ser humano e sua construção, a busca de sua real auto-realização.
Os contatos furtivos sempre ocorreram na corte ou na taverna. Historicamente conhecemos inúmeros casos de pessoas solitárias ou pessoas que buscavam o deserto para estarem sós. Hoje muitos caminham em seus próprios desertos interiores.
A internet se revela a cada dia também uma oportunidade inigualável para expor intimidades. O antigo diário fechado na gaveta agora é escrito e compartilhado para que muitos leiam. O importante é ser impactante, com uma saborosa dose de escândalo e sensacionalismo.
Enquanto isso, no mundo real, elefantes continuam sendo exterminados para fornecerem o marfim, os rinocerontes para ofertarem seu chifre, pessoas morrem famintas, a inflação cresce, cada vez menos despontam cientistas e lideranças que marcam a história.
Também não se entenda minha posição contrária a internet, afinal neste exato momento estou fazendo uso dela, preocupa-me para onde caminha a humanidade. Algumas vezes sinto-me nos últimos momentos da Idade Média, esperando ansiosamente a Renascença.
As luzes do intelecto se apagaram. Precisamos de uma nova era das luzes, que reconduza cada um ao encontro consigo mesmo, que fortaleça em cada um uma visão holística e que preencha o vácuo interior com uma maravilhosa conexão consigo mesmo.
Amigo vc descreveu exatamento o que sinto desse mundo virtual, continuamos cada vez mais sozinhos em busca de encontrar sai da solidão...aqui estou na mesma situação...bj no teu coração
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